domingo, dezembro 09, 2012

O dilema da lavagem

Eu trabalho como "Engenheiro de Qualidade", e isso implica, entre muitas outras coisas, estar atento e promover a uniformização de processos.

E nesse sentido, há uma coisa que me irrita, e que penso que já devia ter sido alvo de uma intervenção de algum organismo regulamentar, no sentido da standardização.

Tratam-se dos lavatórios de WC's públicos.

Seja em restaurantes, em shoppings, em cafés, institutos, serviços públicos, o que não faltam hoje em dia são WC's onde nos aliviarmos, quando surge aquela vontadinha. Já não há desculpa para fazermos no arbusto mais próximo. E muitos deles até estão lavadinhos e perfeitamente apresentáveis.

Mas, caramba, parece que cada lavatório é diferente!

Sempre que chego a um lavatório, para lavar as manápulas, seja antes ou  depois do servicinho feito, deparo-me com um cenário em que dou graças por ter tirado um curso de Engenharia, para perceber como fazer! Há aqueles de torneira à antiga, os que têm sensores em que basta colocar a mão por baixo para sair água, aqueles que se puxa uma alavanca para a direita, noutros puxa-se a dita para fora, noutros ainda empurra-se o raio da alavanca. E há os que têm temporizador.

Isto para falar apenas da torneira! E tirar o sabão? Também os há em que é preciso empurrar um botão, enquanto noutros temos que puxar uma maneta, e também há os automáticos. O curioso é que é raro ver uma torneira automática e um dispensador de gel também automático.

Mas não é tudo, ainda há que secar as mãozinhas... Por esta altura, depois de lutar contra a torneira e o dispensador de gel, já estou por tudo. Seja um dispensador de toalhas de papel, em que estas ficam presas entre si e, com um pouco de azar, saem 20 toalhas juntas. Ou uma "air blade", em que é necessário ler as instruções, para colocar a mão estendida entre duas saídas de ar comprimido. Ou um aquecedor em que é necessário carregar no botão para sair ar quente (destes, hoje em dia, 8 em cada 10 não funcionam). E há os que têm pequenas toalhinhas todas catitas e gourmet, que nunca sabemos ao certo se foram bem lavadas ou não.

O governo bem se podia encarregar de uniformizar a coisa, em vez de andar a lidar com pormenores como o défice ou a troika...

terça-feira, novembro 06, 2012

Ghost baby???

Eu tenho uma mente aberta. Diria até bem aberta. Gosto de estudar sobre o sobrenatural, gosto de programas que o exploram (ainda que muitos o façam de forma idiota), gosto de filmes sobre o tema, mesmo que depois me causem problemas em adormecer à noite, no quarto escuro, a pensar se os ruídos que ouço são feitos pelos gatos ou... por outra coisa.

Gostava imenso de acreditar que a vida não acaba quando morremos, até mesmo para poder acreditar que aqueles que conheci e que já partiram, apenas mudaram para outra forma de existência. Ainda não tive provas concretas disso. Enfim, tal como tanta gente, também eu já me senti observado quando não havia ninguém por perto, ou aquela sensação de que está alguém connosco, quando na realidade não está lá ninguém. Por outro lado, se senti claramente a presença do meu pai após ter falecido, por outro também me parece que isso teria mais a ver com o hábito de o ter por perto, que foi desvanecendo aos poucos.

Mas há uns dias, vi uma cena que me intrigou bastante.

Ao chegar a casa, estacionei o carro à porta do prédio, e uns metros ao lado estava um Renault Clio estacionado.

Estava vazio, e nos bancos de trás, tinha uma cadeira de bebé. Por cima, pendurado naqueles suportes no tejadilho dos automóveis onde tanta gente pendura o casaco, estava um mobile, um conjunto de brinquedos preso por um cordel. E este, movia-se.

