quinta-feira, outubro 18, 2012

Power to the people

Já ouvi várias histórias de carjacking. Tenho amigos que já foram vítimas desse flagelo moderno. Felizmente todos apenas com danos nos carros (que em alguns casos, desapareceram para nunca mais serem vistos).

Na passada 6ª-Feira, fui jantar com amigos ao Cais de Gaia, e após termos ficado na conversa durante algum tempo, dirijo-me para casa. Por ser mais perto e rápido, saio da zona do Cais pela marginal, em direcção à Ponte da Arrábida. 2h30 da madrugada.

Um pouco antes, da ponte, junto a uma zona habitualmente utilizada por roulottes para pernoitar, e também por... casais que não têm dinheiro para motéis (ou até pode ser fetiche, sei lá...), vejo um carro no meio da estrada, e um jovem de pé, ao lado.

O rapaz, novo (20 e poucos) estende os braços, pedindo para que eu pare. Dentro do carro estava uma miúda, da mesma faixa etária. Com um ar cansado, mas não me vou debruçar sobre as causas disso.

Obviamente que me vieram à cabeça todas as histórias já conhecidas.

Carrego no botão de fecho centralizado de portas, e deixo apenas uma frincha na janela, o suficiente para falar. E quando páro ao lado dele, deixo o carro engatado, de forma a sair rapidamente, se for necessário.

O miudo pergunta se tenho cabos de bateria, pois ficaram sem a do seu carro.

É claro que a minha primeira opção foi responder "não", e sair dali antes que saltassem alguns comparsas para me levar o carro. Mas sabia que ao fazer isso, iria ficar a pensar "e se fosse verdade? Negar ajuda a um casalito por medo?". Já seria a 2ª vez nesse dia, pois antes, ao dirigir-me para o emprego, vi o corpo de um gato, basante parecido com a minha MoMA, e como não tinha ferimentos visíveis, pensei em parar para ver se estava vivo. Mesmo que estivesse em sofrimento, podia levá-lo ao vet para morrer em paz. Mas já ia tarde, não quis atrasar-me por causa disso. E fiquei com remorsos no resto do dia.

Peço ao miudo para dar à chave, de modo a comprovar que estava sem bateria. Assim o fez, e de facto o carro não pegava. Isso não invalidaria que saltassem os capangas, mas resolvi arriscar.

Arrumei o carro em frente ao deles, tirei os cabos de bateria que estão sempre na mala do meu, e ajudei-os a arrancar, dando-lhes algumas indicações, já que pelos vistos era a primeira vez que lhes acontecia isto, algo em que já sou veterano (refiro-me ao ficar sem bateria, não a noitadas em carros apertados, em locais obscuros...) E vim à minha vida, são e salvo, e com a sensação de ter feito uma boa acção.


Mas ainda assim, ao chegar a casa ainda pensava "e SE era mesmo carjacking????"...

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