domingo, abril 30, 2006

O outro lado

Fiquei uns dias sem colocar um post porque um amigo meu perdeu um familiar muito próximo. E isso deixou-me triste, e muito. É do género de coisas que nos faz pensar na fragilidade da vida. E nas coisas sem importância às quais damos demasiada significância, e que nos fazem perder amigos, quebrar laços familiares, etc. Quando reparamos que não tinha importância, já é tarde demais.

E geralmente pensamos sempre que havia muita coisa a dizer que não foi dita.

E porquê? Porque nunca dá jeito, porque é lamechas, porque não há razão aparente para dizermos a alguém que gostamos dele ou dela. Mas a razão está aí, nessa coisa irritante e fascinante ao mesmo tempo, que é a imprevisibilidade da vida.

É por isso que, quando vejo uma miúda gira e boazona à noite, vou lá dizer-lhe isso mesmo. É das tais coisas. Estranho é que nunca me compreendam, e geralmente levo um insulto qualquer.

Às vezes (como toda a gente, suponho), penso no que estará do lado de lá. Há quem diga que passamos para outro estado de consciência, mas continuamos cá. Isso deixa-me algo desconfortável, porque sempre que vou à casa de banho, ou estou com uma miúda, penso que tenho os antepassados todos a olhar (os meus e os de toda a gente!). Será que comentam entre eles? Tipo "Eeeei, oube lá, olh'ó cheiro, man, podias ter avisado que ia sair ataque químico!!! Olha que tou morto mas não perdi o nariz!!!" (isto no WC), ou então, com a miúda: "Hmm, esta posição é boa, mas no meu tempo eu fazia melhor..." e "Ah, este rapaz tem jeito, hã? Nunca me tinha lembrado disto." Será que fazem campeonatos, com pontuações? É preocupante, saber que "eles andem aí". Será que, como se movem à velocidade do pensamento, podem ir à América ver os filmes que ainda não estrearam cá???

Enfim, são dúvidas que me irão atormentar até ao fim dos meus dias...

PS: A primeira metade deste post é dedicada a todos os meus amigos que perderam alguém querido, principalmente um a quem isso aconteceu recentemente. A segunda metade, é pra aligeirar a coisa...

Casas de banho

As casas de banho... têm muito que se lhe diga.

Em casa, uns minutos na casa de banho, podem ser os momentos mais reconfortantes do dia. Nomeadamente em casa. Principalmente quando estamos aflitinhos. É libertador, o momento da descontracção. Já pensei se aqueles pequenos impulsos que se tem quando temos a cavidade anal cheia de m**** a querer sair não seriam equiparáveis às contracções de uma grávida, mas rapidamente cheguei à conclusão que... não!

Mas as casas de banho públicas têm realmente muito que se lhes diga.

A empresa onde trabalho tem, na área produtiva, 2 casas de banho. Numa delas, a parede onde estão situados os urinóis tem, ao fundo, uma janela. Ou seja, mesmo com as divisórias entre cada urinol, há sempre o risco de quem passa lá fora (ainda que seja uma zona resguardada da fábrica), vê o pessoal a fazer o servicinho. Será táctica da empresa para desmotivar o pessoal a ir ao wc? É que o home faz a sua coisa, dá umas sacudidelas, e olha para o lado e vê pessoal a passar lá fora? É constrangedor! Há quem não se importe, e mije em qualquer lado, mas eu gosto de alguma privacidade.

Também é curioso ver o comportamento do animal homem num WC de um bar/discoteca, ao longo da noite. Ao início da noite, é cada um por si, sem grandes confianças. Cada um olha para o que está a fazer, e nem liga a quem está ao lado, entra e sai com limpeza e rapidez, excepto os que ficam a arranjar o penteado.
Passadas umas horas (e uns copos), o pessoal é todo amigo de longa data. E iniciam-se grandes conversas enquanto seguramos no johnnyzito, tentando evitar inundar o chão do wc, porque estranhamente, ao longo da noite, o urinol vai ficando cada vez mais pequenininho, e torna-se difícil fazer pontaria. É um fenómeno da natureza. E nessa altura, basta um desabafo do tipo "epá, isto hoje está difícil", que o parceiro do lado responde logo qualquer coisa, seja relacionado com a dificuldade da pontaria, ou com a caça ao mulherame, ou outro assunto qualquer. Saem os dois abraçados da casa de banho, até que alguém cá fora lhes faz notar que se esqueceram de recolher os johnny walker's.