Movia-se para um lado e para o outro. De início pensei o óbvio: "o carro deve ter ficado com uma janela aberta, e o vento faz balançar o brinquedo". Dei uma volta ao carro e não, estava tudo fechado. Pensei noutra situação óbvia: "tem um cão lá dentro". Olhei lá para dentro, preocupado até com o estado de um animal num carro com as janelas fechadas, mas não encontrei nenhum...

Procurei, no meio das minhas ideias, mas não encontrei muitos mais motivos lógicos para o abanar do brinquedo, que se mantinha. A rua não estava com particular movimento, por isso não seria da vibração causada pela passagem de carros. Havia ainda mais uma possível causa: tremores de terra indetectáveis por nós, mas que ocorrem todos os dias.

Fui confirmar à página do Instituto de Metereologia, e para aquele dia (28 de Outubro), não houve nenhum nas redondezas. Apenas um registado em Évora, outro em Sesimbra e ainda outro em Grândola. Ou melhor, não nestas cidades, mas nas estações sismológicas a elas referenciadas (por curiosidade, o mais forte destes foi o registado em Évora, com 1.7 na escala de Richter, é vulgaríssimo haver todos os dias 4 ou 5 mini-tremores, na ordem dos 2º, não nos esqueçamos que o planeta está vivo).

Ou seja... fiquei sem explicações. O dito mobile manteve o movimento durante vários minutos, muito para além do que seria normal se tivesse levado uma pancada e demorasse até parar.

Com isto, decidi-me a filmar um pouco, com o telemóvel. Comprovem vocês mesmos...
 
 
 

sexta-feira, outubro 26, 2012

Lirismos testiculares

Eu podia deixar aqui um texto sobre o dia de hoje. Podia falar das actividades preparatórias para o TEDxMaia, que estou a ajudar a organizar. Foi um dia cheio, sempre a correr.

Mas hoje também foi o dia em que levei o meu gato, o Gugga, ao "corte".

"Ao corte?"

"Ah! Ao corte! Ok..."

Toda a gente prefere dizer "ao corte", talvez por ser comum a noção de que falar com homens sobre algo que afecta os testículos (neste caso a remoção completa) leva sempre a uma dor invisível, um mau estar que, apesar de não ser físico, é capaz de forçar um esgar de dor a qualquer macho latino.

Como será, ficar sem os ditos?

Como será, para um macho na flor da idade e com as hormonas aos pulos, acordarmos um dia, irmos dar uma volta, adormecermos num sítio estranho e quando acordamos, olhamos para a baixo e... eh láááá... falta aqui qualquer coisa!!!?

Não consigo imaginar. O bicho pode muito bem estar a pensar "mas que mal fiz eu para me tirarem as bolas???".

Ainda tentei perceber, nos poucos miados que dá, se seriam mais suaves que o normal. Nos tempos antigos, não era incomum castrar-se rapazes antes que atingissem a puberdade, para que, com o treino adequado, crescessem para ganhar uma voz idêntica à das sopranos, com uma voz bastante mais aguda que os vulgares cantores masculinos. Relatos destes pobres cantores datam do império Bizantino, e floresceram (será este um termo adequado?) pela Europa até a queda de Constantinopla em 1204, altura em que a cultura europeia deu uma volta.

Ou seja, numa perspectiva muito negra, posso ver o meu gato como um potencial felino lírico.

A verdade é que já havia queixas dos vizinhos, da barulheira que o casal fazia, nas suas brincadeiras, e se ele mia mais fino ou não, não sei, mas o que importa é que fique mais calminho, agora que lhe cortaram à fonte de testosterona. E deixe de afinfar na fêmea, que coitadinha, essa já foi "ao corte" há muito, por isso já nem quer saber.

Sei que se eu acordasse, depois de me terem levado para um local estranho e terem-me cortado os tomates, ficava bem furioso, não demoraria muito a haver mortos e feridos.

E isto num animal que, quando chegou a minha casa no final de Julho, passou 2 dias sem que lhe pusesse a vista em cima, escondido, com medo do sítio novo. Demorou 2 meses a ganhar a confiança mínima para que me deixasse tocá-lo.


