quarta-feira, outubro 16, 2013

Ode à Francesinha

Hoje é o Dia Mundial da Alimentação.

Naturalmente, a maior parte das pessoas querem lá saber. Mas é obrigação dos departamentos de Recursos Humanos das empresas realizarem qualquer tipo de acção alusivo ao tema. No caso, temos hoje uma ementa especial na cantina (alegadamente mais saudável que o habitual), e o dep. de RH enviou um e-mail com alguns pontos para reflexão, sobre o que comemos. Diria mesmo que falta pouco para nos dizerem "tu és o que comes".

Mas como eu sou daquelas criaturas que preferem o bem que as coisas sabem ao mal que fazem, resolvi ripostar.

E na sequência de uma conversa do dia anterior, lembrei-me de dizer que "eu gosto é de francesinhas!". Mas claro, não o poderia dizer de forma tão bruta, tão primitiva. Vai daí, deixei um poema para a posteridade...

Ode à Francesinha

Oh, querida Francesinha,
Que teu molho me queime o esófago
Que a salsicha não seja pequenina,
E o picante não me leve ao sarcófago!

Oh, querida sandocha do Porto,
O teu queijo conforta-me a alma...
Há quem goste de a fazer com porco,
Mas aí eu digo: “vamos lá com calma!”

Oh, grande bomba calórica,
Que tantos seguidores tem,
O molho deixa qualquer mulher eufórica,
Excepto, claro, a minha mãe.

Oh, francesinha desejada,
Que fazes tão mal ao corpo,
Incompreensível seres tão amada,
Só podia acontecer no Porto.

Oh, francesinha deliciosa,
Que na dieta dá grande lanho,
E depois de comer, já fico sem prosa,
Acabo mas é a noite na casa de banho!!!

sexta-feira, agosto 16, 2013

Finalmente chegou o dia!

E pronto, depois de uma crise política que causou mais uma onda de desconfiança contra o nosso país, e da qual o único vencedor foi um tal de Paulo Portas, que desde então ninguéjm sabe onde pára, nada melhor do que o grande acontecimento do dia de hoje: o regresso do campeonato nacional de futebol, época 2013/2014.

Isto é uma grande notícia para o país, e para o governo! Senão, vejamos:

- Num instante, deixa-se de se falar em Swaps, Scuts, Ministros com passados corruptos, etc, para passarmos a falar do penalty que não foi, ou daquele fora de jogo do Braga contra o Paços de Ferreira, que os portistas dizem que não foi, enquanto os benfiquistas dizem que foi;

- Voltam as agremiações populares, volta o bom velho hábito português de nos juntarmos todos à mesa... do café, enquanto gritamos impropérios à televisão, junto a grandes amigos que conhecemos ali no momento, e em estabelecimentos cujo pagamento da SportTV se reflecte no preço do cimbalino; Claro está que, agora com a BenficaTV, esse néctar negro verá o preço agravado. Mas o Zé perdoa, porque o que interessa é ver a bola e, afinal, além do café ainda vem mais meia dúzia de minis, e um pratinho de tremoços;

- Os juízes dos tribunais também agradecem, pois podem voltar a julgar casos fáceis, como o defesa do Arouca que agrede o avançado do Estoril com um piparote na orelha, à entrada dos balneários (porque já é fora do terreno de jogo e, como tal, entra no campo civil), ou a mãe do árbitro que agrediu o Tony do bar do clube de 3ª divisão à 2ª vez que este chamou um nome feio ao seu filhote amblíope, em vez de terem que se preocupar com ucranianos bêbados a atirar frigoríficos pela via pública acima ou deputadas municipais bêbadas a conduzir. Assim, eles próprios já podem beber um pouco mais;

- É um acontecimento tão importante, que o nosso próprio Primeiro-Ministro vai dar o seu show de optimismo moderadó-negativista  na festa do Pontal, no mesmo dia de arranque do campeonato. Espera ele que haja mais gente a ver o Paços de Ferreira-Braga do que no calçadão de Quarteira.;

- A companheira do Pinto da Costa poderá descansar um pouco, por ele regressar ao acompanhamento da equipa, depois de dias e dias a ouvir o seu amor a declamar poesia, porque se presume que terá conquistado o coração azul e branco do presidente ao exclamar a já famosa frase “ai amô, quando você fala assim, você mi excita... seu safado!”;

- O LF Vieira, ilustre e eloquente presidente do benfica também poderá matar as saudades dos bitaites diários, das trocas de insultos mais ou menos disfarçados, ao regressar ao convívio com os restantes presidentes de clubes, principalmente o rival aqui do norte. Mas agora vai entrar de peito feito, ou o seu canal não se prepare para transmitir as derrotas e/ou as vitórias sofridas do SLB no estádio da Luz. Não é qualquer um que se dá ao luxo de transmitir os seus próprios adeptos a mostrar lenços brancos ao treinador e direcção.