Enfim, as figuras que fazem os tipos com os copos dariam para um blog próprio...

terça-feira, abril 18, 2006

Fiquei sem Net!!!

No fim de semana passado, resolvi limpar o computador, e formatei o disco.

Claro que preparei-me com os CD's de instalação dos principais programas, incluindo o acesso à net, para poder instalar o principal novamente, depois da limpeza.

Ao reinstalar as coisinhas, a ligação à net não funcionava.



Raios!



Ganda porra...


E agora? O que será de mim?


Uns dias sem net? Não vou aguentar?


Sinto-me nu... e sozinho... acima de tudo, sozinho...


Mas...!?!? Que raio, tenho 30 anos, já sou grandinho, não preciso da net pra nada!

Bem, por acaso até dá jeito, para ver os mails e pagar as contas, e já agora, ver se nenhum pirata me foi ao saldo bancário.

Por isso, depois de várias tentativas frustradas, há pouco resolvi ligar ao serviço de apoio da Sapo...

- Muito boa noite, fala Francisco Esperto (nome falso para proteger a identidade do visado). Em que posso ajudar?

- Olhe, muito boa noite (porque é que os portugueses - nos quais eu me incluo - têm a mania de dizer "olhe"? Mas "olhe" para onde??? Para o telefone? Para a parede a ver a tinta secar??? Para o céu e contemplar as estrelas numa noite de céu nublado? Continuando...). Eu tenho o sapo sem fios, e formatei o computador, e ao reinstalar, o modem não funciona. (isto depois de ter passado por N daquelas escolhas automáticas - Para assuntos relacionados com o Sapo ADSL, prima 1...)

- Ah, muito bem, vejamos, tem um sapo adsl sem fios, certo?

- Sim, foi o que eu disse.

- E diz-me que...?

- Que não consigo ligação ao modem. Ou melhor, ao modem até consigo, o modem é que não liga à net, tem a luz que diz "internet" sempre a piscar, parece que lhe falta qualquer coisa...

- Ao modem?!?!?! Ao modem ou ao router???

- Ah, pois, isso, ao router...

- O sr. tem um router, não é um modem, ok?

- Sim, adiante...

- Portanto, diga-me por favor o seu nome...

- André Pinheiro...

- Muito bem, sr. André, vamos aceder à página interna do router, está bem?

- Sim, já fiz isso.

- Então vamos abrir o Explorador da Internet...

- Sim, eu sei como se faz, já lá fui fazer o diagnóstico.

- ...E agora vamos escrever na linha de endereços: Dez... Zero... Zero...

- Sim, eu sei! Já conheço, já lá fui! Estou a escrever! (Apetecia-me dizer "Helloooo"?)

- Pronto, agora clicamos em "Basic".

- Ok...

- E agora em Connections... Diga-me lá o que aparece nos campos tal e tal?

- Ah, aparece "retrying" e "state: down".

- Pronto, temos que alterar isso. Sr. André, vamos fazer uma coisa, vamos reconfigurar o router. Ora vá a...

- Sim, eu sei, vai-se a esta página e escolhe-se esta opção, também já fiz isso.

- ...E agora vamos a esta página, e escolhemos aquela opção... muito bem.

(irra...)

- E agora vamos..

- Escolher a opção tal, sim, já sei, também já fiz isto!

- ...e escolhemos a opção tal. Carregamos em "Next"...

('dass...)

- E agora chegamos ao ponto de introduzir as informações de cliente. Por favor introduza o seu username, que vinha com o pacote inicial.

- Aah? Esse? Mas eu já o alterei há algum tempo...

- Alterou??? Mas como??? Isso não é possivel, deve-se ter equivocado.

- Então... indo ao site da sapo e clicando onde dizia "alterar username"...

- Ok, só um momento, então.

(silêncio durante 3 minutos)

- Ah, sr. André, agradeço ter aguardado. De facto, já é possível alterar o username na página!!! (disse isto como se fosse novidade de vendedor).

- Sim, foi o que eu disse, foi o que eu fiz.

- Então vamos colocar o username original, que vinha no envelope.

- Ok, e a password?

- Bom, se mudou a password, terá que colocar a nova.

- Mas... quando mudei o username, também mudei a password, para ser mais fácil de lembrar, obviamente!

