segunda-feira, junho 30, 2008

Voyage de retour

6ª Feira.

Saio da fábrica do cliente (ainda na Normandia) por volta das 12h30.

Vou almoçar com os dois mexicanos, colegas, que estiveram lá comigo nestes dois dias. Depois disso ainda os ajudo, dando boleia para tratarem de alguns assuntos.

Vou-me embora, mas antes quero passar por uma das praias do Desembarque do Dia D. Pelo mapa, a mais próxima será Juno Beach, onde caiu a 6ª Divisão Pára-Quedista Canadiana, que foi a única que conseguiu furar a muralha alemã. Uma desilusão, não tinha nada, nenhuma peça de memorabilia, nenhum monumento. Perto tinha um cemitério de guerra, pequeno, mas o suficiente para sentir alguma coisa (não, não eram cólicas... nem gases... estou a falar no sentido metafísico, valhamedeus!!!).

Venho embora, são 16h30. Tenho que estar no aeroporto de Orly, que fica a 250 km, às 19h35 para fazer o check-in (vôo às 20h35). "Pas de probléme", pensa o Je.

Acelero um pouquinho na autoestrada, ajudado pelo limite de 130, que sempre dá para ir aos 140 ou quiçá até 150...

Chego a uma estação de serviço a 40 km de paris às 18h00. "Nada mau", penso eu, estou dentro do horário.

Pois... para mal dos meus pecados, tinha que atravessar perto do centro de Paris. Engarrafamentos brutais. Fiquei parado mais de uma hora!!!

Às 19h35, hora a que devia estar a fazer o check-in, envio uma msg ao meu pai, a avisar que vou perder o avião. Não me chateio muito, porque já não vale a pena, já tinha passado dessa fase, há uns minutos atrás. Por isso, vou nas calmas, naquela de chegar lá e tentar arranjar alguma alternativa, se possível algum vôo ainda no mesmo dia, nem que fosse por Lisboa.

Vou meter gasóleo, era carro de aluguer. Meto 40€ e ligo o motor. Não chega, o depósito ainda está a 3/4. Raios. Páro numa bomba mais à frente, e meto mais 20€. Agora sim. Também, com o diesel a 1,52€, não admira que 60€ mal chegassem...

Finalmente chego ao aeroporto, deixo o carro na Avis, e chego ao balcão da TAP já perto das 20h30. Vou directo ao balcão da companhia (e não ao check-in), para tentar arranjar logo um vôo alternativo. Pois, típico, o balcão está vazio. É o normal na TAP.

Vejo que a TV com os vôos de partida indica que o meu está "On Time", ou seja, não estava atrasado, ou seja, estaria a levantar.

Reparo que num balcão de check-in da TAP, há algumas pessoas a conversar com a operadora.

Chego lá, e como ouço pessoal a perguntar pelos seus direitos em caso de atraso, e em vôos alternativos, pergunto aos colegas apeados pelo que se terá passado.

"Houve um vôo para Lisboa que teve que voltar para trás, e atrasou todos os restantes. Terá sido um pássado a entrar para o motor e a estragá-lo, dizem eles..."

"Aahhh, olha que chatice... Então e vocês estão a ser transferidos para outros vôos, é?"

"Pois, nós e toda a gente, você também vai para Lisboa?"

"Não, Porto"

"Ah, mas os vôos para o Porto não tiveram problemas... azar"

Parafraseando o nosso primeiro, pensei em dizer "Porreiro, pá". Mas contive a fúria.

Falo com a operadora, começo logo por dizer "o meu caso é diferente do deste pessoal, eu cheguei mesmo atrasado ao vôo que terá saído há 10 minutos..."

A mulher olha para mim, olha para o ecrã, volta a olhar para mim, e pergunta "tem bagagem?"

"Sim, tenho, mas é pequena". Ela olha e confirma, tem menos que as medidas máximas para viajar no avião. Ia despachá-la porque tinha líquidos dentro.

Então a mulher faz um telefonema, emite-me o bilhete num repente, e manda-me correr para a zona de embarque, porque o avião estava atrasado, mas já estaria a acabar o embarque!

Agradeço, mas claro que tive que deixar os líquidos com mais de 100mL:
- Um frasco de Gel;
- Um Perfume, que uma emigrante se ofereceu para me enviar por correio (vamos lá a ver se aparece);
- Duas garrafas de tequila que um dos mexicanos me tinha dado de presente! A isso ninguém se ofereceu para enviar, mas ficaram todos contentes em ficar com elas!!!

Vou a correr para o controlo de metais, consigo passar à frente dos passageiros todos sem problemas.

Mas... quando chego ao balcão de embarque, está toda a gente na fila. Ninguém tinha embarcado ainda! O avião estava quase 1h atrasado...

