quinta-feira, outubro 29, 2009

Sindicalismos

Já sei o que quero ser quando for grande: sindicalista!

Isso sim é uma profissão segura. Qual função pública, qual quê!

Afinal, em Portugal, os operários sindicalizados descontam 1% do seu ordenado para o sindicato. Para quê? Para financiar a elaboração de cartazes, envios de e-mail, gasolina, viagens de representantes sindicais a todos os pontos do país e Bruxelas, aluguer de autocarros para levar professores a passear em Lisboa, e quem sabe até alguma fruta. Noutros países, como a Alemanha, o dinheiro serve para, entre outras actividades, financiar os trabalhadores quando estes fazem greve. Aqui não, quem faz greve perde o vencimento relativo a esse periodo.

Mas mais que ter uma vida de mordomias (se bem que não a podem ostentar muito, não esquecer a tendência de esquerda, geralmente até associada ao comunismo), os profissionais do sindicalismo são pessoas que têm um poder imenso.

Ainda hoje vi umas operadoras da fábrica onde trabalho a dizer autênticas barbaridades. Porque é a opinião que têm da gestão da fábrica? Não, porque é o que os sindicatos lhes dizem para dizer. Uma operadora afirma que, ao perder 2 dias por mês, fica sem 250€ no salário. Se assim fosse, significaria que a senhora teria uma remuneração de mais de 2500€. Porque raios andei eu a tirar um curso de engenharia, se na linha de produção se ganha muito mais???

Mas há um requisito que eu nunca seria capaz de cumprir, por isso vou desistir de enviar o CV para alguma central sindical. É que é preciso ser sempre do contra, seja do que for, e não tenho estofo para isso. Eu tenho que concordar com alguma coisa, catano!
Ah! Já sei, o homem concorda em forjar uma hipotética coincidência para se encontrar com a comitiva de António Costa e dar-lhe assim, "como quem não quer a coisa", o seu apoio desinteressado à candidatura daquele à Câmara de Lisboa. Soube-se hoje que o encontro fortuito, e que terá rendido 15.000 votos ao socialista, terá sido previamente combinado.

Bom, entretanto, vou apresentar o meu cv para operador da produção. Horário certinho, trabalho pouco complicado e sem stress, e aparentemente ganham-se balúrdios...

quarta-feira, outubro 28, 2009

Clippings

Mais um dia, mais uma viagem. Hoje, devido ao lay-off anunciado para os próximos dois dias, será o último dia de trabalho da semana. Algo pelo que já ansiava há alguns dias, fazem-me falta uns dias de descanso.

Foi a 2ª vez esta semana que consegui apanhar o combóio, não é fácil estar às 7h04 na Travagem para apanhar o Suburbano para Braga. Ontem falhei por uns dois minutos...
Curiosamente, foi também a 2ª vez que não paguei esta viagem. Não me acusem de ser caloteiro ou fora-da-lei, trata-se apenas de não ser abordado pelo revisor, que não poucas vezes, passa por mim numa altura em que estou meio grogue pela sofreguidão da manhã, embalado no movimento chocalhante da carruagem. E quando reparo que ele passou, obviamente não me levanto aos berros “ouça lá, quero pagar”. Ok, verdade seja dita, sempre são 2€ que se poupam. É o dinheiro para o pequeno-almoço, e ainda sobra um pouco para a garrafinha de água.

Mas hoje tive que penar por esses 2€.

Nas redondezas da zona onde me sentei houve quem me fizesse pensar que, por um transporte tão barato, temos mesmo que nos sujeitar a tudo. Atrás de mim, alguém tinha um toque de mensagem de telemóvel retirado de alguma música dos Terra Samba ou Canta Bahia. O que me leva a crer que trocar mensagens às 7 e pouco da manhã pode não ser um desporto saudável para quem o pratica, se em cada missiva electrónica arriscarmos acordar os passageiros num raio de 20 metros.

