domingo, dezembro 25, 2005

Natal e Circo II

Eu confesso: nunca gostei de circos.

Não sei se pelos animais, que toda a gente vê que são maltratados e mal nutridos (salvo raras, raríssimas excepções, mas que mesmo assim não invalidam o facto de serem animais selvagens em jaulas de dois metros quadrados, se tanto), e ninguém faz nada. Se for preciso, são capazes de ir chatear um tipo que tem uma avestruz no seu quintal em Sobral do Monte Agraço (ali ao pé do parque infantil da Tide), mas nos animais de circo, ninguém quer saber! E já nem falo na águia do benfica... Ok, ok, os benfiquistas que lerem isto (das duas ou três pessoas que lêem, pela lógica dos 6 milhões, duas, ou melhor, uma e três quartos, serão benfiquistas) hão de dizer que há muita gente que trabalha legalmente com falcões, e está licenciada para tal e mais não sei quê. Bom, suponho que a águia (nem sei se já é mesmo águia, durante muitos anos foi um falcão com problemas de identidade...) há de fazer outras coisas. Apanhar ratos em alguma plantação, ou afastar as gaivotas do aeroporto da Portela. Isto porque duvido que a tenham só para dar uma volta ao estádio ao domingo...

E já repararam bem nos palhaços??? As crianças que gostam daquilo não podem crescer normais!!! Senão vejamos: por um lado, estamos a falar de homens de barba rija, que a rapam, colocam umas vestimentas rotas ou luxuriosas e vistosas (palhaço pobre/rico), e se maquilham! Ainda por cima pintam a cara de cremezinho branco (o palhaço rico). Isto não é uma clara exortação ao espírito gay??? Homens maquilhados até à ponta dos cabelos! Comparem um palhaço rico com os tipos do filme "Priscilla, raínha do deserto", só falta a cabeleira farta, porque a roupa até chumaços nos ombros tem! Cá pra mim, não há dúvidas, o palhaço rico, no mínimo, foi a inspiração clara para os actuais metrosexuais, e há de ter sido responsável por muito bom rapazito se ter confundido com a sua orientação sexual ao descobrir as pinturas da mãe na casa de banho no dia seguinte à visita ao circo...

Mas não é só isso! Reparem que somos ensinados, desde muito pequenos, a achar imensa piada quando um palhaço "acerta" um estaladão no outro! Se isso não é incitamento à violência, não sei o que é! Ainda dizem que a culpa de tanta violência hoje em dia é dos telejornais??? É dos circos, sim senhor! Ainda por cima tem mais piada quando é o palhaço pobre a acertar o pêro no palhaço rico, ou seja, é o combate às injustiças sociais através da pura e dura pancadaria. Passados uns anos, a coisa evolui até aos "Isto só vídeo"'s, em que nos rimos quando um pobre coitado acerta uma traulitada numa porta de vidro, ou leva um coice onde dói mais. A um nível mais profissional, chegados a adultos, a coisa inverte-se: começa tudo à porrada, e quando alguém fala em conversações e diplomacia, aí é que os adultos se riem à brava...

Natal e Circo I

Porque raios é que no Natal há sempre um circo às portas de cada terreola? Dá ideia que só há circos no Natal! E multiplicam-se nesta altura!

Lembro-me de, há muitos anos, era eu um singelo petiz, ir ali à Praça do Império, na entrada da Foz do Douro, ver um circo cujo nome já não me recordo bem. Talvez fosse o "Circo Leandro". Era assim um nome próprio. O curioso da coisa é que todos os intervenientes no circo eram as mesmas pessoas, era uma família de 3: pai, mãe e filho adolescente. Faziam tudo, desde cobrar as entradas até todos os personagens do circo! O pai tanto fazia de fantástico ilusionista como de domador temerário, sendo que a única coisa que mudava era a roupa e um bigode postiço que não enganava ninguém. O filho também domava uns terríveis caniches, e a certa altura aparecia com fita-cola nos olhos, a fazer de exímio trapezista chinês, que dava umas cambalhotas no meio da pista, apelidadas de "perigosíssimos saltos mortais"... Já a mãe, tanto era a contorcionista que muita dificuldade tinha em por a perna atrás das costas, como a assistente do ilusionista, sendo perfeitamente visível que não lhe pagavam o suficiente para fazer uma pose artística enquanto o marido atirava catanas à volta do corpo. Ah, e nos intervalos, sempre demorados para o homem mudar a roupa e colocar/tirar o bigode, lá aparecia ela a vender amendoins e chocolates...