O Gugga hoje... quando chegou a casa, depois de o ter ido buscar ao veterinário, saltou para o meu colo e encostou a cabeça à minha barriga, para relaxar e tentar adormecer.


Eu sei que ele, provavelmente, nem se apercebeu. Mas do que não tenho dúvida é que os animais valem bem a pena.

quinta-feira, outubro 18, 2012

Power to the people

Já ouvi várias histórias de carjacking. Tenho amigos que já foram vítimas desse flagelo moderno. Felizmente todos apenas com danos nos carros (que em alguns casos, desapareceram para nunca mais serem vistos).

Na passada 6ª-Feira, fui jantar com amigos ao Cais de Gaia, e após termos ficado na conversa durante algum tempo, dirijo-me para casa. Por ser mais perto e rápido, saio da zona do Cais pela marginal, em direcção à Ponte da Arrábida. 2h30 da madrugada.

Um pouco antes, da ponte, junto a uma zona habitualmente utilizada por roulottes para pernoitar, e também por... casais que não têm dinheiro para motéis (ou até pode ser fetiche, sei lá...), vejo um carro no meio da estrada, e um jovem de pé, ao lado.

O rapaz, novo (20 e poucos) estende os braços, pedindo para que eu pare. Dentro do carro estava uma miúda, da mesma faixa etária. Com um ar cansado, mas não me vou debruçar sobre as causas disso.

Obviamente que me vieram à cabeça todas as histórias já conhecidas.

Carrego no botão de fecho centralizado de portas, e deixo apenas uma frincha na janela, o suficiente para falar. E quando páro ao lado dele, deixo o carro engatado, de forma a sair rapidamente, se for necessário.

O miudo pergunta se tenho cabos de bateria, pois ficaram sem a do seu carro.

É claro que a minha primeira opção foi responder "não", e sair dali antes que saltassem alguns comparsas para me levar o carro. Mas sabia que ao fazer isso, iria ficar a pensar "e se fosse verdade? Negar ajuda a um casalito por medo?". Já seria a 2ª vez nesse dia, pois antes, ao dirigir-me para o emprego, vi o corpo de um gato, basante parecido com a minha MoMA, e como não tinha ferimentos visíveis, pensei em parar para ver se estava vivo. Mesmo que estivesse em sofrimento, podia levá-lo ao vet para morrer em paz. Mas já ia tarde, não quis atrasar-me por causa disso. E fiquei com remorsos no resto do dia.

Peço ao miudo para dar à chave, de modo a comprovar que estava sem bateria. Assim o fez, e de facto o carro não pegava. Isso não invalidaria que saltassem os capangas, mas resolvi arriscar.

Arrumei o carro em frente ao deles, tirei os cabos de bateria que estão sempre na mala do meu, e ajudei-os a arrancar, dando-lhes algumas indicações, já que pelos vistos era a primeira vez que lhes acontecia isto, algo em que já sou veterano (refiro-me ao ficar sem bateria, não a noitadas em carros apertados, em locais obscuros...) E vim à minha vida, são e salvo, e com a sensação de ter feito uma boa acção.


Mas ainda assim, ao chegar a casa ainda pensava "e SE era mesmo carjacking????"...

quinta-feira, setembro 13, 2012

O vapor é algo que não me assiste...

***Aviso: Este post pode ferir estômagos e tripas sensíveis... ***

Há bastante tempo atrás (demasiado para confirmar quanto), escrevi aqui um post sobre a problemática social da escolha do urinol, em WC's públicos.

Quando está vazio, nunca sabemos a qual ir, e quando está gente, há que deixar 1 lugar de intervalo, é o comportamento socialmente correcto.

Mas há uma outra problemática associada aos WC's públicos... principalmente nos masculinos, digo eu, porque não conheço os femininos.

