segunda-feira, dezembro 13, 2010

Decisões decisivas...

E pois... acabei há pouco de deixar o post sobre a Wikileaks, e já não deixava aqui nenhum registo para a posteridade há bastante tempo.

A questão é que a vida mudou entretanto, e a disposição para vir aqui deixar algo com o mínimo de piada não tem sido muita.

E a vida mudou porque finalmente se consumou a decisão que já tinha tomado há bastante tempo de deixar o emprego para procurar outro.

Vários dos que estão a ler isto agora ainda se questionam o porquê da tomada de decisão, imagino até que haja quem pense "ele não disse tudo, deve haver aí qualquer coisa mal contada...".

Bom, lamento dizê-lo, mas não há.

Aliás, a algumas pessoas que me perguntavam "porquê?", eu respondia com outra pergunta: "mas porque não???". Tenho ambição para mais do que estava a fazer, e o grupo da multinacional em que estava inserida a empresa não promove esse tipo de pensamento.

"Então e porque não procurar, e só sair quando encontrar alguma coisa?"
- Porque embora alguns aguentem bem, a mim cansou-me bastante o desgaste das viagens diárias, de acordar todos os dias pouco antes das 6 da manhã, gastar 3h por dia em viagens, chegar a casa às 8 da noite cansado e sem vontade de fazer nada, devido ao desgaste psicológico do próprio dia de trabalho. E em alguns dos projectos que eu tinha, já não tinha quaisquer ovos, enquanto me pediam omeletes. Claro não foi só isto, foi uma miríade de pequenas coisas que acabaram por se tornar numa grande coisa.

E agora?
Bom, agora aproveito para descansar um pouco, e que bem que me tem feito, enquanto procuro por outras oportunidades. E apesar do mercado estar difícil, elas existem.

Afinal, já dizia o outro: "Yo no creo en oportunidades, pero que las hay, las hay"...

Ok, não era bem assim, mas podia ser... :)

Leve-se o Assange a tribunal, digo eu...

Ocasionalmente, surgem-me comentários aos meus posts que claramente não são feitos por quem os lê. Serão adicionados ao blog automaticamente, por programas automáticos, como robôs. Por isso mesmo se chama a este tipo de programas "bots" (de robots).

Ontem recebi um desses comentários, em inglês, a perguntar se eu não reagia ao bloqueio do Wikileaks pelos USA.

Obviamente, não respondo, limito-me a apagar o comentário. Mas é óbvio que o assunto anda na ordem do dia.

E, sinceramente, eu sou daqueles (poucos, aparentemente) que acham que o senhor Assange devia ser julgado por terrorismo.

Digo isto pela leviandade e irresponsabilidade ao revelar informações que obrigam a substituir embaixadores e são susceptíveis de causar problemas diplomáticos graves em vários países do mundo. E isto no mesmo mundo em que vive o tal australiano.

Claro que há coisas em que não vejo grande mal que se saibam, mas ao indicar, por exemplo, quais as estruturas que os USA consideram sensíveis a ataques terroristas, estão a indicar à Al-Qaeda quais as estruturas que não estão vigiadas, e que podem atacar à vontade...
E ao revelar opiniões de embaixadores, que acham que determinado governante não é mais que um miudo mimado, estão a criar incidentes diplomáticos que atrasam a diplomacia mundial uns 20 ou 30 anos. Os Estados Unidos já tiveram que substituir alguns embaixadores, e porquê? Para que um site da internet possa ter algum mediatismo???

Se quem lê isto acaba de estar com um trengo, e quando ele sai se vira para o amigo e diz "aquele tipo tem um jeitinho que parece gay", não gostaria de ver isso escarrapachado no jornal da terra, no dia seguinte... É precisamente o que aconteceu. No meio de três ou quatro informações que realmente interessam ao público e que deviam ser reveladas por constituir semi-conspirações e atentados à liberdade e tal, há milhares e milhares de coisas insignificantes, de diz-que-disse entre embaixadores e países de origem, que não interessam para nada, a não ser para causar problemas entre esses países... De que raios me interessa saber que o embaixador dos USA na Chrychechnia do Sul acha que o presidente da Chrychechnia do Norte tem três tomates???

Ok, não diz isso no wikileaks, mas a maioria das coisas que lá aparecem, são do género...

quarta-feira, novembro 17, 2010

Emoção em si bemol

Nos últimos tempos, tenho apostado em aproveitar mais a oferta cultural, não apenas da nossa cidade, mas do país.

Nesse sentido, e aproveitando uma oportunidade rara (que aparentemente foi um mal que veio por muito bem), fui ver os U2 a Coimbra. Grande concerto. Muito profissional (demasiado, diria eu), mas muito bom. Mas era tudo muito ensaiado, sem demonstrar grande emoção. Talvez a diferença tenha sido a música que o Bono cantava com o Pavarotti, quando este andava entre nós. O irlandês cantou-a em Coimbra (não está no DVD), e para mim, foi um dos momentos altos da noite.

Mais recentemente, fui ver dois concertos ao Coliseu do Porto. O primeiro foi do Seu Jorge & Almaz. Trata-se de uma colaboração entre o Seu Jorge (famoso tanto pelo CD ao vivo, fantástico, com a Ana Carolina, mas também pela sua participação no Cidade de Deus) e a banda Nação Zumbi, que eu praticamente já não ouvia desde que há uns 10 anos comprei o album Afrociberdelia, também uma colaboração deles com o Chico Science.
Já perto da fase final desse concerto, num encore supostamente improvisado em que surgiu sozinho, após cantar algumas músicas apenas com o seu violão, desata num relato de como saiu das favelas, deixando lá família e amigos, e que muitos deles ainda por lá andam. Disto, passou para alguns comentários sobre a situação de crise financeira que abraça a Europa, indicando que ficava afectado com a situação, ("pô, sou de carne e osso, né?", e remata com um "...e vocês gastaram todos dinheiro para me vir ver cantar", e desata a chorar. E é que não parava. Pousa a viola, e surgem os músicos de apoio, que o abraçam, e assim ficam perto de 1 minuto.

Já na semana passada, voltei ao Coliseu, para ver um dos dois concertos comemorativos dos 30 anos de carreira do Rui Veloso. Muito, muito bom, uma segunda parte fabulosa, lindíssimo dueto com o Pedro Abrunhosa. E chega-se à altura que todos esperavam: o Porto Sentido, música que se tornou claramente no hino não oficial do Norte (mais do que a Pronúncia do Norte, que também cantou em dueto com o Rui Reininho). E heis que no final do primeiro refrão, em que apenas cantava o início, e todo o Coliseu repetia em uníssono, ao chegar ao "...de quem mói o sentimento", larga um "ai, carago", e desata também a chorar, altura em que todo o público se levanta num barulho ensurdecedor, a agradecer ao homem o facto de ser um de nós, apesar de nascido na capital. (*)

Hmm... o próximo concerto a que vou será o dos Moonspell, acústico. Será que o Fernando Ribeiro também irá dar largas à sua capacidade lacrimal? Hmmm... não me cheira...


(*) - O momento da noite está registado em vídeo, não por mim, neste link: http://vimeo.com/16657372

segunda-feira, outubro 18, 2010

Loiras... elas andem aí...

Há mais de 1 mês que não deixava posts novos. A pachorra falta, o tempo para parar e registar alguma coisa também não abunda. E também acontece com alguma frequência reparar em algo que até é digno de registo, mas de que depois me esqueço.

Mas na semana passada, presenciei algo de que dificilmente me esqueço tão cedo, por isso deixo aqui o registo.

No final de um dia de trabalho, lá fui lanchar com um amigo, que depois fez o favor de me deixar no apeadeiro, a tempo de apanhar o combóio. Pensava eu que o combóio que sai de Braga às 19h35 não estaria tão cheio como os anteriores, mas à 6ª-Feira parece que todos os combóios vêm cheios de estudantes, cheios de malas enormes repletas de roupa suja para a mãe lavar. Não é uma crítica, apenas uma constatação, ou não fizesse eu praticamente o mesmo...

Entrei na carruagem, e de imediato vi um espaço com apenas uma pessoa. Em todos os grupos de 4 bancos, virados dois contra dois, havia duas pessoas ou mais, e faz parte da natureza humana procurar um banco com o mínimo de espaço disponível. Sentei-me logo, mas já lá vinha uma jovem, que deve ter tido a mesma ideia, mas vinha de uma entrada mais longínqua, pelo que quando chegou, já eu estava instalado. Lá se sentou em frente a mim.