sábado, dezembro 17, 2005

Festas Natalícias

Aaahhhh, meados de Dezembro... É a época das compras natalícias, dos aglomerados populacionais desmesurados nos shoppings...

Mas, mais importante que isso, é a época dos encontros de Natal da empresa! Que bom é ver toda a gente que não conhecemos de parte nenhuma, porque é filho ou conjuge do colega. E que bom é ver a mesa de sobremesas a desaparecer num ápice, com o pessoal a colocar tantas fatias no prato, que quando chega à última, já perdeu o prazo de validade. E as prendinhas... aahh, as prendinhas... os putos todos a acotovelarem-se para chegar mais rápido à frente, para poderem esperar que seja dito o seu nome (ou o do pai/mãe).

Mas não me parece mal esta confraternização. Ainda pra mais na minha situação, tendo deixado a empresa há pouco tempo. Serviu como oportunidade para rever pessoas que me são realmente queridas. Bem como outras que nem por isso, mas faz tudo parte do bolo...

Claro que depois há sempre o pessoal que bebe uns copos (ou melhor, umas garrafas) a mais, outros que pedem mais umas garrafitas prá mesa, para as poderem meter dentro do casaco, aqueles que acham que a comida é uma porcaria, mas repetem o prato, porque "dá azar deixar comida na mesa", os que acham que a festa "podia ser melhor, eu fazia muito melhor que isto", mas esqueceram-se disso quando se pediram sugestões alguns meses antes, e os que olham insistentemente para a mesa da presidência, a ver quando é que o chefe reparará neles, altura em que certamente virá cumprimentá-lo pessoalmente e deixar os colegas todos boquiabertos de inveja ao referir "sim, eu sou íntimo do doutor", etc.

E os empregados, às vezes pergunto-me se eles terão formação comportamental. Um pousa a travessa na mesa e diz "sirvam-se!". Mas no geral são sempre simpáticos. Será que no curso têm um módulo "como lidar com comezainas difíceis"? Certamente o conteúdo abordaria temas como "Como resistir ao enfiamento do garfo no pescoço do tipo que apalpa o rabiosque das empregadas", ou ""Como servir vinho a 40 cm de altura sem salpicar os convivas"(cadeira com muito chumbos, eu diria...), ou ainda a mais importante, e que causa sempre inveja e comentários do género "eu também sei fazer aquilo", "Como servir comida usando duas colheres como pinça". Quantos de nós não tentam usar os talheres em casa como pinça, principalmente depois de ter ido a um restaurante onde servem assim?

Ah, e naqueles locais onde há 3 copos perfeitamente alinhados geometricamente, e se, ao utilizarmos um e colocarmos apenas 3,5 mm ao lado da posição inicial, aparece num ápice o rapaz a recolocar na posição correcta?

Confesso que me irrita um pouco ter pessoal a servir a comida e bebida. Nomeadamente quando acabo de beber, deixando o copo vazio, sem intenções de beber mais. Tem que se repetir a 4 ou 5 pessoas que passam por ali e pegam na garrafa que "não, obrigado, não quero mais", enquanto se coloca, delicadamente, a mão a obstruir o caminho da garrafa para o copo. E quando o tipo põe pouca comida no prato? É que a pessoa fica a pensar "hmm... peço para colocar mais um pouco de carne? Oras... se o fizer, o pessoal pensa que não como em casa, ou que como que nem um alarve, o empregado provavelmente pensa que vou levar comida para casa... mas se não o fizer, fico aqui com uma fominha, que em pouco tempo me proporciona ruídos guturais no abdómen...". É um dos dilemas actuais da humanidade...

terça-feira, dezembro 13, 2005

A Fúria Natalícia

Anteontem estava num hipermercado, a comprar algumas coisas lá pra casa, na sua maioria artigos de limpeza, e lembrei-me de ir ver se arranjava uma arvorezita de natal, em ponto pequeno.