E ainda temos o estreante, o “rookie”, o tal do Bruno de Carvalho, que entrou a 100 à hora, contra tudo e contra todos, mas que depois das primeiras derrotas da equipa de futebol, já deve estar a consultar o professor Bambo para saber se aguenta até ao Natal...

Aaaahhhh, que saudades tinha eu, do campeonato de futebol!!!


segunda-feira, maio 06, 2013

Teatralidades


Eu sou um rapazito que tem alguns problemas em sentar-se em certos e determinados sítios.

Não por nenhuma questão hemorroidal, mas pela simples razão de que tenho uma altura um pouco superior à média nacional. Felizmente as gerações mais novas têm surgido com estaturas cada vez mais elevadas, o que é bom em termos nacionais, para conseguirmos, gradualmente, ir eliminando aquela imagem que muitos estrangeiros ainda têm, do português baixinho, atarracado e de bigode. E infelizmente isto tanto servia para o português como para a portuguesa. Já não foi mau ver a Lúcia Moniz a entrar no “Love Actually” de buço depilado, apesar de fazer papel de uma pessoa inferior (empregada doméstica, e no mínimo não muito esperta). Melhor que essa, estão actualmente a Daniela Ruah e o Diogo Morgado. Embora esse ainda não resista a manter alguma capilaridade facial.

Adiante.

O certo é que, do alto dos meus 190cm, deparo-me com alguns problemas em sentar-me em locais apertados. Desde aviões a autocarros, passando pelos nossos teatros. Os cinemas mais recentes já seguem uma norma internacional, pelo que aí não tenho problemas, mas se vou a um teatro nacional, vejo-me à nora para arranjar posição. No Rivoli, quase sinto necessidade de comprar 2 lugares.

Na semana passada, fui ver a estreia de uma peça, no Sá da Bandeira. Um teatro, outrora bonito, que está (eu diria desesperadamente) a precisar de uma renovação. Depois de anos a passar filmes porno (algo que não me sai da cabeça durante todo o tempo em que estou sentado naqueles lugares da plateia – mas ainda assim acho que estaria pior se tivesse ido para os camarotes), nos últimos anos este emblema da cidade do Porto recuperou a veia teatral, e tem estado consistentemente com peças de teatro, e muitas delas de qualidade. 

Era o caso desta.

Quando me sentei, não estava ninguém do meu lado esquerdo. A minha mãe, que convidei a ir comigo quando me ofereceram os bilhetes (nas estreias, é raro haver lugares pagos, geralmente é para convidados, para que possa funcionar o word-of-mouth), ficou à minha direita. Isto na 2ª fila, no canto direito.

Pouco tempo antes da peça começar (e já muito depois daquilo que era a hora marcada para o início - algo tipicamente português), chega um casal jovem (talvez na 2ª metade dos 20's), em que ele se senta ao meu lado (não podia deixar a namorada sentar-se junto de um tipo jeitoso: macho que é macho previne isso e senta-se no intervalo). E assim que se senta, o rapaz fica de pernas abertas. E assim se manteve. O jovem, que não tinha bigode mas a típica barba de 3 dias que só fica bem aos gays, teria, seguramente, menos 10 ou 15cm que eu, mas ainda assim não conseguia manter uma postura... digamos... discreta. Parecia que teria tomates demasiado grandes para conseguir juntar as pernas, ficando o tempo todo com elas em V. De cada vez que mexia a perna direita, lá tocava na minha, pedindo desculpa em seguida. Felizmente não foram muitas as ocasiões, até porque fiz algum esforço para recolher o meu pernil de forma a evitar o contacto. Em posição relaxada, o tipo não conseguia manter os joelhos no espaço delimitado pelas costas da cadeira da frente, que, como todos sabemos, delimita oficiosamente as fronteiras do espaço pelo qual pagamos. Ou não, neste caso. Se calhar foi isso... como os bilhetes eram oferecidos, ele sentia-se no direito de se sentar como bem entendesse. Quando estou num local públido, geralmente preocupo-me com a envolvente, com quem está à minha volta, se estou a incomodar ou não. Por exemplo: nos concertos sem lugar sentado, é habitual eu procurar não só um lugar em que tenha boa visibilidade para o palco, como um em que tenha pouca gente atrás. Depois de eu ficar instalado, pode chegar quem quiser, porque eu já lá estava, mas não gosto de ir para a frente de alguém, porque sei que vou tapar visibilidade. Este jovem estava, em bom português, a cagar-se para quem estivesse ao lado.