A jovem até era interessante. Loira, bem arranjada, incluindo calças de ganga justas e camisa convenientemente escolhida para revelar o um pouco (sem ser "oferecida") do peito generoso. Um bom decote, digamos. Antes que comecem a imaginar coisas, a jovem devia ir para o Porto, ter com o marido, pois tinha aliança. Óptimo para ela. Adiante.

Após algum tempo de viagem, e nomeadamente depois de aparecer o revisor, tivemos o mesmo pensamento praticamente em simultâneo: está na hora de tirar o mp3 e deixar-nos embalar pela música.

A jovem loirita lá tira o seu Iphone e os respectivos headphones e coloca-os nos ouvidos. De imediato ouço a música a tocar.

"Mais uma a dar cabo dos tímpanos", penso eu, tal era o som que se ouvia.

Coloco os meus headphones, e entro para o mundo das claves de sol.

A certa altura, já depois de passar por Famalicão, reparo que, mesmo com os meus headphones colocados, consigo ainda ouvir a música dela.

E então reparo porquê...

A jovem tinha colocado os headphones ao contrário!!! Com a saída de som para fora!
Lá tinha conseguido prender os ditos nos lóbulos das orelhas, mas aquilo não é para qualquer um. Eu, se com headphones normais já tenho problemas em que se fixem, quanto mais se estivessem ao contrário!

Será que foi de propósito? Não consigo imaginá-lo, a jovem foi a causar uma pequena tortura à senhora que estava ao lado durante toda a viagem.

Nesta altura, é claro que me ocorreu registar o momento em foto.

Peguei no telemóvel xpto que comprei no início do ano. 1º fiz uma chamada real, para ajudar ao disfarce. Após isto, finjo começar uma nova chamada, quando na realidade estava a colocar o telefone em modo foto.
Tentei uma vez, mas devido ao touch-screen, quando encostava o telefone à cara este entrava para alguma função, que impedia o funcionamento da câmara. À 3ª tentativa disto, penso cá para mim "que se lixe!" e tento tirar uma foto directamente, como se estivesse à procura de qualquer coisa no telefone.

Sabia que a câmara não tinha o som do "click" activado, mas nunca me lembrei do flash...

...

A rapariga ficou especada com um olhar esbugalhado, como quem pensa "será que grito? será que lhe dou com a bolsa que tem o tijolo dentro?". De imediato pedi desculpa, e acabei por apagar a foto com o telemóvel praticamente virado para ela, de modo a que percebesse que estava a apagar. Ainda disfarcei mais um pouco, como se não soubesse muito bem trabalhar com o raio do aparelho, até guardá-lo, ainda embaraçado.

O pior é que acredito que a jovem tenha pensado que lhe tenha tentado tirar uma foto por ser atraente, e não por não saber usar os headphones... Bom, pelo menos fez-lhe bem ao ego, mas continua a ser pouco inteligente... (suponho)

quarta-feira, setembro 08, 2010

Descanso de férias

Aaahhh... férias...

É tão bom estar em férias... Não fui para lado nenhum, fiquei por casa, o que não é nada mau. Não há horário para levantar, não há ninguém a chatear para sair de casa a horas de ir para a praia, não há autocarro de excursão para apanhar.

Mas volta e meia a coisa corre mal. Hoje foi um desses dias.

Logo de manhã, acordo com a minha gatinha linda e fofinha, a dormir ao meu lado, na cama. Após algumas festinhas e um ronronar que sabe tão bem ouvir, viro-me para sair da cama, e o meu pé toca em qualquer coisa molhada. Pronto... esta gaja maldita já fez das suas, ainda por cima na cama!!! (note-se a passagem de bestial a besta mais rápida do que no caso Queirós)
Não foi bem o caso, após acender a luz vi que tinha vomitado. Ela, ocasionalmente, vomita o que come, suponho que tenha a ver com tipos de comida. E durante a noite lá lhe saiu, não pôde evitar. O facto da gosma estar numa extremidade da cama leva a crer que tentou sair da cama quando reparou no que estava para acontecer, mas não terá conseguido sair a tempo. Nota mental: nada de filetes de pescada para a gata nos próximos tempos.

Paciência, acontece.

Arranjo-me, faço alguns exercícios, numa vã tentativa de definir um bocadito o corpanzil, ouço um alarme na rua, mas ao olhar para fora não reparo em nada de especial, tomo um banhinho, visto-me, envio uns CV's, e ligo a um amigo para organizarmos o almoço em conjunto, tal como previamente combinado no dia anterior. Pede-me para nos encontrarmos às 13:15 no Norteshopping. Combinado. Como já não faltava muito, mas não me adiantava ir já, fiquei entretido a jogar um pouco de ténis na Wii.
Heis que chegam as 13:10, e desloco-me para o meu carro, estacionado à porta do prédio. Má sorte, tinha deixado os mínimos ligados, o carro estava totalmente sem bateria.
O alarme que tinha tocado de manhã, era o meu, a avisar que estava a dar as últimas.

Paciência, acontece.

Rapidamente fui buscar as chaves do carro do meu pai, que está permanentemente estacionado no meu lugar de garagem, aguardando pacientemente que a minha mãe ganhe coragem para voltar a guiar, e lá vou eu, já atrasado, para o almoço.

No regresso, estaciono junto do meu carro, e procedo às manobras de reanimação, com os cabos de bateria, que estão sempre na mala. Após ser bem sucedido na ressuscitação da minha viatura, e de a ter deixado correr o motor um pouco, lá desligo, e vou estacionar o carro do meu pai na garagem. Logo a seguir, volto para o meu carro. E nessa altura reparo que não deixei a bateria recarregar tempo suficiente, o carro acende as luzes mas não consegue ligar o motor.

Paciência, acontece.

Deixei o carro lá morto, e decido voltar às manobras de reanimação mais tarde, não vá os vizinhos repararem na cena e acharem que sou totalmente totó. Saio do carro com aquela pose típica do "está tudo controlado, era mesmo isto que eu queria fazer", e venho para casa.
Fui dar uma corrida ao parque da cidade, ao qual, mais uma vez, não consegui dar a volta completa sem parar. Ainda não tenho resistência para tal, começo a atrapalhar-me com a respiração e não aguento mais de 3 ou 4km. Que é como quem diz: à volta de 10 minutos.

Volto para casa, tomo um banhinho, e fico a ver o jogo de Portugal, em que a nossa selecção perde ingloriamente com a Noruega. Pronto, mais uns dias a falar no maldito caso Queirós. Eu não sou nada adepto do homem, mas isto que lhe estão a fazer é uma fantochada.

Após o final do jogo, saio de casa, e vou jantar ao Edifício Transparente. Janto como um alarve, na Cufra, e volto para casa. Tinha ido a pé para abrir o apetite, e fico contente por regressar a pé, para que a digestão seja mais fácil.

À chegada, como que num movimento contínuo, dirijo-me de imediato aos carros, estacionados lado a lado, e volto às manobras de reanimação. Deixo o carro correr um bom pedaço antes de desligar o do meu pai. Fecho-o, e entro no meu, para ir dar uma volta, para ter a certeza que a bateria recarrega o suficiente para que no dia seguinte não tenha problemas.

Basicamente, naquela do "já agora... anda-se mais um bocadinho", acabei por dar a volta ao Porto, não sem antes ir dar uma volta às imediações do Bairro do Cerco, por ter falhado a saída da VCI para o Freixo, e ter ido na direcção Gondomar. Ao fazer inversão de marcha, quase entrava directamente para o Bairro. Dizem que já não está tão mau, mas às 11 da noite, preferi não ir confirmar.

Passo ainda por casa dos meus pais, para trazer umas tralhas que lá tinha, e ainda bem que o fiz, porque enquanto lá estava deu-me para expulsar boa parte do jantar, numa forma que ainda ilude alguns cientistas, pois não era sólido, mas também não era bem líquido. Aaahhh, pelo menos sinto-me mais leve.

Paciência, acontece.

Venho para casa, contente pelo carro ter pegado quando o liguei, à saída de casa dos meus pais (tinha-o deixado à beira da garagem, porque se se desse o caso de não pegar, era fácil deixá-lo ali para o dia seguinte).

