terça-feira, janeiro 29, 2013

Automático? Não, obrigado


Ontem fui ao Jumbo, apenas para comprar meia dúzia de coisas, a caminho de casa. É a compra típica de homem: comprar apenas o que é necessário no momento. Se amanhã precisar de outra coisa qualquer, volta-se ao sítio.

Após recolher aquilo que fui buscar, nomeadamente comida de gatos, desodorizante (porque em casa gosto de ter sempre uma embalagem de reserva, é o ERP caseiro), e uma embalagem de limpa-fornos (porque o forno tem uns resíduos difíceis de tirar, desde que uma vez tentei derreter uma embalagem de cammembert com frutos silvestres, e mais de metade do dito resolveu superar os limites da embalagem e inundar o fundo do forno, qual rio furioso em leito de cheia), dirijo-me às caixas.

Olho em pesquisa das que estão disponíveis, que habitualmente são muito poucas, ao final da tarde, e coloco-me na fila para a caixa exclusiva de pagamentos com cartão (sabia que não iria ter dinheiro para tudo).

Vem uma raparigita do Jumbo perguntar, com ar simpático, se não quero ir para as caixas automáticas, que ela ajudaria a realizar o processo.

Disse que não, e ela virou logo costas e foi procurar outra vítima. Mas tive pena.

Tive pena que tivesse virado costas e não me tivesse perguntado “tem certeza?”, ou mesmo “porque não?”, porque aí teria algo para lhe dizer...

É que vejo muita gente nestas caixas, mas repare-se que são caixas em que é o próprio cliente que ensaca os produtos, faz a leitura nos scanners e efectua o pagamento.

Ou seja, nós é que temos o trabalho que há anos é efectuado por outras pessoas, e cujos custos se reflectem no valor que pagamos pelos produtos que compramos. Se nós próprios realizamos esse trabalho, naturalmente devíamos pagar menos.

Além disso, trata-se de uma mecanização/automatização que, se extendida a todas as caixas, significa mais não-sei-quanta gente para a rua. E eu, pessoalmente, gosto de ter uma pessoa a lidar com o processo, gosto de cumprimentar a pessoa, de deixar um sorriso a alguém que provavelmente já está a servir os outros há horas, de ter alguém do outro lado que, de repente, até pode reparar que aquela embalagem está danificada e pede a um colega (em patins/Segway ou, pasme-se, a pé!) para ir buscar uma nova, ter alguém para ajudar a resolver algum problema que possa surgir.
Ainda há uns poucos dias atrás, num Pingo Doce perto de casa, a rapariga da caixa avisou que o garrafão de 6L de água que levava estava com promoção, e podia levar outro sem pagar nada. Isso sim, é bom serviço. Uma máquina não lançava um talão a dizer "vai buscar outro garrafão, que é de graça, oh totó!!!". Quer dizer, acho que não...

 
Gosto do contacto humano. E por isso recuso-me a utilizar caixas automáticas. Quando posso, porque já no posto de gasolina, já não encontro bombas (e principalmente as baratas) em que é só chegar e dizer "é p'ra encher!".