sexta-feira, agosto 29, 2008

Fly me to the moon

Há uns tempos atrás, ao entrar no avião que iria fazer o trajecto Goa (Índia)-Lisboa, o actor Rogério Samora terá exclamado "Credo! Só portugueses! Que nojo!".

Isto criou uma celeuma enorme e uma histeria em massa, seguida de perseguições, julgamentos em praça pública e apedrejamentos que durou, talvez, uns 2 ou 3 segundos.

Claro que eu nunca diria algo tão "forte", não renego a minha pátria, diria mesmo que há que ter algum orgulho neste pedacito de terra que tanta coisa já fez ao longo dos últimos 9 ou 10 séculos. Mas...

Caraças... Ainda hoje entrei num avião para fazer Frankfurt-Porto, e claro, era composto em 95% por Tugas. E quando se entra num avião assim, já cheio por chegarmos atrasados, acho que é inevitável sair aquele suspiro seguido de um "enfim... nada a fazer".

Porquê? Porque já sabemos que vão haver crianças a chorar ou a brincar aos berros, já sabemos que assim que se apagar a luz do Cinto de Segurança, 25% do pessoal se levanta para ir à casa de banho, apesar de terem estado há 20 minutos atrás no aeroporto, ao lado de WC's perfeitamente capazes de satisfazer as mais básicas necessidades, porque sabemos que o mesmo acontece quando vêem chegar o carrinho das comidas e bebidas. Sim, aquele que ocupa toda a largura do corredor. Deve ser como quando ouvimos água a correr e nos dá vontade de urinar, a visão do carrinho das comidas deve dar caganeira ao pessoal, ou vontade de esvaziar a bechiga para preparar o copito de tinto.

Claro que quando a pessoa regressa, tem que fazer contorcionismos por cima de algum desgraçado, para passar pelo carro e a hospedeira, para chegar ao lugar e verificar que a "estúpida da hospedeira não me deixou aqui a comida", e toca a soltar um sonoro "pssst, pssst" para solicitar "a food, give me da foodi...". Terá sido por não estar ninguém no lugar quando a hospedeira passou???

E claro, há sempre os personagens... ao meu lado vinham dois rapazolas de meia-idade, nitidamente emigrantes, e nitidamente a trabalhar em algum tipo de labuta pesado, como a construção civil. Espanta-me a tenacidade e fibra desta gente, que não sabe uma palavra de inglês ou alemão a não ser "bier" e "fuck you (ou me, dependendo da situação)", mas que se aguentam a trabalhar lá fora, como o caso destes dois (quando vem a hospedeira e pergunta o que querem beber, um responde "Cerveja", e ao ouvi-la perguntar "como, desculpe?", ele lá repete "cerveja..."). A questão é que o que vinha ao meu lado, apesar de ter menos 30cm de altura que eu, sentava-se de forma a não conseguir ter as pernas direitas, logo tinha que as abrir para caber no espaço do banco, e a pernoca esquerda lá vinha para o meu lado. Isto, óbviamente, acompanhado pela ocasional esfregadela nas partes pudengas.

*Suspiro*... Enfim....


PS: Ah! E chegar ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, e ver uma imagem do europarque e os dizeres apenas em inglês: "Above us only sky"? Que raios querem dizer com isso? É que traduzindo literalmente, significa "Acima de nós só céu". Querem dizer que por cima do Europarque, os aviões não podem voar? Ou que estão a planear montar lá uma rampa de lançamento? Bom, conheço uma data de gente que podia ser lançada, para bem longe....

terça-feira, agosto 26, 2008

Alforreca Assassina

Ontem, o telejornal da TVI excedeu-se. Ultrapassou largamente aquilo a que já nos habituou, no campo da ignomínia, especulação e sensacionalismo.

Após uma reportagem sobre dois putos que foram "picados" por uma alforreca, lá para os lados de Peniche, se não me engano, surgiu aquilo que foi anunciado como um verdadeiro ataque de alforreca.

