terça-feira, janeiro 29, 2008

Manchésta

No final da semana passada, tive que ir a Manchester, a uma reunião com um cliente.



Por acaso, não se arranjou vôo de regresso no mesmo dia, pelo que acabei por ficar lá na 6ª à noite, para voltar no sábado de manhã.



Bom, pensei eu, já que estou aqui, não perco nada em ir para os locais "da noite", ver como se divertem os bifes. Afinal, para turismo, aquilo tem muito pouco que ver. Valha a sorte do meu quarto de hotel ter vista directa para o estádio do Manchester United, o grande ponto turístico da zona...


Perguntei ao rapaz da recepção onde se comia (porque ainda não tinha jantado) e se divertia naquela terra. Foi muito prestável, indicou-me as principais zonas de lazer num mapa que até indicava onde era a zona gay. Muito bom, para me manter afastado... Armado em inocente, ainda perguntei se a "gay area" era por ser alegre, ou se era mesmo de bichonas...

Fui jantar a uma cadeia de restaurantes de frango, alegadamente portuguesa, a Nando's. Franguinho assado, não propriamente à nossa moda, mas adaptado ao gosto inglês, ou seja, cozinhado sem tempero, com um molho quase intragável em cima. Mas o restaurante tinha várias referências a Portugal, inclusive na ementa, o que achei engraçado. Fazia bastante referência ao Piri-Piri, só que lá chamam-no de Peri-Peri, para que um inglês pronuncie de forma semelhante à nossa.

A minha mesa era virada para a rua, e isto numa zona de bares e restaurantes coberta, pelo que fiquei a observar o pessoal cá fora. Estariam uns 9 ou 10ºC...

Mas mesmo assim, as miúdas saíam para a rua de mini-saias mais curtas que cintos, pernas bem destapadas, rachas de vestidinhos até ao umbigo, costas branquelas a descoberto! Mas eram imensas, quase todas vestidas dessa forma.

Nesta altura, pensarão alguns "epááá, que sorte que este gajo teve!". Não vejo a coisa assim...

Não me atraio (nem excito!) por adolescentes ou pré-adultas seminuas a tiritar de frio (até o alcool fazer efeito... porque por volta das 00:00 ou 00:30 já se viam imensos bifes marinados em cerveja).

Por mim, continuo a dizer: prefiro ver miúdas bem vestidas do que mal despidas...

E não, não vi o Cristiano Ronaldo...

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Es el Rock, coño!

O messenger tem sempre alguns anúncios na zona inferior do ecrã principal. (já agora, quem disser que o messenger vai passar a ser pago: é treta).

Entre a publicidade, aparecem conteúdos do site da Microsoft Network, dedicada aos aspectos lúdicos da vida (como o messenger) - a MSN.

Normalmente preenchem aquilo com pedaços de vídeos soltos na net, excertos de programas de televisão, "teasers" de documentários, trailers de filmes, etc.

Oras... ontem tinha lá um pequeno apontamento humorístico sobre um cantor que cai do palco abaixo, enquanto a banda continua a tocar e o próprio cantor a cantar (que supostamente seria ao vivo e afinal era playback).

Oras... isto poderia ser apenas mais um episódio para nos lembrar dos saudosos Milli Vanilli, se não fosse por ligeiro pormenor...

É que o programa era o sorteio do Euromilhões, na TVI, e quem cantava eram os Squeeze These Please, banda de jovens tugas com um single muito tocado nas rádios, hoje em dia.

Tanto no texto do site da MSN como o comentário do próprio locutor (do programa Oddball, uma espécie de apanhados reais) mencionam a banda como espanhola ("This is the Spanish rock group..."), e o próprio programa como "some kind of european MTV"...


Cum catano... estes americanos ainda se queixam de ser alvos de atentados???

Vou até alláh e já venho...

Não é habitual mencionar assuntos mundanos nestas pequenas pérolas de cóóóltura que deixo para a humanidade, mas é inevitável falar de um assunto que tem andado por todos os telejornais.

Não, não vou falar das cenas de quase-pancadaria dos jogadores do Benfica em pleno jogo...

Tem andado nas notícias a questão dos terroristas em Portugal, e do atentado iminente.

Oras, algumas coisas a reter...

- Se quiserem encontrar terroristas, é só aguardar um pouco à porta de casa do Almeida Santos. Um homem que insulta a nação portuguesa só porque muitos preferiram ir para a praia em vez de votar num bando de inúteis (numas eleições, há uns anos atrás), e que apresenta como argumento da Ota a possibilidade (ou facilidade) de dinamitar uma das pontes sobre o Tejo, só pode ser um alvo para aconselhamento por qualquer aspirante a mártir por Allah. Devem fazer fila à porta de casa do idoso, para uma consulta sobre os alvos estratégicos do país. Bom, pelo menos, que se concentrem por Lisboa...