- Certo, mas o sistema, nesta altura, apenas permite esta alteração para a password, não para o username.

A partir daí a coisa ficou resolvida. Eu nunca lá chegaria, por causa da confusão de nomes, e por isso tenho que ficar grato por estar lá um tipo a fazer o que deve.

Mas que chateia, chateia...

sábado, abril 08, 2006

Comunicações do espaço

Esta semana falou-se na tentativa de alunos e professores de uma escola em Oeiras para comunicar com um astronauta brasileiro actualmente na Estação Internacional, a orbitar à volta do planeta.

Oficialmente foi dito que não conseguiram ligação. Devido à apertada agenda do astronauta, dizem eles.

Mas eu sei que não foi bem assim... Uma fonte próxima de quem lá estava disse-me como tudo se passou:

Professor - Alô, alô, Estação Espacial?
... (silêncio, ruído de estática)
- Alô? Estação Espacial? Alô?
...
- Alô? Est-
- Oi?
- Hã?
- Hein? Oi?
- Sim! Estação Espacial?
- Oi? Hein?
- Boa tarde! Estamos a falar de Portugal!
- Hein? Você está se sentindo mal?
- Não! Somos da Escola de Oeiras!
- Querem esmola pra Feira? Pô cara, tenho os bolsos vazios, não podemos trazer moedas pró espaço, né?
- Não é isso, somos da escola! Tenho aqui os alunos para fazer as perguntas!
- Hein?
- As perguntas! Sobre o espaço!
- As multas no pedaço? Bom, a gente ainda não roubou nada, nem estacionou esta geringonça fora de sítio, por isso ainda não tivémos multas.
- Er... estou a ver que devemos estar com problemas de estática na transmissão.
- Você é professor de matemática na televisão? Legal, cara, eu sempre detestei matemática.
- Não, olhe, acho que você não está a ouvir-me bem!
- Se navegamos à bolina também? Não, cara, a gente tem combustível, a nave não tem vela, nem tem vento aqui no espaço. Eta português burro, hein?
- Eh! Os portugueses não são burros!!!
- Às vezes quer um murro? Eh, não vale a pena partir prá violência, hein?
- Eu não acredito nisto!
- Hein? Tá doendo seu quisto?
- Olhe, vá pró car****!!!
- Se eu sou Carvalho? Não cara, meu nome é Caramujo, Carlos Caramujo...

Nisto o transmissor foi arrancado pelo professor em fúria, que deu indicações aos colegas para avisar a comunicação social que, com muita pena deles, não foi possível comunicar com o astronauta brasileiro...

quinta-feira, abril 06, 2006

ÛÛÛûûûû...

Isto de crescer tem muito que se lhe diga. Por um lado, se não crescemos o suficiente, dizem que somos muito criança. Se crescemos demasiado, dizem que precisamos de soltar a criança que há em nós.

Mas tem a sua piada. Entre os 20 e os 30, muitas perspectivas se alteram. Passamos gradualmente, e sem nos apercebermos, a olhar para o que nos rodeia e o que fazemos, de forma diferente. Mais calma, mais pausada, mais racional, mais... "adulta".

Eu tenho pena. Tenho pena de não conseguir sair à noite com o mesmo entusiasmo que tinha há uns anos atrás. Tenho pena de ter que não encontrar tantos amigos quando saio à noite. Tenho pena de não ter tanto entusiasmo por coisas insignificantes como há uns anos atrás. Tenho pena de... de... bem, tenho pena de aguentar bem uma bebedeira, é sinal que já bebi tanto que o corpo já se habituou!

Por outro lado, aqueles que conseguem manter esse espírito, são apelidados de mandriões, inúteis, playboy's....

E tenho pena que a idade acarrete o aparecimento de alguns sinais de senilidade, mesmo agora aos 30 e poucos. Não? Então como é que explicam que quando um tipo encontra um amigo que já não vê há algum tempo, se note tanta diferença:
- Aos 20, é algo do género: "Eeehhhhhpááá! Olha quem el'éééé! Então, meu? Tá tudo?"
- Aos 30, a coisa é bem diferente, e já se utiliza muito um som que é extremamente difícil de reproduzir por escrito, é uma vogal algures entre o U e o O, dito de forma algo elitista, diria mesmo "queque". Algo do género: "ÛÛÛûûûûóóó entãããão, como estáááá... Que tem feito?" É mais fino, mais "business", mais... "adulto".

