sexta-feira, março 23, 2007

Diácono Remédios da Publicidade

Ontem vi um cartaz publicitário a uma conhecida empresa de artigos de escritório, cujo nome em português, traduzido à letra, quer dizer "Centro de Escritório Agrafos".

Nos tempos idos do antigamente, chamava-se apenas "Centro de Escritório", mas depois fundiram-se à "Agrafos", uma das maiores empresas mundiais dessa área.

Aliás, o pavilhão dos Los Angeles Lakers, famosa equipa da NBA (camp. basquetebol americano), tem o patrocínio dessa empresa. Tem mesmo o nome oficial de "Centro de Agrafos". Também lá joga uma equipa de hóquei no gelo, e não estou agora recordado se uma outra equipa menor da NBA lá joga, que dá pelo nome de "As Tesouras de Los Angeles" (LA Clippers). Ou seja, as tesouras jogam no Centro dos Agrafos. É, está relacionado.

Mas o que me chamou a atenção foi o conteúdo do anúncio. Tinha um casal num abraço e beijo apaixonado, com o seguinte texto: "O prazer da impressão e da cópia".

...

"O prazer da impressão e da cópia"??? Com uma cena apaixonada? Que raio é isto?

Faço minhas as palavras desse grande Garante da Justiça e Bom-Senso, o Diácono Remédios: Oh meusj amigos-je, não havia necessidade...

Que raio de prazer se tira de fazer uma impressão ou tirar uma fotocópia??? Será que andei a perder alguma sensação agradável estes anos todos? Será que é por isso que se vê tanta gente a tirar fotocópias das mãos, ou pior, baixar as calças, sentar-se em cima da fotocopiadora e carregar no botão de cópia? Aquilo dá tusa?????

Será que quando se pede para tirar frente e verso, levam-nos ao orgasmo total???

Hmm... vou-me lembrar disso, na próxima vez que for ao Centro dos Agrafos...

segunda-feira, março 19, 2007

Health Clubs - not so healthy

Estou inscrito num Health-Club.

É pertinho do local onde trabalho, o que é o mesmo que dizer que é a 60 Km de casa. Saio do emprego e vou lá "puxar ferro".

Inscrevi-me há quase 1 ano, aproveitando uma promoção, e junto com um colega. Como partilhávamos o carro, vindo do Porto, também lá íamos juntos. Mas fazíamos questão de não nos vestirmos demasiado junto um do outro, para não parecer uma coisa muito gay.

Ia lá 2x por semana, até Setembro.

Em Setembro, coincidiram duas questões: por um lado, o rapaz saiu da empresa e foi trabalhar para longe, pelo que cancelou a inscrição no health-club; por outro lado, entrou muita gente, fruto da campanha promocional do espaço, para angariação de novos clientes.

Ou seja, de um momento para o outro, fiquei sem companhia, e vi-me na obrigatoriedade de partilhar os balneários com imensa gente, dos 8 aos 80.

Não tenho grandes problemas com o meu singelo corpito, mas confesso que me sinto algo estranho numa sala cheia de homens nus. É inevitável reparar como alguns se preocupam em trocar de roupa o mais rapidamente possível, enquanto outros gostam de o fazer vagarosamente... com calma... exibindo as suas protuberâncias... como se fossem o rei da selva... e isso enquanto examinam as dos outros!

Além disso, entraram muitos idosos, principalmente para as aulas de natação. E estar como vim ao mundo, e dar um toque rabiosque com rabiosque com um senhor de 75 anos, não é muito agradável. Pior seria se o homem olhasse para mim com um sorriso, enquanto levantava o sobrolho e dizia "que tal, hmmm?"...

Ou seja, vou cancelar a inscrição...

sábado, março 17, 2007

Mais sinais dos tempos...

Esta semana tive mais uma revelação de que os anos vão passando, e não estou a ficar mais novo... bem pelo contrário...

Seguindo o habitual ritual de higiene diária, que inclui o duche completo, e durante este, reparei que me nasceu mais um cabelo branco.

Quem me conhece acha estranho, porque tenho muitos, e não notaria o nascimento de mais um.

Só que este é na zona púbica!

Caraças, um cabelo branco na zona erógena...

Não há dúvida, é daquelas coisas que nos fazem pensar "porras, tou mesmo velho!!!".

O que se segue? Começar a procurar lares de 3ª idade? Inscrever-me na Universidade Sénior? Começar a olhar com outros olhos para os anúncios das revistas, de aparelhos auditivos? E de dentaduras postiças???

Oh balhamedeus, e pensar que ainda tenho mais 36 anos de pagamentos da casa...

Estou a imaginar a próxima vez que estiver com uma rapariga. Sim, estou a falar de "estar" com uma miúda, ali no calor tórrido da noite (ou do dia, ou do lusco-fusco... quando for!), e ela reparar no cabelito branco, ali isoladito no meio do negro dos compinchas capilares. Provavelmente, solta uma de duas opiniões:

1 - "Epá, afinal o teu cabelho grisalho não é pintado!!!"
2 - "Txiiii, deixaram-te sair do lar hoje, foi? No teu tempo, quando se dava uma ainda era com PH???"

Sinceramente, prefiro a primeira opção...

quarta-feira, março 07, 2007

Karaokemania

Bom, falando de coisas menos sérias...

No sábado passado fui a um bar de Karaoke.

Que maravilha. É coisa de que não gosto desde o 1º a que fui.