Estaciono a viatura no mesmo sítio de onde tinha saído, e venho para casa.

Ao entrar na cozinha, reparo que pisei merda. Não num sentido metafórico, como quem encontra uma situação que está mal, e vai lá torná-la pior ainda. Não, pisei merda mesmo. Calquei uma poia algures, provavelmente nesta parte final, à entrada do meu prédio. Para ajudar, estava de sapatos Wella, daqueles com uma sola jeitosa, cheia de rasgos onde o montezito de poia se pode enfiar livremente, mas dos quais é difícil retirá-lo, algo a que me dediquei, já perto da 1 da manhã, auxiliado por um jacto de água quente.

Paciência, acontece.................................... irrrrrra!

segunda-feira, agosto 30, 2010

Romenos pra casa!

A Europa e o mundo ocidental andam algo chateados com o Sarkozy por querer expulsar os ciganos romenos e búlgaros.

Agora veio também sua santidade o Papa apelar ao bom senso. Pois sua santidade nunca deve ter andado de combóio com uma catrefada romenos ciganos. Sua santidade e os opinion-leaders que reclamam deste acto bárbaro nunca devem ter inalado o ar fétido e pestilento, impossível de descrever, que fica entranhado nos tecidos das carruagens depois de uma horde de 20 ou 30 romenos percorrerem o trajecto Porto-Braga.

Mesmo nos dias em que não aparecem, o cheiro está lá...

E nem é só o cheiro. É o barulho. Por alguma insondável razão, não conseguem falar baixo, não conseguem manter uma conversa com um nível sonoro aceitável para uma situação social.

Sua santidade nunca deve ter tentado adormecer no final de um dia longo de trabalho e não conseguir pelos berros incompreensíveis. Nem lhe devem ter tentado vender sandálias Lacospe ou Reetruck. Muito menos deve ter tido que aguentar o banquete de frango às 7 da manhã, cujos restos fazem questão de atirar desde a porta da carruagem para um monte de lixo que se vai acumulando na estação da Trofa. Ou melhor, ia, porque com a estação nova não têm para onde atirar os restos.

É claro que este tipo de iniciativas é inútil, pois sendo a Roménia e Bulgária parte integrante da União Europeia e do espaço Schengen, terão todo o direito de voltar a França, passado pouco tempo. A meu ver, a opção mais justa e quiçá humanitária seria tentar integrar este povo na sociedade, com formação e apoio social. Mas isso custaria dinheiro, e os outros todos que estão em casa a receber o RSI (pois esse não é um mal exclusivamente português), pensam "então estes vêm de fora e ainda são ajudados? Então e eu, que sou nativo???". Pois, mas esses não cheiram a presunto rançoso, até porque o RSI dá para pagar shampoo, o gel de banho, a loção pós-banho, a massagem no spa, o mercedes para ir até ao spa, etc, etc...

Mas não posso culpar o baixito presidente de França. Sua santidade, já que curte lavar uns pézinhos uma vez por ano, faça algo de útil à sociedade venha para a estação de Braga, já que perto da estação central tem uma bomba de gasolina, onde a horde romena costuma lavar os pés após a longa e desgastante viagem...

PS: Antes que me acusem de xenofobia, já conheci romenos muito porreiros... e não tenho nada contra os ciganos! Dá-lhe Quaresma!!! :)

quarta-feira, agosto 18, 2010

SCUTando...

Já vamos a meio de Agosto, e ainda não foram introduzidas as portagens nas SCUT. O projecto de obrigatoriedade dos chips nas matrículas foi cancelado na Assembleia da República, sendo agora apenas facultativo. E não se sabe se os residentes serão isentos (o que seria a maior parte dos utilizadores!), e como cobrar aos estrangeiros. O normal neste país.

No fim deste texto, apresenta-se as taxas de portagem para a zona do Porto. Se alguém quiser, também tenho as da costa de prata e norte litoral.

Oras... fazendo as contas, a opção mais barata, para o percurso que faço todos os dias, seria pagar 0,70€ por trajecto, ou seja, 1,40€ por dia. Hmm... façamos contas... noves fora... tal e coisa... num mês de 21 dias úteis, isto seriam 29,4€ de rombo no orçamento.

Bom, dizem os de Lisboa que já que eles têm auto-estradas pagantes, nós também temos que pagar as nossas. Mas reparemos que a extensão da A4 até Matosinhos poderia ser equiparada ao Eixo Norte-Sul na capital. Enfim, um Eixo Este-Oeste... E o de lá de baixo não é portajado.

Note-se que eu nem discordo com o pagamento das SCUT’s. Mas a filosofia de “vamos criar uma auto-estrada sem custos hoje, e daqui a uns anos talvez se venha a pagar” é que me faz confusão. Se as pagássemos logo desde início, ninguém reclamava. Claro que nesse caso, nunca lhe poderíamos chamar “SCUT”. Se calhar foi isso: alguém inventou a sigla e quis ficar na história por isso, mesmo sabendo que depois passariam a “CCUT” (Com Custos para o UTilizador...), o que já não soa nada bem. Mas pagar agora, passados vários anos, não faz sentido.

Claro que não está em causa a “via alternativa”, que alguns dizem ser a razão para não devermos pagar as vias novas. Isto é ridículo. Dizer que não há alternativa é dizer que a Maia está inserida numa ilha coberta de água, e a única forma de lá chegar é pelo IC24 (A28) ou A4... É claro que podemos seguir pelas estradas nacionais, e demorar mais 2 horas para fazer Porto-Valença, por exemplo. Só paga para chegar mais depressa quem quer, ou quem precisa. É lógico.

Por mim, vou boicotar a iniciativa governamental. Mas não me vou envolver em buzinões que só dão cabo da paciência a quem usa a estrada, nem em greves que só servem para perder 1 dia de salário. Simplesmente, assim que se iniciar o pagamento, evitarei ao máximo as portagens, e passarei a percorrer o caminho mais longo, que envolve a VCI, que é como quem diz, vou demorar bastante mais tempo a chegar a casa, ao final da tarde. Já antevejo o regresso aos bons velhos tempos, em que para chegar de Ermesinde à Foz, ao final da tarde, demorava mais de 1 hora. Não é que não concorde com as medidas de austeridade para ajudar o país a sair da situação em que está, mas também gostava de ver medidas como a da redução de salários dos governantes, incluindo os Secretários de Estado, como em outros países (medida envolta em grande polémica por cá...). Ou seja, que se combata a despesa, ao invés de procurar mais receita...

segunda-feira, agosto 16, 2010

A virtude na estrada

Todos os anos se fala no número de mortos nas estradas portuguesas.

Culpa-se o excesso de velocidade. Às vezes o estado das estradas.

Eu não concordo. É verdade que muitas estradas podiam ser feitas "como deve ser", e não remendadas com bocados de alcatrão martelado, que sai com a primeira chuvada. É verdade que muita gente ainda ganha muito dinheiro com alterações ao que estava estipulado no caderno de encargos, o que invariavelmente resulta em pisos a abater e falhas graves no pavimento.

Mas eu ainda acredito que a maior parte dos acidentes na estrada ocorrem porque os condutores não têm cuidado, e muito menos civismo. Todos conhecemos imensa gente que se acha um Fangio na estrada, e melhor do que todos os outros. Todos são burros, excepto o típico Tuga F1. Para ele, a estrada é uma pista, é uma extensão do seu ser, e a sua máquina nada mais do que o seu membro sexual, pois é com ela que gosta de se vangloriar às mulheres e causar inveja aos outros homens.

Mas isso vem muito da educação que é dada aos futuros assassinos, oops, queria dizer condutores.

O exemplo que aqui apresento é uma foto tirada por mim, na zona final da A4, já a chegar a Matosinhos. Um jovem aprende a conduzir exactamente pelo meio da estrada. Essas indicações de "conduza pela direita" são para os tansos, "porque pode sempre aparecer um idiota disparado da direita, e aqui no meio tens boa visão para toda a estrada", dirá o instrutor.