Oras... quando um ser humano larga o seu excedente líquido, não é raro que este solte um pouco de vapor. Principalmente em dias frescos, já que o líquido sai próximo da nossa temperatura corporal de 37ºC. Alguns WC's também incorporam nos urinóis alguns produtos para reduzir a libertação de odores, sendo que alguns deles também libertam vapores.

A questão é... o que faz o homem quando está numa situação destas e... sente aquela vontade quase incontrolável de soltar um bocejo.

Pode ser por sono, cansaço, ou apenas a simples necessidade de oxigenar o cérebro. Sentimos a boca a abrir, num reflexo involuntário, e percebemos que estamos prestes a inspirar profundamente todo aquele vapor que exala do urinol.

O que fazer???

Não é uma decisão fácil, e temos apenas um ou dois segundos para a tomar, antes que o binómio boca aberta-vapor de qualquer-coisa-que-nem-sabemos-bem-se-é-urina-ou-vapor-de-água se tornem num denominador comum.

O problema é que não há uma resposta correcta. Alguns viram a cabeça para onde podem, outros tentam impedir o impulso do bocejo, outros tentam impedir o impulso urinário.

Eu? Obrigado por perguntarem. Eu opto por fechar a boca e ter um bocejo "interior", o que não é nada fácil, mas ao fim de anos e anos de prática, é algo que se domina...

domingo, setembro 09, 2012

Tudo muda, tudo se mantém igual

Quando eu era pequeno, tudo me parecia grande. O mundo parecia-me enorme.

Lembro-me de andar no banco de trás do carro do meu pai, e sentir que tinha imenso espaço, podia-me deitar no banco, na altura não havia obrigatoriedade de uso de dispendiosas cadeiras para crianças. Era um Renault 5, mas parecia-me enorme.

Lembro-me de demorarmos 2 dias para chegar ao Algarve, na altura em que ainda só tinha um "L", e praticamente não havia auto-estradas.

Lembro-me que podíamos ficar a brincar na rua porque não havia insegurança. Mas tinha que ser perto, porque não havia telemóveis para avisar, caso estivéssemos longe. Nem telefones de casa portáteis, quanto mais telemóveis...

Naquela altura, não havia centenas de canais e pouco ou nada que preste para ver na tv. Havia os desenhos animados checos do Vasco Granja, e mais tarde o "Agora escolha", uma novidade tecnológica em que se podia ligar para a televisão e assim influenciar o final do programa.

Naquela altura, era vulgar as pessoas da Foz e de Matosinhos dizerem "vou ao Porto", porque apenas uns anos antes, esses eram os arredores da cidade.

Naquela altura, as pessoas iam aos hospitais para se curarem, não para apanharem infecções ou coisa pior.

Naquela altura, quando procurávamos um médico, não pensávamos em pedir uma 2ª opinião, por receio que o 1º tivesse dado uma indicação errada.

Naquela altura, não havia "doenças modernas". Ou melhor... havia a SIDA, que estava a acabar de ser descoberta, lembro-me da morte do actor Rock Hudson, mas não me recordo da morte do António Variações. Mas isso era doença de adultos (e nessa altura, de homossexuais).

Não havia doenças modernas de crianças. Não havia campanhas massiças para angariação de dadores de medula.

Naquela altura, princesas não nos deixavam após uma luta inglória contra um inimigo invisível e incompreensível.

Naquela altura, dizia-se que dali a 20 ou 30 anos, tudo iria ser muito melhor, mais avançado.

Entretanto cresci, e hoje o mundo é que me parece pequenino.

Descansa em paz, Cá. Hei de voltar a ver-te.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

A morte, quando aparece, é em fato clássico...

A primeira coisa que faço de manhã, quando acordo, é ligar a televisão. Ou melhor, a primeira é desligar o alarme do telemóvel, senão aquilo toca de 10 em 10 minutos. A segunda será, então, ligar a Tv.