Ah, e o coup de grâce que serve como corolário disto mesmo ocorreu após o intervalo, em que depois de beber uma água com gás, soltou um pouco sonoro arroto. Justificou-se à namorada com a garrafa que ainda tinha na mão.

De facto, a imagem do tuga iletrado e de bigode, ainda é capaz de perdurar mais uns anos.

E, já agora, a peça é boa, tem piada (apesar da 1ª parte ser algo monótona), e uma interpretação excelente do José Pedro Gomes. Chama-se “Os Reis da Comédia”, e além dele conta com o Rui Mendes e o Jorge Mourato. Recomendo.

segunda-feira, março 25, 2013

Habemus Papa Xico

O que é que se tem passado nos últimos dias, digno de registo?

Hmm... vejamos...

Bom, temos um papa novo, um jesuíta argentino que escolheu o nome Francisco.

Além de haver uma ordem religiosa* com o nome de um pastel típico de Sto Tirso (ou será ao contrário?), o nome escolhido não deixa de ser curioso. Isto porque se trata de um nome que origina um diminutivo característico, tanto em português (Xico/Chico), como em castelhano (Paco).

Se por um lado, rapidamente o novo papa começou a ser apelidado de Papa Xico ou, com conotações mais comerciais, de Papa Chicco (embora aqui o slogan da marca sofra bastante com as acusações de que a igreja tem sido alvo - "Chicco: onde há um bebé"), por outro a etimologia do diminutivo em castelhano não deixa de ser curiosa.

Isto porque há duas grandes teorias para a origem deste diminutivo, que aparentemente nada tem de semelhante com o nome original.
Uma faz alusão ao nome que um Francisco de tenra idade tenta reproduzir, quando lhe perguntam o nome. Pelos vistos os miudos espanhóis respondem "Paquico". Seria mais normal, digo eu, que largassem um "Panquico", ou então como os Xicos portugueses que conheço, um remelento "Fanxixo". Mas os espanhóis nunca foram muito bons em tentar idiomas que não o castelhano, pelo que isso deverá  também incluir o "criancês". Adiante. Alegadamente, ao crescer, o tal Paquico transforma-se em Paco, que é imensamente mais másculo e viril. Aqueles que resolvem desafiar toda a lógica etimológica transformam o Paco em Curro, vá-se lá saber porque raios. Coisas de espanhóis.

Uma outra teoria, à qual acho mais piada, ainda que a intensa, longa e exaustiva pesquisa que fiz num site de tretas espanholas diga que é a menos provável, é a de que o nome Paco seria uma abreviação (extrema) de Pater Comunitatis, uma forma em latim que era muito utilizada quando alguém se referia a S. Francisco de Assis, pois era o "pai da comunidade". Oras, este é precisamente o santo com que o novo Papa Xico mais se identifica. E como este, e as suas "Franciscanices" de renegar os luxos habitualmente reservados ao sumo pontífice (sumo? de laranja?), têm gerado uma onde de simpatia (que a igreja devia aproveitar para voltar a ter fiéis, cujo número está em decréscimo há décadas) que vai percorrendo todo o planeta, não era má ideia formalizar esta associação. E os espanhóis agradeciam.

* E, já agora, antes que venham protestar que os jesuítas não são uma ordem religiosa, devo deixar claro que, sinceramente, é coisa em que não me preocupei com a exactidão. Se não são uma ordem, podem ser uma sugestão, ou até uma indicação!
Mas não deixam de ser bons pastéis!

quinta-feira, março 07, 2013

De pernas bem fechadas

Muita gente já terá tido o sonho de estar num local público e de repente perceber que está descalça. É um sonho habitual, principalmente para quem está a estudar.

Segundo os entendidos, isto reflecte o sentimento de insegurança, relativamente aos desafios com que nos deparamos.

Sim, eu também já tive esse sonho, há muitos anos.

Mas o bom deste tipo de sonhos é que acabam quando acordamos, e depois de um sonho desses, seguramente não nos esqueceremos de calçar os sapatos.

Hoje, não tive esse sonho. Ou melhor, nem me lembro se sonhei. Mas tive uma realidade quase tão má.

Acordei, fiz o que tinha a fazer, tomei a bela da banhoca quentinha, arranjei-me, vesti-me e siga para o trabalho, atrasado como de costume.