Poderão dizer alguns mais atentos "ah e tal, mas logo a seguir ele vai ter que se chegar à esquerda, para seguir para Matosinhos, senão vai para o Porto". A questão é que eu já vinha atrás deste supra-sumo da condução há algum tempo, sempre pelo meio da estrada. "ah, mas daqui a 5km vais ter que te chegar à esquerda, por isso vai-te chegando", diria o instrutor, feliz por ensinar o jovem a prever o futuro... e todos os outros que se lixem!

quinta-feira, julho 22, 2010

Os Vips também se encontram

Num país pequeno, e com a proliferação de pseudo-vips que decorre actualmente na nossa sociedade, não é tão difícil e improvável encontrar pessoas conhecidas em locais públicos. Basta ir a alguma discoteca badalada e lá estão eles, na "zona vip", a empaturrarem-se de acepipes e bebidas gratuitas, enquanto o zé povinho paga para poder dizer aos amigos que os viu na noite.

Mas às vezes acontecem cenas caricatas.

No domingo passado, após ver o jogo de apresentação de meia equipa do FCP, tinha ficado combinado encontrarmo-nos no Arrábida, para uma sessão de cinema. Mas como algumas pessoas não conseguiram sair do parque do Dolce Vita, acabamos por rumar para lá de novo. Vimos o filme novo do Tom Cruise e com a Cameron Diaz (digo "do Tom" porque ele é produtor do filme, por isso, tecnicamente, o filme é mesmo dele). Entretido e nada mais que isso.

À saída, quase toda a gente tinha o carro em locais diferentes. Eu tinha o meu no -2. Saí do elevador, despedi-me de um amigo que tinha o carro perto dessa entrada do shopping, e dirigi-me para o meu carro, que estava junto a outra entrada.

Diga-se que a 2ª cave do parque de estacionamento do Dolce Vita, por volta de uma meia-noite de Domingo, tem muito pouco movimento...

Enquanto me dirijo para o carro, reparo em 3 vultos negros, que andam também no parque. Parecem... estranhos, todos de negro, meio alternativos.

À medida que me vou aproximando do carro, eles também vão ficando mais próximos, e parecem-me familiares... e também me parecem perdidos.

Olho pelo canto do olho e de facto reconheço! São a Sónia Tavares (dos Gift), o Fernando Ribeiro (dos Moonspell) e outro que não conheço, provavelmente também parte dos Amália Hoje, projecto dos dois primeiros. Ouço-a dizer "vamos atrás daquele senhor, parece saber para onde vai..."

Exceptuando o desagrado pelo "senhor", achei piada à coisa, parei e virei-me para eles.

"Estão perdidos, suponho?"
Ela: "Sim! Completamente! Só queremos encontrar uma saída para a rua!!!". Por acaso a rapariga parece ser simpática.

Indiquei-lhes a entrada à beira do meu carro, tinha escadas que davam acesso ao shopping. Assim que viram as escadas, agradeceram e desataram a correr por ali acima, como se não houvesse amanhã.

Estavam lá para servir de júri num concurso de bandas amadoras, e acabaram por se perder no final daquilo tudo.

Bom, pode ser que no próximo album dos Amália Hoje, deixem lá "um agradecimento muito especial ao senhor alto de cabelos grizalhos, porque sem ele ainda estaríamos às voltas no parque do Dolce Vita, por esta hora!"...

terça-feira, junho 22, 2010

Aos meus amigos: Obrigado

Na semana passada, fiz 35 anitos.

A meu ver, considero que entrei agora, oficialmente, na meia-idade. Afinal, se depois dos 70 já não só “o” conseguir levantar com Viagra, a vida deixará de fazer muito sentido. Deve ser muito complicadinho para a psique de muitos homens ter que pensar “ok, se daqui a 3 ou 4 horas há a remota hipótese de ter uns minutos de sexo com aquela sexagenária boazona, então tenho que tomar a pastilha azul agora. Se correr mal, lá vou ter que andar à cowboy, com cuidado para não cair para a frente com o peso...”.

Bom, mas isso agora não interessa nada.

Nestas alturas de aniversários, é normal o ser humano envolver-se num processo altamente masoquista e deprimente: a retrospectiva da vida até agora. A velha máxima filosofal do “Quem sou? De onde vim? Para onde vou?”. Não sou daqueles auto-iludidos que com falsas modéstias dizem “eu? Eu não me arrependo de nada, não mudava nada na minha vida”. Nada disso. Se há coisas que são naturais da idade (leia-se: erros naturais da idade da parvalheira), pelos quais toda a gente passa e sem eles não podemos evoluir e crescer, há outros que poderiam ser perfeitamente evitáveis. E tenho algumas situações dessas, há claramente coisas com as quais acho que poderia ter lidado de forma diferente (para melhor, diria mesmo para muito melhor). E claro, há esse evento ao qual cheguei escandalosamente atrasado, e que me poderia ter mudado a vida toda. Até o próprio facto de estar a escrever isto num combóio, às 7h30 da madrugada, tendo como companheiro de viagem um cinquentenário com (aparentemente) alguns problemas em manter o catarro do fumador dentro da goela, além das personagens de sempre, me leva a pensar que mesmo profissionalmente, a coisa poderia ter resultado melhor.

Bom, mas o facto é que, por considerar que a data possui alguma relevância, tentei juntar alguns amigos para uma bela noitada. Não pude juntar todos, pois seria logisticamente impossível, mas pelo menos aqueles que mais me têm acompanhado nos últimos tempos. E foi muito bom. É bom sentir o carinho de quem trabalha connosco, e de quem já nos acompanha há uns anos. Durante o jantar disse a uma pessoa que a maior parte das coisas na vida vâo e vêm, mas os (bons) amigos ficam. É um cliché, mas é bem verdade. Estava a precisar desse reforço positivo, deu-me forças para seguir em frente, depois de um ano muito complicado. E, para já, nem preciso de ouvir falar em Viagra....

Há uns dias, respondia a um comentário de uma amiga, pelo Facebook, sobre a solidão, indicando que apesar de me considerar um solitário, não me vejo como uma pessoa sozinha, a meu ver são conceitos totalmente diferentes. A isso se devem as pessoas que nos rodeiam e enchem a nossa vida com motivos para a encarar com um sorriso.

Isto para dizer que, apesar de alguns arrependimentos, apesar de algumas coisas poderem ter corrido melhor, sinto-me bem. A culpa é vossa: obrigado, amigos!

domingo, junho 06, 2010

O Fax do Crato

Cenário: Escritório do local de trabalho, apenas eu e um colega lá estávamos.
Hora: Meio da tarde, seriam umas 15h.

Somos 3 pessoas a fazer exactamente a mesma coisa, cada um na sua secretária, que estão juntas. É normal, quando toca o telefone, um de nós atender. Questão de solidariedade profissional, ética, o que seja.

Pelas 15h toca o telefone do meu colega. Levanto-me para atender, era um número com um indicativo que eu não reconhecia (245). Atendo, ouço ruídos estranhos, volto a desligar.

Passado 1 minuto, toca de novo. Levanto-me para ir atender, é o mesmo número. Atendo, e ouço o mesmo ruído. Apercebo-me que é um número de fax, e volto a desligar.

Passado mais um pouco, toca novamente. Vou ver, é o mesmo número. Começo a ficar algo irritado, e nesta altura comento com o meu colega a situação. Deixo tocar, e tocar, na esperança que se cansem e reparem que não conseguem estabelecer a ligação. Passado algum tempo, que pareceu interminável, pára o toque.

1 minuto passado, volta novamente a tocar, e o mesmo número... Atendo, e na esperança que seja daqueles telefaxes em que se ouve um pouco quando alguém atende do outro lado, largo um sonoro berro, a indicar que "este não é um n.º de fax, é um telefone fixo!". A seguir a isto, a chamada cai. "Resultou!", penso eu.

Engano meu, logo a seguir toca novamente. Agora digo ao meu colega, em jeito de brincadeira, que atenda, que já sei que é para ele. Ele, coitadito, assim o faz, mas apercebe-se que é sinal de fax e desliga. Logo a seguir toca novamente. Ele volta a atender, mas desta vez deixa o auscultador fora do telefone. "Pelo menos pagam a chamada toda", diz ele. Após algum tempo, volta para confirmar se já desligaram, e volta a pousar o auscultador.

Mais dois minutos e novo toque. Já visivelmente irritado, lembro-me de pesquisar o número que surge no ecrã do telefone no Google. E aparece como sendo do Posto de Turismo do Crato.

Do Crato? Um município alentejano? A que propósito? No mínimo, deve ser engado. Bom, nada melhor do que ligar para lá e alertar para o erro que estão a cometer, penso eu, na minha boa fé.

Ligo para o Posto de Turismo. À pessoa que atende, tento explicar a situação...

