domingo, abril 12, 2009

Gent, Bélgica

Bom, lá se foi mais uma viagem. Desta vez a um local novo, para duas reuniões com dois clientes distintos. Uma delas correu muito bem, a outra muito mal. Estava terrivelmente mal preparado para essa, e isso porque não tive tempo nem hipótese de me preparar convenientemente. Por isso, como dizemos na gíria, fui com um tubinho de vaselina e gastei-o todo...

As pessoas que falam comigo e que não têm esse tipo de vida raramente compreendem que estas viagens não são muito divertidas. Começa-me a cansar as frases-feitas de "só gostas é de passear". Por acaso, desta vez até tive um pouco de tempo (digamos, metade de uma tarde) para ir visitar a cidade e passear um pouco. Mas é raro. Geralmente é chegar tarde, passar boa parte da noite a acabar trabalho no quarto de hotel, dormir pouquíssimo, ir para a reunião que raramente corre bem, e voltar com "a malinha cheia", ou seja, mais tarefas, mais trabalho, mais preocupações.

Desta vez estive em Gent, Bélgica. Local engraçado, edifícios antigos, restaurados. Mas logo na viagem para lá, apercebi-me de uma situação na revista da Tap, a "Up" de Abril. Nas últimas páginas, onde se fala da companhia, dos aviões da frota, dos destinos para que voa, surge o mapa-mundi. E heis que a Tap conseguiu descobrir um país novo! Novo? Não é bem assim, é um enclave... assim tipo Olivença ou Nagorno-Karabach, heis que alguém descobriu que a Rússia tem um enclave ali no mar Báltico, mesmo abaixo da Lituânia. Maravilha, senão vejamos a imagem (é melhor clicar para ampliar)...



Bom, esta viagem deu não só para ficar a conhecer um local novo, o que é sempre bom, mas comprovar que naquela zona se fala principalmente o flamenco, que é intragável, que a grande maioria das pessoas fala (muito) bem inglês, que a grande maioria das pessoas são muito simpáticas, que afinal há belgas giras e não é só um país de beberolas inundados em cerveja.

Ah, e deu também para tirar a limpo uma dúvida que me assolava há bastante tempo... É que, como toda a gente sabe (ou devia saber), o prato típico da minha fantástica cidade, a Francesinha, é uma adaptação de um prato que um emigrante trouxe de França, daí o nome. O prato original seria o Croque Monsieur, o que leva a que muita gente critique o facto do prato ser típico do Porto, quando no fundo é uma cópia do outro.

Oras, pude finalmente comprovar que não, meus amigos lisboetas elitistas e invejosos. A "nossa" francesinha quase nada tem a ver com o maldito croque monsieur. Fizeram-me pagar 8€ por uma bela duma tosta mista, acompanhada com uma malgazinha de ketchup e salada. Uma tosta mista??? Eu a pensar que vinha uma tosta com um bife e coberta de queijo! Ou com um molho picante! Ou com uma salsicha lá dentro! Mas népias! Só mesmo uma fatia de fiambre e queijo mal amanhadas! Aqui está a prova...

sexta-feira, abril 03, 2009

Nós e os outros... no trânsito

Quando entramos no automóvel, principalmente quando é o nosso próprio carro, e estamos sozinhos, fazemos de tudo um pouco lá dentro. Nomeadamente, quando parados num engarrafamento.

Há quem aproveite para ler o jornal, aberto sobre o volante. Há quem aproveite para trabalhar um pouco, eventualmente com o pc portátil no banco do passageiro. Há quem tenha o portátil ao lado, mas para ir vendo miúdas nuas na net. Ou algo do género.

Há quem pinte as unhas ou os lábios (essencialmente as mulheres, diria eu...), há quem corte a barba. Isto, com máquina de barbear, claro. Nunca vi ninguém a preparar a espuma e a sacar da navalha no meio da vci. Há de chegar o dia. Também nunca vi ninguém a cortar as unhas no trânsito, mas acredito que há de chegar o dia. Mal posso esperar.

Já ao parar num semáforo, são tarefas menos mundanas. Mais básicas e rápidas, pois o tempo urge antes do semáforo verde para os peões começar a piscar, sinal evidente de que podemos começar a carregar no acelerador e a tirar o pé do travão (não é o sinal verde para os carros, isso é para totós...).

É normal olhar para o carro do lado, quando pára no semáforo. Aquele olhar de fugida. Se não é ninguém interessante, rapidamente o olhar volta à posição inicial. Se é uma miúda gira (no meu caso), é natural que o olhar aguente mais um ou dois segundos, o que é bonito é para se ver.

Mas também já aconteceu, e não há muito tempo, olhar para o condutor ao lado e vê-lo(a) a realizar uma introspecção exploratória da cavidade nasal, com esse instrumento fantástico que é o dedo indicador. Ou então a limpeza matinal da orelhita com o mindinho, ocasionalmente apetrechado com a unhaca, que tanto limpa orelhas como desenrosca parafusos.

Mas quem é que tira catotas do nariz em pleno semáforo??? Eu, pelo menos, se o faço, faço em locais sem pessoal ao lado, tipo auto-estradas. Mas isto quando não tenho um lenço de papel ao lado, e tem mesmo que ser. Porque, às vezes, tem mesmo que ser.

Isto advém do pessoal sentir-se seguro no seu mundo, ali dentro do seu carrito. É a zona de conforto, a sua redoma pessoal, à qual os outros não têm acesso (ensinamentos do MBA*). Com essa segurança, esquecem-se que essa redoma é transparente. Excepto, claro, naqueles carros com os vidros escurecidos, algo que eu nunca percebi se é legal ou não. Mas uma experiência engraçada é fixar o olhar, e esperar que a criatura repare que está a ser observada enquanto limpa os orifícios. De preferência devemos fazer cara de enjoado. Será que o tipo se encolhe com vergonha? Ou será que continua na lógica introspectiva? Ou será que se arma em engatatão, e demonstra toda a sua habilidade no piparote com que envia a catota a 100 à hora para a berma do passeio?


O que interessa nisto tudo? Que ando a pagar milhares no MBA para entender porque é que o pessoal tira macacos do nariz no carro. Assim já vale a pena!