Foi quando já seguia pela A28, mais próximo da empresa do que de casa, que me apercebi que a zona erógena estava arejada em demasia. Ao olhar para a dita-cuja zona, apercebo-me, praticamente em estado de choque, que a costura mesmo na união das pernas está desfeita.

E agora???

E agora... nada, há que seguir em frente. Não vou voltar para trás, isso seria reconhecer a derrota. Homem que é homem enfrenta o desafio de frente. Já lá vai o tempo de inseguranças.

Chegado à empresa, apresso-me a vestir a bata de trabalho.

Mas como reparar a situação? Como evitar que toda a gente repare na cor dos boxers? Obviamente não tenho um kit de reparação, com agulha e linha de cor a condizer. Talvez as mulheres tenham essas coisas nas suas malas em que tudo cabe, mas eu não. Passou-me pela cabeça agrafar as calças. Ou colar com fita-cola.

Mas achei que a bata seria suficiente para impedir olhares mais marotos. Afinal, não há grandes razões para os colegas repararem em pormenores na minha zona erógena. Esforcei-me para manter as pernas fechadas quando me sentava. Pensei em cruzar as pernas, mas sou daquelas pessoas que preferem o cruzamento aberto, porque acha que o cruzamento "à menina" é coisa de... menina.

Se resultou? Não sei, pelo menos ninguém me disse nada. Mas espero não ter causado pesadelos a ninguém...

terça-feira, janeiro 29, 2013

Automático? Não, obrigado


Ontem fui ao Jumbo, apenas para comprar meia dúzia de coisas, a caminho de casa. É a compra típica de homem: comprar apenas o que é necessário no momento. Se amanhã precisar de outra coisa qualquer, volta-se ao sítio.

Após recolher aquilo que fui buscar, nomeadamente comida de gatos, desodorizante (porque em casa gosto de ter sempre uma embalagem de reserva, é o ERP caseiro), e uma embalagem de limpa-fornos (porque o forno tem uns resíduos difíceis de tirar, desde que uma vez tentei derreter uma embalagem de cammembert com frutos silvestres, e mais de metade do dito resolveu superar os limites da embalagem e inundar o fundo do forno, qual rio furioso em leito de cheia), dirijo-me às caixas.

Olho em pesquisa das que estão disponíveis, que habitualmente são muito poucas, ao final da tarde, e coloco-me na fila para a caixa exclusiva de pagamentos com cartão (sabia que não iria ter dinheiro para tudo).

Vem uma raparigita do Jumbo perguntar, com ar simpático, se não quero ir para as caixas automáticas, que ela ajudaria a realizar o processo.

Disse que não, e ela virou logo costas e foi procurar outra vítima. Mas tive pena.

Tive pena que tivesse virado costas e não me tivesse perguntado “tem certeza?”, ou mesmo “porque não?”, porque aí teria algo para lhe dizer...

É que vejo muita gente nestas caixas, mas repare-se que são caixas em que é o próprio cliente que ensaca os produtos, faz a leitura nos scanners e efectua o pagamento.

Ou seja, nós é que temos o trabalho que há anos é efectuado por outras pessoas, e cujos custos se reflectem no valor que pagamos pelos produtos que compramos. Se nós próprios realizamos esse trabalho, naturalmente devíamos pagar menos.

Além disso, trata-se de uma mecanização/automatização que, se extendida a todas as caixas, significa mais não-sei-quanta gente para a rua. E eu, pessoalmente, gosto de ter uma pessoa a lidar com o processo, gosto de cumprimentar a pessoa, de deixar um sorriso a alguém que provavelmente já está a servir os outros há horas, de ter alguém do outro lado que, de repente, até pode reparar que aquela embalagem está danificada e pede a um colega (em patins/Segway ou, pasme-se, a pé!) para ir buscar uma nova, ter alguém para ajudar a resolver algum problema que possa surgir.
Ainda há uns poucos dias atrás, num Pingo Doce perto de casa, a rapariga da caixa avisou que o garrafão de 6L de água que levava estava com promoção, e podia levar outro sem pagar nada. Isso sim, é bom serviço. Uma máquina não lançava um talão a dizer "vai buscar outro garrafão, que é de graça, oh totó!!!". Quer dizer, acho que não...

 
Gosto do contacto humano. E por isso recuso-me a utilizar caixas automáticas. Quando posso, porque já no posto de gasolina, já não encontro bombas (e principalmente as baratas) em que é só chegar e dizer "é p'ra encher!".