"Ah, só um momento." E passa para um colega. Volto a explicar a situação "boa tarde, estou a ligar de uma empresa em Braga, e estamos, há cerca de 20 minutos, a receber o que penso ser uma tentativa de envio de um fax, do vosso número, e queria alertar porque deverá ser um erro no número, já que estão a enviar para um telefone de voz". Penso que mais claro, seria difícil. "Ah, vou passar à técnica superior, só um momento".

...

"Está lá?"

Volto a explicar à Técnica Superior toda a história.

"Estão a enviar para cá um fax???"
"Não... estamos é a receber uma tentativa de envio de fax do vosso número de fax!"
"Mas... nós não temos fax!"
"Mas surge na vossa página da Internet! "Posto de Turismo do Crato"!!!"
"Ah, bom, isso é porque esse número pertence à Câmara Municipal do Crato, na realidade não é nosso. Mas eu dou-lhe o número de lá"

A senhora lá me deu o número, e eu que nem ousasse pedir-lhe para ligar para a conterrânea ela própria, afinal ela é que era a Técnica Superior... (note-se nas iniciais maiúsculas para dar ênfase ao cargo)

Liguei para a C.M. Crato, e passa-se a mesma cena. Passam a chamada duas vezes até chegar a alguém, alegadamente, "responsável".

Digo à senhora a lengalenga que, por esta altura, já estava farto de repetir, ao que, após ter que clarificar de onde ligava (terra), o meu nome, e de que empresa ligava (algo importantíssimo para interferir na decisão de olhar para o gabinete do lado e ver se estavam a enviar um fax!), lá disse "muito bem, vou ver se de facto algum colega está a tentar enviar um fax. E para que número seria, então??"

Tento explicar que devia ser mesmo equívoco, mas para não entrar em discussões sobre o sexo dos anjos, lá lhe indiquei o número correcto do nosso fax (na gerência).

"Muito bem, irei alertar o colega. Muito obrigado pelo seu alerta, iremos tratar do assunto. É para isso que cá estamos". E desligou.

"É para isso que cá estamos???"

Esta última conversa foi em alta-voz, pelo que no final da chamada, foi difícil conter o ataque de riso entre mim próprio e o meu colega....

segunda-feira, maio 17, 2010

Casamento gay: salvação para a crise???

E pronto, o Papa já foi embora, já podemos aprovar a lei do casamento homossexual. O presidente promulgou-a hoje, apesar de contrariado.

Apesar de não gostar do homem, e da sua forma de governar, gostei do discurso. É óbvio que isto é um fait-divers enquanto o país se afunda, é óbvio que há coisas muito mais importantes a discutir. É óbvio que se ele não concorda, não adiantaria muito rejeitar a coisa, iria passar à 2ª no parlamento, com a preciosa colaboração do PCP e Bloco de Esquerda. É curioso serem estes partidos tão ferverosos adeptos da homossexualidade. Oops, da união oficializada de pessoas do mesmo sexo, entenda-se... O que diria Trotsky, se pudesse estar agora frente a frente com o Louçã?

Não partilho da mesma opinião do presidente, quero lá saber se os gays se casam ou não. Já não penso assim quanto à adopção, mas isso são outras histórias. Por isso espero que isto faça crescer ainda mais a indústria de casamentos, que tem decrescido um pouco nos últimos anos, volte a florescer. Flower power, baby!

Mas agora, seguramente, a Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's vão subir o rating de Portugal uns 2 ou 3 Pontos, vamos voltar a ser AAA num instante! Afinal, os USA ainda mantêm um rating elevado, e vejamos:
- Março 2010: Ray Ashburn, Senador pela Califórnia, activista anti-gays, é apanhado a sair de um bar gay, bêbado e com um rapaz gay no carro; (1)
- Agosto 2007: Larry Craig, um outro senador (Idaho), verdadeiro "macho", ou não fosse vice-presidente da NRA (associação de armas americana, a tal que insiste no direito de toda a gente usar armas em toda a parte), é preso por conduta imoral numa casa de banho pública, com um rapaz a afinfar-lhe o traseiro (justificou-se em tribunal dizendo que, na altura, estava a apanhar um papel que tinha caído ao chão...); (2)
- Janeiro 2009: O pastor evangélico Ted Haggart, líder de uma igreja com 14.000 fieis, admite já ter tido mais que uma relação homossexual. Ajoelhou, vai ter que rezar... (consta-se que não era bem isto que dizia aos seus acompanhantes); (3)
- Agosto 2004: Jim McGreevy, governador de New Jersey, admite ser gay e ter tido uma relação extra-conjugal com o conselheiro para a segurança. (4)
- Maio 2010: George Reeker, um auto-intitulado paladino contra os gays, e activista pela causa hetero, é apanhado numa viagem ao estrangeiro de 10 dias com um prostituto, contratado no site rentboy.com... (5)

Enfim, para quando um Jerónimo de Sousa a sair do armário? Ou quiçá até um Carlos Queirós admitir que dá conselhos sobre a cor de cabelo com que pintar o Fernando Ruas? E porque não uma Manuela Ferreira Leite apanhada a esticar a perna debaixo da mesa para chegar ao ponto sensível de uma Odete Santos??? É para o bem da pátria!!!

E para que não digam que inventei, aqui ficam as fontes:
1 - http://www.bvblackspin.com/2010/03/05/anti-gay-politician-roy-ashburn-catches-dui-leaving-gay-club/
2 - http://en.wikipedia.org/wiki/Larry_Craig#2007_arrest_and_consequences
3 - http://www.nydailynews.com/news/national/2009/01/30/2009-01-30_ted_haggard_acknowledges_second_relation.html
4 - http://en.wikipedia.org/wiki/Jim_McGreevy
5 - http://en.wikipedia.org/wiki/George_Reekers ou http://realcelebrity.info/colbert-goes-in-on-anti-gay-politician-caught-with-%e2%80%9crentboy-com%e2%80%9d-friend-at-airport-video/

quinta-feira, maio 13, 2010

Kiss Here, Pope!

Mais um dia Papal em Portugal. Hmm... gosto desta sonoridade... "Portugal Papal".

Juntaram-se 500 mil almas em Fátima, com relatos de êxtase para quem via o senhor. Ainda não há um escrutínio de quantos quantos desses terão ficado sem carteira.

Por acaso não vi a chegada do homem a Portugal, mas agora fiquei a pensar... O seu antecessor, o bonzinho João Paulo II, quando chegava a qualquer lado, a primeira coisa que fazia era beijar o chão do aeroporto. Nunca o vi, à saída do país, fazer com que a última coisa a fazer fosse chegar a face ao alcatrão para ver se recebia uma beijoca de volta. Mas aí está uma coisa que nunca fiz: dar uma beijoca no pavimento. Eu diria que deve haver pouca coisa menos higiénica. Ok, lembro-me de algumas, mas tenho que manter este blog um repositório de textos de cariz familiar.

Será que em cada aeroporto havia um local marcado no chão para o Papa beijar? Uma seta a dizer "Please Kiss Here"? Quiçá limpo na véspera? Como seria se por acaso calhasse do homem beijar um local onde repousasse uma vulgar pastilha elástica, como infelizmente se vê tanto pelos passeios deste país? Ou então como seria num dia de 40º à sombra, a chegar a um aeroporto no Kénia e a ficar com a boca cheia de alcatrão derretido!

Mas imagino como se tenha iniciado essa tradição: tal como aqueles que, quando caem numa zona cheia de gente, tentam levantar-se da forma mais harmoniosa possível, como quem indica a quem quiser saber "eu queria fazer isto, foi de propósito!", provavelmente um dia o homem tropeçou no último degrau da escada do avião e foi directo ao alcatrão. Ao levantar-se lá terá dito "err.. sim, eu fiz de propósito...er... fui... beijar o chão, porque... huh... o considero sagrado?", e a partir daí teve que fazer isso sempre que partia em tournée... Só nunca recuperou aqueles 2 dentes que deixou no nível 0.

Já o Bento XVI... de facto não o imagino a dar um linguado ao pavimento quando chega a qualquer lado. Tem mais ar de quem vai fazer uma revista às tropas.

Mas o povo fica feliz... juntando o Papa e Jesus a dizer que já vai ganhar a liga dos campeões, e o país nem repara que nos vão aumentar os impostos de forma drástica, apesar do crescimento económico fantástico de 1% no último trimestre... Nunca fomos tão religiosos!