Mas exactamente ao meu lado, mas felizmente na outra fila de bancos, encontrava-se o verdadeiro tuga. Bigodinho, anorak da década de 80, perninha direita cruzada sobre a esquerda, e corta-unhas em riste para tratar dos excessos de unhaca no local mais apropriado que é a carruagem de um combóio. Já não tinha esta sensação há muito tempo. Aliás, acho que já tinha escrito sobre isso aqui.

Clip... clip....

Não deixo de pensar “bom, isto no fundo é um sinal que é um ambiente cómodo, familiar, as pessoas sentem-se em casa”. Ou pelo menos, sentem-se na casa de banho.

Clip... clip... clip.... ......VAMO LÁ GALERA! TCHAAANN-TCHAAAANNN, PRE-PE-PE.....

E o que virá a seguir, nessa onda de comodidade? Será que na próxima estação entra o casal típico, ele barrigudo, de cuecas e chanatas, ela de avental e rolos na cabeça, e sentam-se ao mesmo tempo que ele lhe pede uma cerveja? Ou um qualquer moçoilo a fazer a barba? Pensando bem, com o chocalhar da carruagem, isso poderia ser algo perigoso...

Clip... clip...

Felizmente o infeliz estava sentado a cerca de 3m de mim. Ainda assim, há quem se gabe de conseguir almejar distâncias maiores nos campeonatos de corte de unhaca. Tudo depende da capacidade de catapultar a dita-cuja com o corta-unhas adequado. E é uma questão de técnica e, convenhamos, algum jeito. Pelo menos hoje, este parecia não estar a treinar para a próxima ronda do campeonato distrital.

(Saiu em Famalicão, mas deixou lá os restos de unhaca, que ajeitou cuidadosamente num montinho com os sapatos...)

domingo, outubro 25, 2009

Bips in Vizela

Ontem fui a uma disco em Vizela.

Trata-se de um espaço interessante, bonito, a frequência é geralmente boa quando não é excessiva, a companhia também é boa, só a música é que tem dias.

Mas ontem era uma daquelas noites que contariam com a presença de fulano e sicrano, famosíssimos das revistas cor-de-rosa. Estariam lá para apresentar uma colecção de sapatos de uma qualquer loja. Oops, agora já não é "loja", agora tem que se dizer "shoe store".

Ultimamente vê-se muito essa mania, de chamar as coisas pelo nome inglês. É a shoe store, é a "I'm loving it" da McDonalds, é o "What else?" da Nespresso, é a megastore, a minha própria função na empresa tem a designação em inglês, é quase tudo e mais alguma coisa. Basta percorrermos uma revista e quase toda a publicidade tem algum termo em inglês, e há alguns que já estão instituídos há muito tempo, como o Shopping, o Marketing, o Designer... Muito bem, talvez seja um sinal de que a nossa sociedade está a ficar mais instruída.

Mas faz-me pensar em como será o futuro. Será que vou conhecer pessoal e "Olá, eu sou o Pedro, sou architect", ou "olá, sou a Kátia e sou Housemaid". Bom, pensando bem, "housemaid" tinha muito mais charme do que "mulher a dias", desde que a pessoa não se enganasse e se apresentasse como "woman on days", o que poderia ser muito mal interpretado. Ou não, depende do caso, imagino...

De qualquer forma, ontem lá estavam figuras importantíssimas da nossa sociedade, como o Angélico (1), a Filipa de Castro (2) ou a Jaciara (3). A quem não frequenta cabeleireiros nem vê a TVI, aqui deixo a tradução:
(1) - um cantor pós-adolescente que parece que namora com uma actriz, ou se calhar não, ou se calhar já voltaram, e que habitualmente parece manter uma reserva natural de óleo corporal (será o suor do rapaz que tem aquele aspecto oleoso?),
(2) - uma senhora loira que foi casada com o antigo jogador do Sporting, Beto, até este ter ido jogar para a 2ª divisão espanhola, altura em que, na verdadeira tradição futebolística lhe deu um chuto,
(3) - uma senhora brasileira muito baixinha, que foi casada com o antigo jogador do Porto, Deco, sendo que neste caso foi ele que lhe deu o chuto quando foi jogar para a capital da europa (Londres), onde parece que há miudas giras, mas que terá melhor opinião de Portugal do que a Maitê, a ver pela quantidade de tipos munidos com babettes para controlar o excesso de secreção salivar, algo não alheado do facto da dita senhora ser podre de boa.

