quinta-feira, agosto 25, 2016

Portugal Olímpico

Terminaram há poucos dias os Jogos Olímpicos de 2016. Como sempre que há estes grandes eventos, chegamos agora à altura em que toda a gente reclama de termos ganho poucas medalhas.

Sinceramente, acho que toda a gente devia ser um pouco mais como eu. Eu sou pessimista. E nestas coisas de grandes eventos desportivos, ainda mais. Parto sempre com a ideia de que vamos perder, e por muitos. Ou, no caso dos Olímpicos, que vamos ser eliminados à 1ª oportunidade.

Assim, caso ganhem alguma coisa, ou cheguem a um 6º lugar numa competição que à partida tinha centenas ou mesmo milhares de atletas (se contarmos com as provas de qualificação para os olímpicos), então já será motivo de festa.

Há que recordar que a grande maioria destes atletas são perfeitamente amadores. São pessoas como eu e quem quer que seja que lê isto, mas que saem de casa às 5 da manhã para ir treinar, antes de ir para o trabalho. E que ao final da tarde vão treinar novamente, antes de chegar a casa já de noite. São pessoas que, na grande maioria dos casos, fazem isso sem receber nada em troca. 

Não creio que ninguém tenha o direito de criticar os nossos atletas. Ok, excepto talvez aqueles casos em que alguém foi para os olímpicos sabendo que estava lesionado e que dificilmente poderia competir, e assim roubou o lugar a outro que poderia ter feito bastante melhor.

Sendo alguém que já passou a barreira dos 40, lembro-me de outros tempos, sim.

Lembro-me de tempos em que apenas tínhamos hipóteses de ganhar alguma coisa ou na vela (mau era, com a nossa costa!), ou no atletismo de fundo, que é como quem diz: aquelas provas de atletismo em que só ganha pessoal de países do 3º mundo. Nestes últimos jogos, bem como nos anteriores, as coisas já se inverteram, já tivemos medalhas, ou perto disso, em disciplinas como o triplo salto, e já ficamos longe de bons resultados nas maratonas (e vê-se tanta gente a correr na Foz ao final da tarde...). Às tantas é um sinal dos tempos e da nossa evolução na sociedade mundial, estamos a entrar nos desportos de países mais evoluídos.

Lembro-me desses tempos... da Rosa Mota na maratona em Seul... do Fernando Mamede a desistir dos 10.000m em Los Angeles... do Carlos Lopes a ganhar a maratona nesse ano...  Ok, já não me lembro da medalha de prata do Lopes nos J.O. de Montreal, em 76. Talvez porque tinha 1 ano, e não tinha grande interesse nessas coisas.

Mas lembro-me da nossa medalha de bronze em berlinde, nos jogos de Atlanta, em que o saudoso Zé Faria só foi afastado da grande final quando o atleta do Uzbequistão usou de forma muito duvidosa o seu abafador, naquela altura em que o árbitro se distraiu com a loira peituda nas bancadas (que a meu ver, tinha bastante ar de uzbeque).

E lembro-me da nossa medalha de prata na malha nos jogos de Pequim em 2008, quando o Ti Manel Padeiro conseguiu a passagem à final ao ganhar ao atleta argentino após ter desiquilibrado este último com um ligeiro toque da sua proeminente cavidade abdominal no pé de apoio do atleta das pampas, que fez com que a malha fosse parar ao parque de estacionamento. Consta-se que o árbitro não reparou, apesar do protesto do atleta sul americano, por estar distraído por uma loira pouco peituda mas provocante, nas bancadas. Não, não era uzbeque, mas sim uma brasileira recrutada em Lisboa 2 anos antes, de seu nome Angélica Cristina Ribeiro, que ficou para sempre conhecida na selecção de futebol e pelo Oliveirinha como a menina Paula. O Ti Manel não quis saber e foi à final, apenas perdendo quando no último lançamento, que lhe iria certamente dar a vitória contra o atleta japonês Aikidoi, a malha ficou presa na unhaca que usava para descascar kiwis, o que levou à sua desqualificação. Ainda assim, foi uma prestação meritória, tendo o atleta sido recebido em ombros pela população, no aeroporto de Lisboa, e tendo recebido a mais sentida homenagem através do crescimento das unhacas desenvolvido pelas meninas da ribeira do sado.

Ah, e quem poderia esquecer esse verão de 1988, onde em Seul o atleta espanhol naturalizado português Pepe Lopez Bufarte , atleta da divisão de bilhar do FC Porto, ficou a escassos milímetros de conseguir a medalha de bronze em bilhar de bolso, quando falhou inacreditavelmente o último movimento do direito, que em vez de passar por baixo do esquerdo enquando coçava a micose inferior (que tanto tempo tardou a ser desenvolvida, no estágio em PyongYang), acabou por recolher e assim perder impulso. Ainda hoje muitos nos lembramos do treinador, histericamente aos berros "Oh Lopes Bufa! Bufaaa!", para tentar que o direito voltasse a sair a tempo da manobra, mas sem sucesso, já que o raio do espanhol pensava que o treinador apenas o estava a chamar para ir conhecer a loira que se achava provocante e peituda sentada nas bancadas, mas afinal era só uma jovem Carolina Salgado.

São coisas que só acontecem a quem lá está. Ou não.