Será pelo pessoal que canta mal no chuveiro a tentar disparar balas sónicas em todos os sentidos, à espera que alguém ouça o apelo por atenção e os internem num sanatório, onde podem ter toda a atenção que quiserem?

Ou será por estar a curtir uma musiquinha porreira, porque nos intervalos dão sempre música comercial conhecida, até quiçá a abanar um pouquinho o capacete, para ser tudo interrompido abruptamente por um "E agora, Paula e Liliana para cantar Mafalda Veiga". E volta a música comercial mais uns segundos até surgirem as miúdas, com trajes 3 números abaixo (nota-se pelo raio de curvatura do pneu à vista entre o top e as calças). E acaba outra vez para se ouvirem os primeiros acordes da música da Mafalda Veiga "Sei de cor... cada lugar teu", que as cantoras falham, invariavelmente, por ainda se estarem a rir para a plateia que admira o pneu.

Ou será talvez quiçá por aparecerem sempre pessoas que cantam à brava, e levam aqueles que têm consciência que cantam mal e porcamente (como eu) a pensar "bem, se eu vou agora, é para fazer figuras tristes... e para isso preciso de beber mais 3 ou 4 whiskeys..."

Convenhamos, a maior parte das vezes, ir a um bar de karaoke é como entrar numa daquelas audições do Ídolos, só que sem júri maldizente. A mim, ocasionalmente, apetece-me berrar "cantas tão bem como um gato quando se entala debaixo da roda de um carro!"...

E olhava eu pela janela, e via o pessoal a entrar no Sá da Bandeira para o Baile dos Vampiros... Oh, suspiro...

Karaoke... maldita invenção!!! Seria de esperar que fosse apenas uma moda, como os tamagotchi, mas passados 10 ou 15 anos, ainda continuam, como os coelhinhos Duracell...

Croissants e Recordações

Hoje à tarde, por alguma combinação de odores (provavelmente mistura de aroma de fossa séptica, com alcatrão molhado pela chuva, com perfume de gabinete abafado), veio-me à cabeça o aroma de um croissant fresquinho.

Mas não um croissant qualquer, um dos feitos na Raínha da Foz, uma confeitaria ali perto do Mercado da Foz.

Pessoalmente, até acho que os da Docemar (na Av. Brasil) são melhores, mais saborosos, mas já há algum tempo que prefiro os da Raínha. Mas nunca soube porquê.

Hoje à tarde apercebi-me do que talvez possa ser a razão dessa preferência.

De repente lembrei-me que os croissants da Raínha são bastante parecidos com os que se faziam há 20 anos na Chaleira, um salão de chá ali no Foco.

E era para lá, para o Foco, que eu ia todas as tardes, para casa da minha avó, quando acabavam as aulas da primária. E todos os dias ela me preparava um lanche, que incluía sempre chá, acompanhado ora com torradas, pão fresco, ou croissants.

Como eram bons esses croissants. Preparados com todo o carinho e amor que uma avó dá a um neto.

Já na altura eu apreciava esses lanches.

Mas hoje é que sinto falta deles...

Sinto imensa falta desses lanches, dessas tardes passadas em casa dela, a ver o Barrio Sesamo na TVE, a ouvir as histórias que ela contava, das recordações que ela tinha, que burro fui eu por não as ter aproveitado melhor.

A minha avó paterna faleceu há 3 anos. A avó materna ainda está aí prás curvas, e adoro-a. Mas tenho imensas saudades da outra.

Paciência, hei de lhe dizer isso em pessoa qualquer dia.

E a vida continua.



PS: Nota-se que sou filho único mimalho, não? ;)

quinta-feira, março 01, 2007

O Fantas!

Esta é a semana do Fantas.

Ah, o Fantas, a grande manifestação cultural do Porto. Essa montra de grande cinema.

Ou não, muitas vezes não se vêem filmes de jeito, mas a malta curte na mesma.

O que interessa é a festa, é o ritual. Se bem que os rituais já não são como antigamente.

Antigamente, era uma mole humana na entrada do Carlos Alberto, ali no final de Cedofeita, a tentar obter um bilhete. Era uma altura em que se viam filmes que de outra forma, raramente veríamos no circuito comercial. E apesar do Fantas sempre ter tido filmes ditos "normais", ou seja dramas, romances, comédias, o forte sempre foi o cinema Fantástico, o que não quer dizer necessariamente filmes de terror.

Como diz o outro, já fui muito feliz no Fantas... Lembro-me de ver os filmes da série Hellraiser no Rivoli, numa idade em que já não cabia nas cadeiras, e saía de lá com as pernas doridas por isso mesmo. Aaahhh, que felicidade.

Ainda há dois anos fui entrevistado para a RTP, à saída do filme da sessão de abertura. Claro que desperdicei os meus 10 segundos de fama ao engasgar-me e não dizer nada de jeito.

Há 3 anos vi um filme sobre um psicopata, que foi apresentado pelo próprio realizador e actor principal, um inglês com ar sinistro que dizia que depois do filme nos ia seguir até casa...

Este ano, a 27ª Edição, está mais comercial, sem dúvida. Mas não deixa de ter aquele encanto. O ponto alto terá sido, com certeza, a prestação do grupo de sopro na sessão de abertura, quais Gato Fedorento em versão "assopro no clarinete".

Só espero que siga por muitos e longos anos. E que a maldita e incompreensível política cultural do Município não deite a perder todo o historial e prestígio que este pequenito festival de cinema já grangeou em 27 anos.

Sim, escrevi "grangeou" porque apeteceu-me colocar uma palavra cara. Não por ter alguma coisa a ver com o Pedro Granger...