PS: Antes que receba algum comentário azedo de algum cristão, lembro que estamos num país democrático que pratica a liberdade de expressão, e que os tempos em que se acabava com o programa do Herman José por mexer com figuras sagradas já lá vai há muito... Hoje em dia a censura só aparece se eu começar a comparar o Sócrates à Virgem Maria. Oops! Delete, delete! :)

quarta-feira, maio 12, 2010

O Papa. Sem compromisso.

Numa altura em que o país está parado para abrir caminho para o Papa, pouco mais se passa neste país...

Com tanta discussão sobre redução do défice, gostaria de saber quanto custa a viagem do sumo pontífice. Só a missa no terreiro do paço terá custado cerca de 200 mil euros. Mas o que não se contabiliza são os custos para o país da paragem dos funcionários públicos, autorizados a faltar por tolerância de ponto. Por falar nisso, o que fazer com os funcionários públicos de outras religiões? Será que podem também faltar esta semana? Ou será que poderão tirar um dia de tolerância quando o Richard Gere vier a Portugal? Ou o Dalai Lama???

Eu não sou católico, como tem sido provado em posts ao longo dos anos. Nunca iria ver o Papa, nem que desse autógrafos. Que me perdoem os católicos, mas este Ratzinger tem qualquer coisa de sinistro, tem um ar estranho, cínico, mafioso. Mas não critico quem vá lá vê-lo e sinta nisso uma paz e conforto difíceis de alcançar de outra forma. Talvez até inveje essa capacidade, principalmente nesta altura da minha vida. Mas não é isso que me fará gostar do homem, muito menos acreditar nas doutrinas eclesiásticas.

Mas nesta fase da vida da sociedade portuguesa, tinha piada que a visita do Papa se revelasse um reflexo do estado desta mesma sociedade. Ou seja, o Papa chegar ao fim da missa no Santuário de Fátima no mesmo estado em que a maioria dos peregrinos que lá vão, ou seja: sem carteira. E ao passear no papamovel por Lisboa, ali entre o Terreiro do Paço e a nunciatura, ser vítima de Carjacking, para descobrirem 2 dias depois que o Papamóvel já estaria em Angola, onde cidadãos insuspeitos ofereciam o dobro ou triplo por uma versão em vermelho berrante. Será que neste caso se chamaria Papajacking?

De qualquer forma, para prevenir qualquer acidente com o Papamovel, principalmente se o condutor for português, seria bom se o homem tivesse um seguro como o que me ofereceram ontem. Ligaram para casa, como habitualmente à hora de jantar, para tentarem impingir um seguro. Uma companhia que nunca tinha ouvido falar... Alix, Alisso, qualquer coisa assim. O diálogo foi qualquer coisa como o seguinte:
- Estou a falar com o senhor André Pinheiro?
- Sim...
- Estou a apresentar o novo seguro da Alico, que estamos a introduzir no mercado, sem compromisso. É um seguro de saúde inovador e que lhe dá grandes vantagens em internamentos hospitalares.
- Mas eu já tenho seguro de saúde, estou coberto pela Médis.
- Er... mas sabia que com o nosso seguro, se tiver um acidente de automóvel e ficar hospitalizado, por exemplo, 1 mês, pode ganhar entre 1500 a 2000€, pagos pela Alico?
- Hmm? Está a dizer-me que se eu assinar o vosso seguro, posso ir a seguir espetar-me contra um muro que ainda me pagam por isso??
- Er... pois... não, não é bem assim, temos cláusulas contra as tentativas de suicídio. E há outras condicionantes.
- Espero bem que sim, senão o país arrisca-se a ver aumentada a sinistralidade rodoviária com o vosso seguro!
- Não, pois, não é bem assim, claro que há regras. Mas se quiser, envio-lhe mais informação, tem 2 meses de cobertura gratuitos, e só se não quiser assinar o contrato é que, no final desses dois meses, deve contactar-nos para não avançar mais.
- Huh? Então estão a oferecer-me uma coisa, e se eu NÃO quiser é que tenho que ligar? Não devia ser ao contrário?
- Não, no nosso caso, apenas deve ligar se não quiser usufruir do serviço, para os seus dados (perguntou-me a idade para fazer uma alegada simulação), ficaria apenas por 12€/mês. Posso enviar-lhe a documentação, sem compromisso.
- Mas então estão a oferecer-me um serviço, dizem que é sem compromisso, e se eu não fizer nada ao fim de dois meses fico com o serviço? Então a aceitação agora neste telefonema é um compromisso!!!
- Não, só ao final de dois meses é que pode, se quiser, recusar, e nessa altura cancela-se tudo, sem compromisso.
- E continua a dizer que é sem compromisso? Então se eu tenho que ligar a dizer que NÃO!, caso contrário é formalizado automaticamente, é porque é um compromisso!
- Não, nessa altura basta um telefonema para não se avançar mais, sem perguntas, sem compromisso.

- Olhe... não estou interessado, sem compromisso.

E desliguei. Pareceu-me marosca. Sem compromisso. Gosto de ser descomprometido...

domingo, maio 09, 2010

O regresso... PSD's e TGV's

O último post que aqui deixei tem quase 2 meses. Confesso que não tenho tido grande pachorra para escrever algo, a vida tem altos e baixos.

Mas desde que escrevi, a 11 de Março, várias coisas, potencialmente "life-changing" ocorreram nesta nossa sociedade. Principalmente (digo eu), temos um novo líder do PSD, e atravessamos nova crise financeira, desta vez por causa da Grécia. Vamos por partes:

- Finalmente os militantes do PSD tiveram bom senso, e escolheram um candidato realmente capaz de derrotar o Sócrates numas eleições! É que para além de saber falar, defender-se bem em debates, e ainda assim dizer ao povo aquilo que ele quer ouvir, o Passos Coelho tem algo que os outros candidatos (vá lá, talvez com a excepção do Aguiar Branco) não tinham: bom aspecto!!! Mas alguém, no seu perfeito juízo, gostaria de ver uma Manuela Ferreira Leite como Primeiro-Ministro??? Que raio de imagem iríamos passar lá para fora? Os tempos da Margaret Thatcher já lá vão há muito...
Eu diria que o PS já se tinha apercebido disso há muito, ao preparar uma campanha de marketing para eleger o Sócrates, mas entretanto cometeram o brutal erro de casting de colocar o avô cantigas nas eleições para o parlamento europeu. Na altura a crise estava apenas a começar, e o PSD regozijou-se de ter ganho as eleições porque "os portugueses querem a mudança". Tretas!!! Bem se viu depois, já com a crise em força, que entre a mudança para uma velha carqueja e a continuação do senhor bem arranjadinho, lá se continuou com o Sócrates!

Disparates? Não, de todo. Veja-se o caso relatado no livro "Blink", do Malcom Gladwell, da eleição do William Harding para presidente dos Estados Unidos. Um "opinion-maker" viu-o à porta de um edifício público, a engraxar sapatos, ficou admirado com a sua estampa e imediatamente o viu como potencial presidente, apenas e só pelo aspecto físico (o livro fala dessas primeiras impressões, tantas vezes tão poderosas). Daí à eleição como senador, e depois como presidente, foi apenas uma gestão de carreira: aparecer nos comícios certos, darem-lhe uns discursos adequados e pronto, lá foi eleito. Ainda hoje os analistas dizem que foi um dos piores presidentes de sempre (só tinha aspecto). O PSD levou, durante os últimos 3 ou 4 anos, esta filosofia ao extremo, só que ao contrário. Ficou famoso o comentário de um jornalista inglês ao falar de um cartaz de auto-estrada, da velha senhora, em que exibia o seu ar cadavérico.

Passos Coelho é um pouco melhor do que William Harding. Tem mais do que ar entre as orelhas, mas ainda precisa de ganhar um pouco de estofo. Se as eleições fossem agora, seria muito renhido. Mas se o PS acabar o mandato (como acho que deve ser feito), nas próximas eleições o PSD não terá dificuldades em ganhar. Até porque se hoje estamos de tanga, daqui a 2 anos já estaremos de fio dental, senão mesmo em nú integral...