Enquanto estava na fila para o embarque, o sistema sonoro anuncia aos passageiros do vôo para Barcelona (pela Ibéria), que se dirigissem áquela mesma porta, o que fez com que as hospedeiras de terra ficassem com aquilo que posso verdadeiramente designar de "caras de parva". Mas vim parar ao Porto mesmo...



Sim, no final tive sorte, mas porras, tive que dar duas garrafas de tequilla a dois lisboetas...

sexta-feira, junho 27, 2008

Viagens de trabalho

Mais um dia aqui na Normandia.

A fábrica que vim visitar fica pertinho da costa, mesmo na zona onde ocorreram os desembarques das tropas aliadas na 2ª Guerra Mundial. As principais praias têm museus dedicados a esse triste facto. Imagino que quem vai a estas praias tomar uns banhinhos de sol, sai de lá também com um banho de história, e quem sabe ainda encontra uma bala no meio da areia, ou um polegar de algum americano maneta, esquecido na areia revolvida pelos anos.

Bom, imagino, porque não tive hipótese de lá ir. Estive sempre na fábrica, a sair tarde, apenas deu para ir jantar e tomar um copito à cidade de Caen, o que já não foi mau.

Muita gente, quando ouve alguém dizer “vou uns dias para este ou aquele país”, pensa logo em sorte, conhecer sítios novos, passear.

Não é bem assim, quando se vem para fora a trabalho, raramente se tem tempo para visitar o que quer que seja. Se for para trabalhos simples, como é o caso, não há grande stress, mas quando cheguei na 3ª-Feira, às 0h00 ao hotel, ainda fiquei até às 3 da madrugada a fazer relatórios que pensei que me fossem exigidos no dia seguinte. Levantei-me às 6 e pouco, ou seja, não foi propriamente um descanso.

Quando vou para fora para reuniões com clientes, é sempre isso que acontece: ficar a acabar relatórios até às tantas e levantar cedinho para ir para a reunião apanhar na cabeça.

No final, dependendo da hora a que se acabe, aí sim, talvez dê para passear um pouco, mas não se pode considerar isso como turismo, apenas um reconhecimento da zona mais próxima... até porque o vôo de regresso está geralmente marcado para o próprio dia, à noite, e é preciso sair duas horas antes, para estar no aeroporto uma hora antes do vôo, não esquecendo de encher o tanque do carro de aluguer e deixar o carro no parque próprio.

Ou seja, isto não é um mar de rosas... O que tento fazer, ocasionalmente, é ficar um ou dois dias a mais, para fazer turismo verdadeiro. E analisar a fauna local, claro...

quarta-feira, junho 25, 2008

Em Caen

Talvez pela crise dos 33 recém-feitos, já não escrevia há quase 1 mês.

Também fiquei abalado pela despedida sem glória de uma amiguita virtual, que se foi do éter da net sem dar cavaco (nem sequer dando marques mendes).

Mas hoje apetece-me deixar um registo para a posteridade.

Vim para a região da Normandia francesa, visitar uma fábrica de camiões. Tinha combinado com um mexicano estar na recepção do hotel às 7:45, para irmos juntos para a empresa. Ontem cheguei a Paris às 20h, saí de lá às 21 para chegar cá às 0h00, e ter ficado a trabalhar em relatórios quase até às 3 da manhã. Ou seja, dormi pouco e mal.

Para evitar atrasos, não tomei qualquer pequeno-almoço. Mas em compensação, fui flashado à saída da auto-estrada (pudera, 50 m depois da saída, a 130, aparece um sinal para reduzir para 90, e logo a seguir o radar... era inevitável, é a caça à multa em toda a força também no país dos Avec's...).

À hora marcada, lá estou eu. E uns minutos depois disso, lá continuo. E mais um bocado. E nada... Tento ligar o telemóvel, mas não consigo fazer ligação.

"Não há de ser nada", penso, e faço-me à estrada. Ligo o Tom-Tom e vejo que não tem a indicação da empresa.

Ando uns minutos largos pelos arredores da terra, até que finalmente descubro a fábrica.

Chegando lá, esforço-me por recordar o francês que aprendi no ensino secundário, já lá vão mais de 15 anos. É quase inútil. Não percebo um corno do que me dizem, principalmente quando as pessoas se entusiasmam e falam depressa. Mas lá consegui que me levassem ao escritório da qualidade. Se não tivesse passado a Francês, mesmo com uma nota miserável, a esta hora ainda estava a tentar sair do aeroporto... Mas é língua que detesto. Eu gosto de dar uma entoação mais próxima possível com o sotaque original, e a entoação francesa é demasiado snob. Temos que fazer beicinho, faz-me sempre lembrar o sketch dos Gato Fedorento, do javardola que falava francês de forma gay.

Mas para ajudar, além do mexicano também me encontrei com um português emigrado em França. Esse sim, tem sotaque de beicinho.

Bom, amanhã é outro dia...