Assim que começou o desfile, o povo todo concentrou-se à volta do palco, e que se lixassem os sapatos, a malta queria era ver o sorriso bonitão dos Vips. E claro, há sempre uma data de gente com a secreta esperança de chegar à fala com os ditos cujos. As meninas arranjam-se de forma a que o Moranguito repare nelas, os homens arranjam-se de forma a que as moçoilas os vejam como grandes mestres da cama, pois naturalmente acham que "estas gajas só querem é sexo". Aliás, um comentário que ouvi ontem foi precisamente "estas gajas agressivas são todas boas". Eloquente.

Eu? Não ou adepto destas coisas. Vou a uma disco para dançar e divertir-me, não para ver figuras. Mas não sou eu quem manda nisto...

sexta-feira, outubro 16, 2009

Salvem os animais!

Esta semana foi aprovada uma legislação para impedir a compra e reprodução de animais exóticos e de grande porte por particulares e empresas.

Significa isto que os circos deixam de poder permitir que se reproduzam leões, tigres, ursos, cobras, quiçá até Cardinalis, nem poderão adquiri-los. Ou seja, dentro de poucos anos, teremos circos sem animais.

Queixam-se os empresários circenses de que isto lhes arruinará o negócio. É provável. Daqui a uns anos lá teremos mais uma data de gente com o rendimento mínimo garantido (onde é que o encantador de hamsters vai arranjar emprego?). A meu ver, o problema não será tanto a aquisição ou procriação destes animais, mas as condições em que estes são mantidos, na grande maioria das vezes deploráveis, em regime de autêntica escravatura. Aliás, para quem estiver minimamente atento, é possível ver a tristeza nos olhos dos animais.

Agora... a minha pergunta ao director do Instituto de Conservação da Natureza é a seguinte: não se poderia alargar esta medida à política???

É que se me dissessem que num espaço de 10 anos, os políticos actuais desapareceriam, aí sim poderia considerar Portugal como um país com um futuro radioso!

Senão, vejamos a idade média dos políticos nos lugares cimeiros do Partido. Os fundadores do PSD, PS e PC ainda estão lá quase todos! E mesmo os que são um pouco mais novos, falam e agem como se tivessem 150 anos!!!

É que já chateia ver noites de eleições em que um partido sobe o n.º de votos enquanto os outros perdem todos, mas todos consideram ter sido um sucesso estrondoso. E como é possível que a presidente do PSD não reconheça o fracasso retumbante? Os laranjas só ganharam as Europeias porque os rosas cometeram o maior erro de Casting da história, ao mandar o avô cantigas para Bruxelas! Em contrapartida, o mesmo se poderia dizer da derrota laranja nas legislativas. Um candidato mais interessante e com o mínimo de carisma teria ganho sem grandes problemas.

Pelo menos o Bloco reconheceu uma derrota nas autárquicas, embora eu sempre ache que não faz qualquer sentido analisar os resultados destas eleições a nível nacional. As pessoas votam no candidato, na pessoa. E de preferência, que não tenha já um pé em Bruxelas, como muitos rosas. A única câmara do Bloco é de uma autarca que é assumidamente a favor de touradas e rodeios, algo a que o próprio partido fazia claramente questão de ser contra. Enfim, pelo menos nesse não há asfixia democrática, ao contrário de outros...

O certo é que, em época de Gripe A, só mesmo a dr. Manuela se esquivou de cumprimentar o povo nas feiras e arruadas. Esperta, a senhora, ainda apanhava qualquer coisa...