Infelizmente, embora estivesse lá indicado o preço de 3,99€ para uma árvore de 1,20m (o que me chegava perfeitamente), não havia nenhum exemplar para levar, o expositor estava repleto de árvores bem maiores, e bem mais caras.

À minha frente estava uma família. Pai, mãe e dois filhos menores, um com uns 8 anos, outro com uns 3 ou 4.

Puto + novo: - Pai, pai, quero ir à casa de banho....
Pai: - Não queres nada, tá mas'é calado!
P+n: - Pai, pai, quero mesmo ir à casa de banho! Quero ir fazer xixi!
Pai: - Tá caladinho que 'tamos aqui a ver uma coisa.
Mãe: - Vai lá levar o puto à casa de banho, carago.
Pai: - Porras, anda lá mijar então, carago.

E é vê-los, a ir alegremente pelo hiper fora, pai esbaforido agarrando na mão o seu petiz, que escorrega de costas pelo chão do hipermercado com ar assustado. Provavelmente, chegou ao WC e disse que já não era preciso, porque já tinha feito pelo caminho...

É isto, meu povo. Esta fúria consumista que invade toda a gente por esta altura. Ainda pergunto, volta e meia, se realmente é preciso uma "desculpa" como o Natal para se dar uma prenda a alguém de quem se gosta. Mas depois lembro-me que, provavelmente, a maior parte das prendas que as pessoas dão até são a pessoas que "nem devia dar-lhe nada, mas senão o fizer arranjo chatices com a família ou com o fulano de tal...". Benditos cheques-disco...

domingo, dezembro 11, 2005

Cessna

Há pouco tempo, comemorou-se o 25º aniversário do falecimento de uma pandilha, que ia em alta borga num Cessna, lá para os lados de Camarate, quando alguma coisa correu mal e ops, lá foram todos ter com o Criador.

Eram pessoas importantes? Com certeza. Um ou outro fazem falta ao panorama político português? Muito provavelmente. É necessário recordar exactamente as mesmas coisas todos os anos??? Nem pensar!!!!!

Pelos vistos, a 8ª Comissão de inquérito decidiu que foi atentado. 8ª? 8ª?????? De quantas precisam???? Será que faz parte do programa eleitoral de qualquer partido, quando chegar ao poder, criar uma Comissão de Inquérito ao desastre de Camarate? Hmm... dá-me ideia que, daqui a 15 ou 20 anos, vemos uma jovem pivot de telejornal abrir o "Jornal da Noite" com a notícia "A 17ª Comissão de Inquérito ao acidente de camarate concluiu que se tratou, de facto, de um atentado, mas o caso foi arquivado definitivamente porque todos os implicados já morreram de velhice."

Este ano lá arranjaram uma reportagem com a tal nórdica de nome esquisito, como quem dá um espirro (Snu). Espanta não terem arranjado histórias sórdidas de amor e paixão, e ménages a trois entre o Sá Carneiro, a dita-cuja e o Adelino Amaro da Costa. Já agora, metiam os pilotos do avião ao barulho, e estava explicado o motivo do acidente! Para o ano, o que será? Talvez a história de sexo ardente da senhora que morava no prédio ao lado da pastelaria próxima do local da queda do Cessna. Hmm... falar em sexo faz-me lembrar a versão SIC do Crime do Padre Amaro. Será que afinal o Amaro era o outro, e "Padre" era só nome de guerra?!?!? Está tudo explicado!!!

A ver vamos no que reserva o próximo ano...