Na semana passada, fiz 35 anitos.
A meu ver, considero que entrei agora, oficialmente, na meia-idade. Afinal, se depois dos 70 já não só “o” conseguir levantar com Viagra, a vida deixará de fazer muito sentido. Deve ser muito complicadinho para a psique de muitos homens ter que pensar “ok, se daqui a 3 ou 4 horas há a remota hipótese de ter uns minutos de sexo com aquela sexagenária boazona, então tenho que tomar a pastilha azul agora. Se correr mal, lá vou ter que andar à cowboy, com cuidado para não cair para a frente com o peso...”.
Bom, mas isso agora não interessa nada.
Nestas alturas de aniversários, é normal o ser humano envolver-se num processo altamente masoquista e deprimente: a retrospectiva da vida até agora. A velha máxima filosofal do “Quem sou? De onde vim? Para onde vou?”. Não sou daqueles auto-iludidos que com falsas modéstias dizem “eu? Eu não me arrependo de nada, não mudava nada na minha vida”. Nada disso. Se há coisas que são naturais da idade (leia-se: erros naturais da idade da parvalheira), pelos quais toda a gente passa e sem eles não podemos evoluir e crescer, há outros que poderiam ser perfeitamente evitáveis. E tenho algumas situações dessas, há claramente coisas com as quais acho que poderia ter lidado de forma diferente (para melhor, diria mesmo para muito melhor). E claro, há esse evento ao qual cheguei escandalosamente atrasado, e que me poderia ter mudado a vida toda. Até o próprio facto de estar a escrever isto num combóio, às 7h30 da madrugada, tendo como companheiro de viagem um cinquentenário com (aparentemente) alguns problemas em manter o catarro do fumador dentro da goela, além das personagens de sempre, me leva a pensar que mesmo profissionalmente, a coisa poderia ter resultado melhor.
Bom, mas o facto é que, por considerar que a data possui alguma relevância, tentei juntar alguns amigos para uma bela noitada. Não pude juntar todos, pois seria logisticamente impossível, mas pelo menos aqueles que mais me têm acompanhado nos últimos tempos. E foi muito bom. É bom sentir o carinho de quem trabalha connosco, e de quem já nos acompanha há uns anos. Durante o jantar disse a uma pessoa que a maior parte das coisas na vida vâo e vêm, mas os (bons) amigos ficam. É um cliché, mas é bem verdade. Estava a precisar desse reforço positivo, deu-me forças para seguir em frente, depois de um ano muito complicado. E, para já, nem preciso de ouvir falar em Viagra....
Há uns dias, respondia a um comentário de uma amiga, pelo Facebook, sobre a solidão, indicando que apesar de me considerar um solitário, não me vejo como uma pessoa sozinha, a meu ver são conceitos totalmente diferentes. A isso se devem as pessoas que nos rodeiam e enchem a nossa vida com motivos para a encarar com um sorriso.
Isto para dizer que, apesar de alguns arrependimentos, apesar de algumas coisas poderem ter corrido melhor, sinto-me bem. A culpa é vossa: obrigado, amigos!
Saúde mental (escrito em 16/08)
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Hoje levantei da cama agora às 7:00 da manhã e desisti de dormir. Estava
muito ansiosa, com muitos pensamentos e resolvi levantar e ser produtivo.
Enfim, ...
Há 5 anos