Então via-se um tipo, numa cena digna do Aliens, com uma coisa na cara, a atacá-lo fortemente, quase a comê-lo vivo. O tipo contorce-se, numa tentativa desenfreada de tirar a coisa da cara, até que se deixa vencer e cai na areia. Nessa altura aparece uma mulher que tira o alegado bicho da cara, com uma toalha.

Nunca vi tamanha treta num telejornal!!!! Se queriam assustar as crianças, mais valia apresentar a Manuela Moura Guedes com papel de celofane à volta e dizer que era uma alforreca! É que mais ninguém punha os pés na praia, principalmente agora, depois da última plástica, que conseguiu deixar a mulher mais desfigurada do que a Duquesa de Alba.

1º- As alforrecas não atacam, muito menos com o corpo, que é constituído em pouco mais de 95% por água. Atacam pequenos peixes para comer, nunca um ser humano.
2º- O corpo da alforreca não tem músculos para se agarrar à cara do homem. As alforrecas, para comer, matam peixes com o choque/veneno proporcionado pelo toque com os tentáculos (que foi o que ocorreu aos miudos).
3º- Enquanto o tipo agoniava numa morte rápida, o tipo que filmava tudo (com um telemóvel, para dar a noção de realismo) assistia com o telemóvel perfeitamente apontado ao moribundo...

Acredito que a maioria das pessoas pensem "se isto passa no telejornal, é porque deve ser verdade!", e isso é que me causa a repulsa.

PS: Pronto, em vez da Manuela Moura Guedes, ponham a Constança Cunha e Sá a entrevistar uma alforreca, o susto é o mesmo...

terça-feira, agosto 12, 2008

Mosquitadas na noite

Regressei ontem ao trabalho.

Não é uma grande chatice porque até gosto do que faço, e trabalhar nesta altura de Agosto dá jeito para tratar de muita coisa que, noutras alturas mais agitadas, ficam sempre para “amanhã”.

Mas um dos problemas em acabar as férias e voltar ao trabalho é voltar a habituar o corpo a deitar e levantar cedo.

Eu acordo às 5:45, para me levantar às 6, de forma a que às 6:45 esteja a sair de casa com o banhinho tomado, arranjadinho, barba feita, e gata alimentada e com uma parte (infelizmente pequena) da sua necessidade de carinhos diários satisfeita.

Para isto ocorrer de forma sadia e bem-disposta, eu deveria deitar-me entre as 22 e as 23h. Ora, isto é impossível. Ou porque está a dar alguma coisa na televisão que vale a pena ver, ou porque fui tomar um café/copo, ou porque a gata acha que ainda não teve a dose diária satisfeita (muitas vezes com razão, coitadita), ou porque estou a fazer alguma coisa no computador, ou porque pura e simplesmente não estou habituado a deitar-me tão cedo, e acho que nunca estarei.

Geralmente deito-me entre as 0:00 e as 01:00.

Mas ontem... andava por lá um raio dum mosquito que me fez a vida negra.

É que o filho da mãe era esperto!

Normalmente os mosquitos são lentos, e quando acendo a luz ao ouvi-los, ficam atarantados e param na parede, perto da cama, onde é fácil acertar-lhes com o catálogo da semana da Worten, ou Vobis, ou Rádio Popular, pois é para isso que servem (não é???). Não gosto de usar os da Media Markt, porque são demasiado grandes, e o papel não é de grande qualidade para o assassinato selectivo mosquital.

Mas este... quando acendia a luz, pisgava-se para algum sítio onde não o via. Isto ocorreu várias vezes, até que decidi esperar por ele com a luz acesa.

Aí vi que o maldito vinha em vôo picado directamente dirigido à cara, o que até me assustou, pelo inesperado. Enxotei-o, e pude ver como fugia para baixo, voando rente ao chão, ao longo do quarto, qual caça-bombardeiro a voar baixinho para escapar aos radares inimigos. E realmente perdi-o quando passou por baixo do radiador do aquecimento.