E a crise, senhores? Também é uma treta, mas de consequências bem mais sérias. Para mim, pelo menos, porque tinha dinheiro empatado em acções, que despencaram por aí abaixo, e agora obviamente não as posso vender, senão perco imenso dinheiro. E tudo por causa de, dizem, uns gregos terem mentido nos orçamentos e agora estarem perto da bancarrota. E o nosso colapso deve-se ao receio de irmos pelo mesmo caminho. Nós? Nah, até vamos fazer TGV's que só terão mais de 20% de ocupação em dias de vulcões activos, e aeroportos no meio do deserto, como dizia o outro, para... para... alguém sabe afinal para que servirá o novo aeroporto??? E isto nem terá nada a ver com todos os orçamentos em que se conseguia cumprir as metas dos 3% de défice com receitas extraordinárias encontradas à última hora, fossem privatizações ou previsões de ganhos. Nah, todos os analistas que dizem que estamos mal estão errados, nós é que percebemos disto, e dizemos que estamos bem. Hmm... ainda esta semana ouvi dizer que "temos que olhar mais para nós próprios", mas também convém que alguém dê o exemplo...

Já agora, para o fantástico TGV, que virá substituir esse grande Sudexpress, versão ocidental europeia do Expresso do Oriente (falta o Poirot, mas seguramente há sempre por lá muito bom homem de bigode disponível para investigar a vida dos outros), convém reparar numa coisa que, tenho a certeza, pouca gente ainda mencionou: o preço dos bilhetes. É que uma viagem Madrid-Barcelona no TGV espanhol fica, na versão mais barata, por 182,30€! Ah pois é... e isto só com 4 paragens, sem aquelas guerrinhas provincianas de autarcas que fazem chantagem para que o dito cujo páre no café da terra, para não capar a oferta turística da terrinha. Oras, 182€ por um bilhete de combóio de alta velocidade, mais ou menos directo (via Saragoça), para uma viagem que de 600km, que em média dura 3h, comparado com um bilhete de avião, com os preços que estes têm hoje em dia, mesmo não falando nas low-costs... custa-me a crer que o TGV em Portugal venha a ter algum sucesso. Comparando com a já mencionada, uma viagem Lisboa-Madrid deverá ficar pelos 200€ (a não ser que os bilhetes sejam comparticipados...) A não ser que o utilizem maioritariamente para transporte de carga, não antevejo grande sucesso comercial ao CRCC (versão portuguesa de TGV: "Combóio Rápido com'ó Car**o"). Mas duvido que o Sócrates utilize o TGV bonito e luxuoso, e que nos custou os olhos da cara, para transportar hortaliças...

quinta-feira, março 11, 2010

Alfa Beta Charlie...

Hoje, ao ouvir as notícias na rádio, ouvi um qualquer sargento da GNR a tecer alguns comentários sobre a queda de um viaduto, ocorrida ontem, na auto-estrada A4 (Porto-Vila Real).

Infelizmente, foi confirmado um morto neste acidente, nomeadamente o condutor de um carro que passava na altura em que a construção desabou. Dizia o sargento que “por volta das 2 da manhã foi encontrado um carro nos escombros. Por volta das 4 da manhã foi encontrado um cadáver, que seria o condutor de um carro”. Ainda bem que ele mencionou bem que seria o condutor de um carro, e não necessariamente da viatura que foi encontrada! Mau seria se todos os mortos dentro de carros, principalmente aqueles em que são o único ocupante fossem o seu condutor!

Mas não foi essa vã tentativa de impressionar os ouvintes com aquele discurso supostamente elaborado e cuidado dos GNR’s que me impressionou. O que me impressionou foi quando ele mencionou as alterações ao trânsito, indicando que “os senhores condutores terão que sair (já não sei onde) e seguir pelo itinerário Echo November 215”...

“Echo November 215”???

Mas o que raios aconteceu à boa e velha “Estrada Nacional”??? A que propósito vem este falar das nossas EN’s com o alfabeto militar inglês???

Muitos GNR’s falam desta forma, suponho que durante o curso de formação de oficiais lhes seja incutida uma forma de falar que imponha respeito. Supostamente.

Mas como seria a vida se falassem desta forma, se se referissem a tudo o que é sigla através do alfabeto militar?

“O senhor condutor deve seguir pela Echo November 215 e voltar a entrar na Alfa 4 já perto de Amarante”
“Ah? Obrigado... mas tem certeza? É que aqui na RFM dizem que o melhor é seguir por outra estrada...”
“Como?”
“Desculpe, eu queria dizer que ouvi isto na Romeo Foxtrot Mike...”
“Ah sim, concerteza. Essa indicação está incorrecta, deverá seguir pela Echo November 215”.
“Então e se eu depois quiser apanhar o IP5 para Aveiro, não há nenhum atalho?”
“Apanhar o quê?”
“Oh... desculpe, o India Papa 5...”
“Ah, hmm... ora não se me avizinha possível, terá que proceder como indicado anteriormente”.
“Mas é que assim arrisco-me a não ver o jogo do Porto na RT... hum... na Romeo Tango Papa!”
“O senhor condutor vai-me desculpar, mas da maneira que andam a jogar, não perde nada...”
“Olhe, obrigado, e folgo muito em saber que o senhor agente também é um grande Foxtrot Delta Papa...”


Nota - Alfabeto Militar descrito em http://en.wikipedia.org/wiki/NATO_phonetic_alphabet

terça-feira, março 02, 2010

Estratégia ferroviária

O acto de escolher um lugar no combóio é um exercício de estratégia interessante.

Cada "célula", chamemos-lhe assim, de lugares tem 4 bancos, dois a dois (frente a frente). Eu diria que 95% das pessoas, ao entrar no combóio, procuram encontrar um lugar isolado, virado para o sentido do movimento. Eu, pessoalmente, tento fazê-lo porque tenho alguma facilidade em enjoar, caso vá de costas e tente ler, por exemplo.

Aqui coloca-se o primeiro dilema. Onde sentar? Já não é fácil encontrar células sem ninguém, pelo que aí coloca-se o segundo dilema: quem escolher para companheiro de viagem?

Não querendo parecer discriminatório, é óbvio que todos evitam sentar ao lado do imigrante romeno com poucos hábitos higiénicos (ou poucas possibilidades de os exercer). Mas estranhamente, também pouca gente se senta ao lado da jeitosona sexy. Talvez por receio de enjoar com o previsível perfume rasca, ou quiçá simplesmente por timidez. Por isso há que procurar por uma pessoa com aspecto "normal", seja lá o que isso for. Depois, entra em causa a 2ª variável: a possibilidade da pessoa sair em breve, deixando a célula livre para gozarmos uns minutos de descanso.

Hoje, na impossibilidade de um lugar isolado na direcção de Braga, vi uma senhora sozinha numa célula, que eu sabia que iria sair em Lousado, a paragem seguinte à Trofa. Pronto, não se fala mais nisso, fico já aqui. Mas trocaram-me as voltas. Em S. Romão, na paragem imediatamente anterior à Trofa, entra uma jovem que se senta naquela célula, ao meu lado. Estava-se mesmo a ver. Assim que a senhora sai, ao chegar a Lousado, a jovem apodera-se daquele desejado lugar, e em pouco tempo adormece. Que raiva, que ódio! E não saiu dali o resto da viagem!

Se me podia ter levantado e sentado noutro lado? Podia, mas não seria a mesma coisa... não podia dar o braço a torcer, nestas situações há que agir como se na realidade aquele lugar onde acabamos por ficar sentados fosse o nosso lugar preferido em todo o combóio. Suponho que seja o mesmo tipo de atitude que têm aqueles heróis da estrada, que quando fazem alguma burrada no trânsito, desatam a acelerar como se na realidade fosse tudo planeado...

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Estou à escuta...

Normalmente evito falar de política aqui. Não é coisa que me entusiasme, até porque a ideia que dá é que não se trata de ajudar o país a crescer e desenvolver-se, mas sim de uma forma de alguns espertos atingirem posições que lhes permitam enriquecer em pouco tempo. Ou se não, veja-se o caso do Rui Pedro Soares, que da Juventude Socialista chegou a administrador da PT em pouco tempo, a ganhar somas que nos soam a insultuosas.