Isto desde que se massificaram os canais de notícias em português, como a SIC Notícias ou a RTPN. Antes disso, ligava o rádio.

Gosto de me manter informado, mesmo que desde há uns anos para cá, as notícias sejam, na sua grande maioria, más. E algumas conseguem deixar-me mesmo irritado, nomeadamente tudo o que seja reportagens sobre declarações de políticos ou sindicalistas. Mas adiante.

Habitualmente ligo automaticamente para a SIC Notícias, porque acordo às 7:20, e a essa hora a RTP está a falar de livros ou de como falar bem em Brasileiro. Mas na SIC, pouco depois disso entra um espaço comercial, que se extende até cerca das 7:35, o que me causa estranheza: não teria lógica ter notícias às 7:30? Talvez considerem que muita gente acorda a essa hora, e demora uns minutos a conseguir abrir os olhos, daí só voltarem à emissão um pouco mais tarde...
Bom, mas nesse espaço comercial, entre muitos anúncios banalíssimos, houve um que hoje, me chamou a atenção. Tratou-se de uma publicidade a uma agência funerária.

Uma agência funerária... De seu nome “Agnus Dei”. Louvo o trabalho desta gente, no mínimo é preciso algum estofo para aguentar lidar com cadáveres todos os dias, até fins de semana e feriados. Por outro lado, é daqueles negócios que vai ter sempre mercado!
Mas esta... bom, tratou-se de um mini-anúncio, não mais de 5 segundos, porque a publicidade em televisão é cara.

Pondo de lado a real estratégia ao anunciar uma agência funerária às 7 e tal da manhã, esta chamou-me a atenção pelo símbolo... A agência Agnus Dei utiliza um símbolo com este nome, e um coração no centro. E nos 5 segundos que dura o anúncio, o símbolo surge com o coração a bater.
Isto, no mínimo, parece-me algo desadequado. Um coração a bater para anunciar uma empresa em que os clientes têm-no paradinho, é algo estranho. Pegando num termo do Marketing, qual será o “Insight”? Será uma mensagem subliminar do género “embora trabalhemos com os mortos, estamos bem vivos!”? Será do género “quando o seu coração deixa de bater, conte com o nosso!”?

O raio do anúncio deixou-me algo inquieto. Ou é uma tremenda falta de gosto, ou há ali qualquer mensagem que não entendo.

Mas entretanto, dei-me ao trabalho de ir ver a página da agência (http://www.agenciaagnusdei.com). Lá está o raio do símbolo, mas pelo menos o coraçãozinho está parado. São de Alcabideche, e trabalham também em Tires e São Domingos de Rana. Têm até número verde. Óptimo para quem resolva ir desta para melhor nessa zona.
Há um link para “A Equipa”. É claro que tinha que lá ir.

Entrando neste link, surgem as imagens de vários homens, todos de fatinho e gravata. E o texto que acompanha a página faz questão de explicar o porquê do fato e gravata: “Com fatos clássicos e vestidos a rigor procuramos o equilíbrio da imagem, não desprezando o factor humano de simpatia e atenção...”. Era escusada a descrição provinciana, digo eu, mas é só a minha opinião. Reparo então que todas as 8 fotos são de comerciais e motoristas. Ah, e um técnico de informática. Atrevo-me a dizer que este último numa pose de engatatão. E incluem os nomes completos e locais de residência de todos, o que contribui imenso para a minha felicidade. Assim fico a saber que se eu morrer na zona de Matocheirinhos, há por lá um motorista funerário que rapidamente me leva para a agência.

Os motoristas, ainda vá que não vá, mas são necessários 5 comerciais, entre assistentes e técnicos? Há assim tanta concorrência para apanhar este ou aquele óbito? A minha mente ignóbil rapidamente foge para cenários em que os comerciais da empresa andam pelos campos a envenenar velhinhos para proporcionarem negócio à empresa. É provável que “assistente comercial” seja um sinónimo para “o homem que ajuda a carregar o caixão”.