Era esperto, o sanguinário alado.

Isto passou-se mais uma vez, altura em que decidi que estava tão cansado que ia desistir da luta, por hoje. Ele que bebesse um mililitro do meu precioso néctar vermelho, seria o seu prémio por uma estratégia diferente de todos os seus compinchas. Ganhou a batalha, certamente não ganhará a guerra.

O problema é que quando apaguei definitivamente a luz, já eram quase 3 da matina.......

PS: Entretanto, acordei de manhã e não tinha a malfadada borbulha. Talvez o pequeno vampiro me tenha concedido uma trégua, pela resistência oferecida. A ver vamos hoje à noite... Ou isso ou entrou em ressaca, sem a dose, e secou, tipo uva passa...

terça-feira, agosto 05, 2008

Código do lado da estrada

Eu não me importo de andar.

Sempre que vou até casa dos meus pais, que fica num local aprazível desta cidade fantástica que é o Porto, deixo o carro algo longe, não apenas por ser impossível arranjar lugar para estacionar lá perto, mas também porque não me importo nada de andar um bocado. Gosto, até ajuda a espairecer.

Mas porras, se há regras de trânsito para os carros, e os peões são parte integrante do trânsito quotidiano (excluindo o trânsito intestinal, porque para regular isso já temos o Actimel), porque raios não há de ser regulado o trânsito peonal???

É que irrita-me o pessoal que vai a ocupar toda a largura do passeio. Então quando são famílias inteiras, a andar a 2 à hora porque a lancheira que tinha o farnel que desfizeram naquele pedaço de relva à beira da estrada ainda pesa muito, aí é que me irrita. Lá consigo meter-me por um espaço livre, após o que algum dos patriarcas repara, e diz para os mais novos "Deixa lá o senhor passar", expressão repetida e acrescentada do tradicional "filhadap**a", se o miúdo não ouve ou não repara na 1ª advertência.

Mas mesmo quando são apenas duas senhoras idosas, ocupam toda a largura. Ou mesmo quando é apenas uma! Uma idosa apenas já consegue ziguezaguear o suficiente para atrapalhar a vida de transeuntes mais despachados!

Irrita-me o pessoal que sai dos carros ou dos prédios, ou mesmo das passadeiras, e vê que vem uma pessoa com pernocas bem grandes a passar em passo claramente mais acelerado que o deles, e mesmo assim metem-se à frente, como quem diz "ah vens com pressa? Então pede com jeitinho, e eu penso se te deixo passar...". Será frustração por não poderem fazer isso de carro???

Ah, e nos shoppings, nomeadamente nas escadas rolantes... O pessoal lá fora que lê este conjunto de tretas pode confirmar que as pessoas têm um certo hábito de se colocarem no lado direito, quando andam numa escada ou tapete rolantes. Isto para deixar que quem venha com pressa passe pela esquerda. Aqui? Naaahhhh, se um desgraçado estiver com pressa, tem que fazer slalom pelo meio de pessoal dormente, pedir licença ao casal de namorados para pararem de fazer o exame oral invasivo entre si e abrirem uma brecha para passar, e pedir à senhora que leva os dois filhos e os três da amiga para deixar passar, depois de levar uma canelada de um dos putos...

Já para não falar no pessoal a atravessar as passadeiras... então quando passam 3 ou 4, estamos já a carregar no acelerador e lá aparece mais um grupo... passa esse, e heis que surge a idosa com o saco das compras, que com sorte talvez chegue antes da meia-noite a casa, que é do outro lado da estrada, tal é o passo que leva. Mas aí há regras! Ah pois é!!! Está descrito no código da estrada, que um peão não deve atravessar uma passadeira de forma demasiado lenta, que cause problemas ao trânsito. Se alguém se lembra disso? Não sei, mas cá pra mim também devia estar incluído no código da estrada o comportamento em passeios públicos, ou em escadas rolantes de shoppings... principalmente ao domingo...