- Quando se fala em "perigo iminente", é óbvio que é necessário ver isso no contexto adequado. Estamos em Portugal, onde algumas das frases mais famosas e repetidas por todos são "estou já a ir para aí", ou então a famosíssima "estou mesmo a sair de casa!!!". Claro que a frase raínha do vernáculo luso é a indescritível "são só 5 minutos!!!". Ou seja, um "atentado iminente" é coisa para acontecer lá para 2012, ou mesmo na altura dos Jogos Olímpicos de Lisboa.

- Um atentado em Portugal? Atentado suicida? Será que um árabe que venha a Portugal demora muito tempo a descobrir que as não-sei-quantas virgens que lhes prometem não podem ser portuguesas? É que virgens, em Portugal, convenhamos que não há muitas. Basta ir a uma disco à noite, e ver como a grande maioria das mulheres jeitosas (e dos homens, já agora...) se comporta como se fosse de tal forma experiente que escolhe a dedo aqueles a quem ir pedir uma bebida.

- E claro, assim que o mártir muçulmano rebentasse a bomba, aparecia-lhe o espírito do Sócrates, a informar que, lamentavelmente, não há transporte para o céu das virgens devido à contenção orçamental e que o tipo teria que ficar em saquinhos (vários) à porta do hospital, até reabrirem as urgências.......

segunda-feira, janeiro 14, 2008

É a pronúncia do nooooorte...



A imagem ao lado foi tirada num dos WC's da produção, na fábrica onde trabalho, mais propriamente no urinol.

Alguém teve a feliz ideia de deixar um papel indicando que este urinol não funcionava, mas em vez de "Avariado", escreveram "Abariado", algo que algum iluminado fez questão de corrigir, acompanhado pelo devido impropério.

Aparte de ser uma boa imagem para o "Portugal no seu melhor", faz-me pensar noutra questão: Uma das coisas que me impressionou em Braga foi o sotaque, a pronúncia do Norte realmente cerrada. Muita gente fala com uma pronúncia muito semelhante à da Ribeira, no Porto.

O curioso é que, se quase todos trocam os V's pelos B's, há uma pequena franja da população que também faz o inverso, ou seja, troca os B's pelos V's. Isto implica dizer "savia", em vez de "sabia", ou "vranco" em vez de "branco".

A troca do "v" por um "b", a meu ver, é normal, já que a nossa língua nasceu do castelhano, que tem essa mesma troca incutida na própria língua (ou não soletrassem o V como "ube"). Mas o contrário... deixa-me algo perplexo. Como terá surgido esta troca? Terá algum viriato acordado um dia e dado o grito do ipiranga linguístico? Do género "porra, a partir de hoje, para nos distinguirmos dos malditos castelhanos ou leoneses, vamos inverter a troca dos v's e b's. A partir de hoje, chamem-me de Vruno Sevastião Vento de Varros!!!"

Se algum linguísta puder auxiliar-me nesta demanda, agradeço a ajuda... Vem hajam os vem abenturados...

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Banhos para a alma

Hoje levei com alguma chuva. O raio do apeadeiro onde saio do combóio ainda fica a uns bons 500m da empresa, caminho descoberto na totalidade.

E estava a chover...

Diz o povo (pelo menos uma pequena parte do povo), que "a chuva lava a alma".

Nesse caso, gostaria de saber o que raio faz o granizo?!?!?! Será um exfoliante para o espírito? É que levar com calhaus gelados na cara não é fácil!!

Eu não uso guarda-chuva. Deixei de o fazer depois de ter perdido o enésimo chuço. Ou melhor, o último, por acaso, foi roubado na última empresa onde trabalhei. Hoje em dia, quando muito, utilizo um chapéuzito impermeável.

Mas até gosto de apanhar chuva nas trombas. Não sei porquê... talvez seja uma sensação de comunhão com a natureza, levar com água misturada com compostos químicos típicos de poluição urbana por toda a face e cabelo... Depois queixo-me que fico com a pele oleosa...

Mas gostar, gostar, gosto é das noites de tempestade... estar à beira mar a assistir ao relampejar, à fúria dos deuses a embater na parede marítima revoltada. E depois levo com um raio em cima, atraído pelos botões metálicos do casaco, e lá vou para casa com o inconfundível aroma a carne de churrasco.

Fascina-me o poder presente num único relâmpago. Se houvesse maneira de absorver e armazenar essa energia, quantos recursos naturais não se poupariam? Poderia ser um projecto de um qualquer curso de electrónica: colocar um voluntário com aparelho dentário metálico a rir-se para uma tempestade, e ligá-lo a um acumulador, e ver no que dava...

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Costeleta-sola

Ontem tinha um jantar de aniversário. Tinha sido convidado já há dois dias, mas não tinha dado resposta porque estava (bastante) engripado.

Mas depois de estar dia e meio de molho, senti-me suficientemente capaz de ir a um restaurante e quiçá emborcar algum álcool. Afinal, até dizem que um pouco do belo tinto faz bem nestas alturas.