Mas o que não consigo entender é, se já se deram ao trabalho de colocar fotos dos comerciais e motoristas, porque raios não surge nenhuma foto das pessoas que realmente vão lidar com os falecidos? Para que raios quero saber que o motorista tem ar de Fangio, se não sei se quem vai lidar com o cadáver tem ar de Frankenstein???

Bom, como digo, tenho grande respeito por quem se dedica a esta profissão, como a todas as outras, mas secretamente espero nunca vir a falecer lá para os lados de Alcabideche, essa bela terra que rima com escabeche...

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Ciências exactas...

Ontem vi uma reportagem qualquer sobre um rapaz licenciado em Ciências Políticas, que largou o curso e se dedicou à agricultura.

Isto fez-me pensar nas Ciências Políticas... Mas que raio de ciência se pode associar à Política? Algum dia a política poderá ser uma ciência exacta??? Desenganem-se os que dizem que “em Portugal a política é uma porcaria”, não pela porcaria que é, mas pela exclusividade lusitana. É mal de que padecem muitos países por esse mundo fora, mesmo os ditos “desenvolvidos” e com rating AAA.

Mas de facto a política é um mundo sujo. Já me passou pela cabeça inscrever-me num partido dos de topo, não por qualquer identificação com a sua ideologia de base, mas apenas e só porque isso poderia abrir portas. Mas sou incapaz de o fazer.

Há uns dias atrás, já este ano, fui convidado para um jantar, oferecido pelo PSD de uma terreola próxima do Porto. Só depois eu e outros convidados percebemos que a ideia do convite era só para “fazer número”. O banquete foi numa churrasqueira, onde estavam perto de 200 pessoas, mas em que claramente cerca de 40% não eram militantes ou sequer apoiantes. No meu caso, um amigo Relações Públicas levou-me, junto com mais 30 pessoas. Outros convivas foram recrutados por esquemas semelhantes. A nossa ideia não passava de receber uma refeição gratuita, e que por acaso nem estava nada má, aquela gente trata-se bem.

Para mal dos meus pecados, o lugar em que fiquei sentado ficava mesmo junto à mesa “da presidência”, onde, para além do vice-presidente do partido, estava o presidente da câmara local (figura muito conhecida, principalmente nos meandros do Futebol Nacional), e mais um dignatário nacional do partido, que não faço ideia de quem seja, mas já vi nas notícias, naquelas cenas em que se vê o ministro e o séquito de seguidores a correr ao seu lado, ávidos de poder dizer “com certeza, sr. Doutor” (presumo que deve ser a frase mais dita por um político, até este próprio se tornar, um dia, no tal “Doutor”). Mas porque estava mal posicionado, senti-me compelido a cantar o nome do partido quando os oradores (porque tinha que haver discursos...) faziam as pausas programadas para a ovação.

Só faltou lá aquele animador dos programas de televisão, que indica às pessoas quando bater palmas.

O discurso do tal presidente de câmara é que mexeu comigo. Dizia ele que “é muito bom ver aqui 200 pessoas, 200 militantes, 200 amigos que estiveram ao nosso lado nos últimos 4 anos e nos ajudaram a ganhar força e erguer o partido!”...

200 militantes??? 200 apoiantes?

Se estivessem lá 100 militantes já seria uma sorte. À minha beira estava uma comunista...

Os restantes estavam como eu, à espera da vitela assada e do vinho gratuito. E que não demorasse muito, que com jeitinho, alguns ainda sairiam dali para ir comer a sobremesa patrocinada por outro partido qualquer...

Esta hipocrisia, o chorrilho de acusações durante o discurso, esta ostentação bacoca ridícula mexem comigo. Nunca poderei ser político ou sequer ter filiação partidária. Mas aceito de bom grado mais uma vitela assada!!!


Entretanto, se quiser um dia vir a usufruir do factor C para alguma coisa, estou a ver que o melhor é tentar entrar para a Maçonaria...