Mas este país está mergulhado numa piscina de incerteza que me causa algum receio. Esta história das escutas já mete nojo, já chateia, já irrita. Acredito perfeitamente que o PM soubesse do negócio da PT antes, mas daí a querer controlar a TVI? Não me parece que precisasse disso, ou não tenha havido tanta gente a dar vivas quando a mulher da plásticas mal feitas foi afastada da antena.
Mas daí a querer controlar o canal inteiro??? E o Mário Crespo? Vem queixar-se que foi censurada uma crónica onde acusava o PM de o ver como um problema, a ele que hoje em dia apenas apresenta um noticiário às 10 da noite, com alguns comentários a que poucos acham piada. Mas essa acusação tinha alguma investigação por trás? Baseada em factos concretos? Nah, veio de alguém, que não se sabe bem quem é, ter dito que ouviu outras pessoas num restaurante a dizer isso. E há muita gente que acha que foi uma censura, e não uma tentativa de manter a decência jornalística. Enfim.

E a campanha do SOL contra o PM... parece que estão a tentar que o homem se demita à força. Não faço ideia de quem controle esse jornal, mas o facto das duas páginas sobre os negócios do Oliveirinha não terem surgido na edição Angolana do jornal caiu muito mal. Parece até que serviu para que, de repente, se tenha parado de falar no caso, subitamente o tempo frio e o futebol passaram a ser mais importantes.

Enfim, é o que temos. Estou a ver que, para chegar a uma posição de relevo na carreira profissional, só tenho é que decidir em que partido me hei de filiar...

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Google Maps

Hoje vou jantar com alguns amigos, aproveitando a campanha "Porto Restaurant Week", para pagar só 25 ou 30€ onde habitualmente se pagariam 40 ou 50.

As expectativas não são muito elevadas, porque sou daqueles que preferem uma boa posta de vitela com arroz e/ou batata numa qualquer churrasqueira barulhenta do que um pedacinho de carne confitada e sublimada, acompanhada com 3 metades de tomate cherry e meia fatia de courgette, além das 6 folhas de coentro, delicadamente dispostas pelo prato. Mas é uma boa oportunidade não só de conhecer o espaço, mas essencialmente de passar um bom bocado com bons amigos (claro que só escrevo isto porque um deles é habitué por aqui...).

Como não sabia ao certo onde é o tasco (oops, em "nouvelle cuisinês" diz-se "o espaço"), fui procurar ao Google Maps.

Apesar de já conhecer a funcionalidade de ver o caminho através de fotos, de forma muito interactiva, voltei a maravilhar-me com as capacidades dessa treta.

Dá praticamente para ver o percurso todo, desde minha casa até à porta do restaurante. E em cada ponto se tem uma visão 360º, e a direcção para onde estamos virados.

E isto tudo de graça...

Faz-me pensar que um dia destes, é descoberto algum plano maquiavélico da Google para dominar o Mundo? Um dia destes toda a gente usa o telemóvel deles, que emitirá um sinal eléctrico que nos tornará todos em escravos, súbditos para todo o tipo de serviços. Ou então, sairá um decreto indicando que, se não tivermos toda a nossa identificação no Google Docs, e a nossa foto no Picasa, não seremos oficialmente considerados como seres vivos. Será que os chineses tinham razão com a censura?

Bom, pelo menos isso não estará para breve, ainda há alguns bugs. Pelas indicações do Google Maps, o restaurante está no lado errado da rua...


sábado, janeiro 16, 2010

Os infortúnios das Tropas Tugas

Porque raios é que sempre que há uma intervenção militar portuguesa em terras estrangeiras, alguma coisa corre mal? Já me habituei a ouvir falar em acidentes estúpidos. Como os portugueses habitualmente são colocados em missões secundárias ou de apoio, geralmente não se envolvem na linha da frente. Mas mesmo assim é habitual haver feridos ou mortos, mas geralmente porque alguém levou uma granada para a camarata como recordação, ou porque alguém não reparou que guiar com neve no meio dos balcãs não é o mesmo que guiar no IC19 com chuva, e lá se vai um jipe ribanceira abaixo.

Pois agora, no terrível infortúnio que assolou o Haiti, lá vai a ajuda portuguesa, contingente reunido num avião de carga C-130, e ala para as caraíbas. Mas claro, seria de esperar que alguma coisa correria mal. Um motor resolve falhar e toca a trazer o avião para Portugal de novo, e atrasar a saída por alguns dias. Típico. Com jeitinho, quando lá chegarem já só vão ajudar a enterrar os mortos.

Mas houve uma melhor que essa. O reporter da RTP, que chegou lá bem antes de muitas equipas de resgate (lá está, não foi no avião português), apresenta uma reportagem sobre uma equipa de televisão australiana que encontrou uma menina de 16 meses debaixo de escombros, e os seus membros não descansaram enquanto não conseguiram retirar a miuda de debaixo do amontoado de pedra e ferro. Óptimo. Só que o homem apresentou esta história na mesma peça em que relata que quando ia a caminhar na rua, uma mulher o chama para uma zona lateral, e alerta para os escombros de uma escola, onde alegadamente 100 jovens teriam ficado soterrados, sem que ninguém lá tenha ido para ajudar. E o que fez o jornalista da RTP? Não se sabe, acabou por aí. Mas o mais provável é ter dito à senhora "olhe, daqui a pouco passam por aqui uns repórteres australianos, que têm muito jeito para ajudar, eu só estou aqui para falar para a televisão..."

PS: E para quem ler isto, pense duas vezes em fazer donativos em dinheiro (como pediu o Bush). É que para mim, uma das histórias do dia é a noção de que os bancos ficam com 3% de cada donativo, chegando ao final de cada ano com milhões e milhões de euros/dólares/o-que-quiserem provenientes da boa vontade das pessoas...

terça-feira, janeiro 12, 2010

O regresso!

Em finais de Outubro/inícios de Novembro, lembrei-me de, este ano, fazer algo de realmente diferente na passagem de ano. Nem sei muito bem porquê, foi uma daquelas loucuras que nos passam pela cabeça. Talvez fosse para, por um instante, esquecer o que não pode ser esquecido, preparar o imprevisível, sei lá, procurar divertir-me um pouco. Em resumo, deu-me na telha de aproveitar uma sugestão da minha tia, e aproveitar um conhecimento dela para passar uns dias em Nova Yorque.

Antes de mais, não gosto nada de “Nova Yorque”, não “soa” nada bem à vista quando escrito. Venha daí esse New York, lixem-se os anti-anglicismos.

Agora, de New York, disso já gosto. Seguramente deixei algum(s) comentário(s) quando lá fui há 2 anos, mas não tenho grande pachorra para ir ver o que escrevi na altura. Mas é sempre uma experiência fantástica. Isto é, para quem gosta de ambientes cosmopolitas. Aquela terra, nomeadamente Manhattan, é a verdadeira definição de “cosmopolita”. Aliás, podemos atribuir-lhe essa e outras definições, como o autêntico “melting pot”, o “Centro do Mundo”, a Big Apple. Seja o que for que lhe quiserem chamar, seguramente será adequado.

Costuma-se dizer, no regresso, em tom de brincadeira, que regressamos à parvónia. Não é bem assim, este país tem muita coisa igual aos outros, bem mais evoluídos.

Regressei para ver que continua a crise dos que perderam as economias de uma vida no BPP e BPN, enquanto os responsáveis dificilmente serão punidos.

Regressei para ver que a GNR e Protecção Civil continua a congratular-se, no rescaldo das operações de Natal e Ano Novo, com a redução ora do n.º de acidentes, ora do n.º de mortos, ora do n.º de feridos graves, ora do n.º de feridos ligeiros (há sempre um deles que é menor que no ano anterior, ainda que os outros indicadores subam). E claro, a responsabilidade é sempre do excesso de velocidade. Nunca é da incúria dos instrutores das escolas de condução, nunca é dos examinadores oficiais, nunca é da falta de educação cívica, falta de educação na estrada.

Regressei para ver como a pior ministra do governo anterior arranjou um tacho fantástico num organismo público, nomeada pelo primeiro ministro.

E já nem falo do Benfica...

Mas regresso de um país onde os donos dos bancos e seguradoras pedem ajuda ao governo para ir passar férias de luxo. Onde um deputado vincadamente anti-lobby gay se revela como... homossexual, onde há deputados que lançam petições para cobrir as estátuas de peitos descobertos no edifício do senado, e outros que levam prostitutas de luxo em viagens pelo mundo fora, onde o concurso mais visto é um reality-show em que o vencedor é o concorrente que mais peso perde...

Bom, mas New York não é “América”. E sobre New York... deixo para outro post! :)