Ou seja, aos 30, a falar, parecemos o Silvester Stallone...

Nem quero ver como será quando tiver 40 anos...

segunda-feira, abril 03, 2006

Pequenas coisas...

Há coisas, pequenas coisas da vida, que todos fazemos da mesma forma. Vá-se lá saber porquê.

Por exemplo, toda a gente, quando está ao computador a fazer algo que só necessita de movimentos do rato, põe a outra mão a apoiar o queixo, cotovelo na mesa, contra todas as recomendações dos estudos ergonómicos. Será genético? Estará embutido nos nossos genes que há um reflexo condicionado quando pegamos num rato, de apoiar o queixo? Será que o Pavlov pensou nisso? Aaah, se ele tivesse um computador naquele tempo... Faria o que faz hoje em dia qualquer respeitado cientista: passar o tempo todo a ver porno na net!

E será genética a escolha de urinóis num WC público? É coisa que uma mulher não compreende, mas se um homem entra num WC com, digamos, uma boa meia-dúzia de urinóis, e um deles está ocupado, ele tenta deixar, no mínimo, um urinol de intervalo. Mas o melhor mesmo é ir para a outra ponta. Se estão 2 ou mais pessoas, a coisa pode ficar complicada, e muita gente opta por utilizar a sanita, com a portinha fechada que é para ninguém ver. Serão complexos de inferioridade? Medo de apanhar um salpico perdido? Para muito homem, apanhar um salpico tresmalhado é pior que fogo cruzado numa praça israelo-árabe.

Já o facto de toda a gente procurar deixar um lugar de intervalo no cinema para o desconhecido que já lá está sentado é bem conhecido de todos, e facilmente explicável após anos e anos de estudos na matéria: tem a ver com o medo inato que nos roubem as pipocas.

Já agora, isso lembra-me uma história, do tempo em que os animais falavam:

"Estava o cágado Ambrósio no seu aquariozinho, virado para a janela com um olhar perdido, quando o seu legítimo dono, o Efigénio lhe pergunta:
- Oh Ambrósio, que cara é essa? Com um dia tão bonito lá fora, estás aí tão apático?
O Ambrósio levanda a focinheira, com ar desanimado, e responde...
- Oohhh... estava aqui a pensar na vida...
- Em quê, meu rapaz? Diz lá o que te apoquenta?
"Nada, nada...", continuava o cágado Ambrósio, enquanto deixava novamente cair a focinheira.
- Diz lá, meu petiz, o que posso fazer para te animar?
- Oh... gostava de ir ao cinema...
- Ah, mas é só isso? Mas isso arranja-se!!!
Nisto, e num repente, o cágado anima-se como se lhe tivessem dito que a Tina Turtler aparecia na próxima edição da Playturtle... "A sério?"
- Sim, claro, só temos que arranjar forma de de meter no cinema. E o que queres ver? Está aí um filme bom de aventuras.
- Er... não era bem um filme de aventuras que eu queria ver...
- Então, meu quadrúpede minúsculo, o que queres ver?
- Humm... gostava de ir ver um filme pornográfico...
- Um filme porno?!?!?!?
- Sim, eu sempre quis ir ver um filme pornográfico, é o sonho da minha vida!
- Eu... bom, se assim é, vamos ao Sá da Bandeira. Até já tenho o truque ideal para entrares. Vais no meu bolso das calças, e quando começar o filme eu abro a braguilha e metes a cabecinha cá fora para ver.
- Oh, fazes isso? Por mim? Ooohh, Efigénio, és o melhor dono que um cágado pode ter...

E lá foram todos animados à matinée do Sá da Bandeira. Lá chegados, fizeram como combinado, cágado no bolso e toca a entrar.
Entram e sentam-se ao lado de um jovem casal, mais propriamente da rapariga.
O filme começa, e o Efigénio age como prometido, abrindo a braguilha, ao que o Ambrósio se estica e mete a cabecita verde-musgo cá fora.
Passados uns 15 minutos, a rapariga começa a querer conversar com o namorado:
- Oh Toni... Toni!
- Ãããhhh? Queres coisa, he?
- Não, não é isso, é que acho que o rapaz aqui ao lado tem a coisinha de fora...
- Oras, hehehe, e qual é o problema, se eu também tenho a minha de fora! Foi para isso que cá viemos, não foi???
- Pois, mas é que a dele está a comer-me as pipocas todas...