O rapaz indicou-me o restaurante Pedra Alta de Leça. Oras, apesar de morar perto (embora o coração esteja para sempre no Porto, de residência sou matosinhense...), não me lembrei que havia um Pedra Alta em Leça da Palmeira, e segui directo para o de Lavra.

Quando lá cheguei, já atrasado, como não vi ninguém, liguei para o jovem, que me indicou estar no 2º piso. Perguntei a um empregado, que me disse "aqui nem temos 1º piso, quanto mais um 2º...". Logo percebi que não era aquele, e dirigi-me, o mais depressa possível, para o de Leça, onde estacionar é uma miséria. Um conselho para estacionar: do outro lado da marginal, na entrada do Porto de Leixões.

Bom, quando cheguei, quase todos tinham caipirinhas, os primeiros tinham-nas "normais", os últimos a chegar já só tinham caipirinhas feitas com limão e pouco açúcar. Corria o rumor que a festa de passagem de ano teria causado uma ruptura nos stocks... Rumor não confirmado (oficialmente!). Tive a mesma sorte: "como já não há lima, vai ter que ser com limão". "Não há crise, venha ela", penso eu, pensando que a acidez do limão até ajuda a curar o que resta da gripe. Bem, não era só o limão e o pouco açúcar. A cachaça devia ser água do rio leça misturada com álcool etílico. Muito má.

Quando o homem vem pedir a comida, peço uma costeleta de vitela. "Mal passada", digo eu.

"Ah, aqui fazemos sempre normal"
"Como?"
"Normal, nem bem, nem mal passada, fazemos sempre normal".
"Está bem, mas eu gosto da carne mal passada"
"Mas a costeleta tem que ser sempre um pouco passada"

Eu estava algo incrédulo. O homem não queria aceitar um pedido para a carne vir mal passada, e ainda respondia??? Quando ele já ia de costas, soltei:

"Mas eu até a como crua! Façam-me a carne mal passada!!!"
"Ok, se quer mal passada, trago-lha mal passada!"

Ainda balbuciou algumas palavras inintelegíveis. Fiquei a pensar se ele não estaria a confundir com uma costeleta de porco, que por razões óbvias, tem mesmo que vir mal passada. Mas ainda estava meio aparvalhado com a atitude de resposta.

Quando vem a dita-cuja, e quando a comecei a cortar, a dureza da carne não enganava ninguém. Mesmo antes de olhar para a cor interior do naco, já sabia que estava passadíssima...
Ainda procurei na zona do osso, obrigatoriamente menos passada, mas nem aí...

Apeteceu-me pedir o livro de reclamações. Não bastava a caipirisgoto, ainda me presenteam com esta sola???

Não o fiz, limitei-me a comer o que conseguia, por respeito ao aniversariante. Mas fiquei com a sensação de que o deveria ter feito.

Claro que havia duas possibilidades: ou me davam a possibilidade de não pagar o jantar, ou me davam outra costeleta, de facto mal passada, mas cobertinha por uma finíssima camada desse belo molho de saliva do cozinheiro, empregados, gerente e quiçá mais alguns transeuntes que por ali passassem na altura.

O povo português não tem o hábito de reclamar. Mas é bom que se vá habituando, só assim conseguimos melhorar os serviços, não só em restaurantes, mas em muitos outros lados. E não é a ASAE que me garante que a carne é mal passada...

Final de ano em Madrid.

Mais propriamente, perto da Puerta del Sol, porque era tamanha a multidão que não era possível aproximarmo-nos mais.

Curioso, que aqui faz-se grande estalhardaço com o fogo de artifício, que tem que ser sempre mais e melhor que o do ano anterior. Ali, não propriamente... Quer dizer, não sei como foi no ano anterior, mas desta vez houve 1 minuto de fogo, e não particularmente espectacular. Depois disso, 30 minutos de música com algumas projecções vídeo numa parede, e puf! Tá tudo a debandar! Ide á vossa vida, meus filhos, que o tempo não está para brincadeiras.

E claro, num repente, qualquer bar nas imediações da praça encheu, à boa maneira espanhola. Se bem que nos tenhamos ficado pelos barzitos modestos, já que os bares "da moda" pediam entre 100 a 150€ de entrada...

Não sei quem terá mais razão. Se eles por não fazerem grande festa, por acharem que apenas merece uma comemoração simbólica, ou nós, por fazermos um espectáculo fantástico e comemorar a entrada no ano novo como se fosse no novo milénio.

No fundo, uns comemoram mais uma passagem de ano, que não é mais que uma noite como outra qualquer, enquanto outros celebram mais uma tentativa de dizer "desta é que vai ser! Este ano é que é!!!"

Muita gente aproveita esta altura para fazer as suas resoluções e promessas, que geralmente quebra ao fim de alguns dias ou semanas. Já falei disso em alturas anteriores, pelo que agora apenas digo que, para mim, é uma noite como outra qualquer, a vida não muda no dia seguinte.

Bom, a excepção é que estava numa capital espanhola, rodeado de brasileiros e italianos. Sim, porque ali na rua e bares circundantes, de castelhano ouvia-se muito pouco...