sexta-feira, dezembro 19, 2008

Escorregadelas

Um destes dias, ao entrar na casa de banho da escola de gestão onde ando a tirar o cursinho, esta tinha acabado de ser lavada, o chão estava todo molhado.

Não tinham colocado o sinal de “piso escorregadio”, mas o calçado que tinha na altura evitou que me espalhasse pela casa de banho fora.

Mas isso fez-me pensar... E se por acaso me tivesse falhado o pé, e tivesse dado grande tombo? Pior: e se durante o tombo, naquelas tentativas débeis e ridículas de nos aguentarmos nas canetas, fosse dar uma traulitada nos urinóis, que estão ali tão pertinho?

Não estou a ver nenhum homem de pelo no peito, consciente da sua masculinidade e com todo o machismo latente, a chegar à beira dos amigos com grande galo na testa e dizer “epá, dei uma cornada no mijadouro”. É que não soa nada bem, não é coisa... d'homem! Um tipo magoar-se no mictório é coisa de quem não sabe o que faz... quase coisa de maricas. O George Michael podia-se magoar no WC, mas isso é porque gosta de fazer lá acrobacias.

Imagino o que diria o macho... “epá, andei à porrada com um gajo... mas deixei-o em pior estado!”.

Ao que respondem os amigos: “então? Mas acabaste de sair daqui para ir dar uma mija!”

“...er... pois, mas apareceu um gajo que me queria assaltar, de ponta-em-mola e tudo, e... e depois de muita porrada dei-lhe uma pantufada tal que ficou com a moina enfiada na sanita. Até puxei o autoclismo mas o tipo não foi junto”. Bom, desde que não fosse o George Michael...

O problema é se o tipo fica com o “Roca” marcado na testa...

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Subjectividades Metafóricas

Quando era puto e andava nas aulinhas, era vulgar, nas aulas de língua portuguesa, termos que analisar as figuras de estilo utilizadas pelos autores, para realçar certos sentimentos, certas sensações.

Sempre considerei isso uma treta. Não imagino o Camões a pensar "Ora vejamos... 'Fogo que arde... oras aqui agora, ficaria bem, pois então, uma onomatopeia... ou uma hipérbole... ou um realçe da metonímia? Oh amor ardente, ajudai-me nesta demanda por um termo que me garanta gajas na cama..."!!!

Isto é também vulgar, na análise a obras de arte, principalmente abstracta, nomeadamente a tentativa de determinar o que o artista pretendeu transmitir com a sua obra.

Se na questão da língua, ainda dou um desconto, porque mesmo que o autor não tenha utilizado conscientemente esta ou aquela figura de estilo, pode ser interessante descubri-las no texto, já com a pseudo-arte não aguento.

Não aguento!!!

Um tipo que pinta um risco num quadro e lhe chama "obra-prima", está-se pouco cagando para o que significa o raio do risco!!!

Hoje, no canal de cabo "Porto Canal" (a minha mãe é um dos 3 espectadores do canal), num programa alegadamente sobre cultura, apresentado por um tipo que ficou em 2º numa das primeiras edições do Big Brother (o que só por si, já representa um contra-senso), falavam numa galeria de arte, sei lá onde. Nela, pediram a um tal António Sousa (ou seria Alberto?) que comentasse um quadro que estava ao seu lado, exposto.

Diz ele "bem, isto aqui podia ser... sei lá... um cavaleiro, algo assim... e aqui esta zona... talvez... não sei... um borrão que evoluiu até esta forma...". Oras, se pediram a opinião ao Xôr Sousa é porque o quadro era dele!!!

Cum catano, o tipo admite que nem faz ideia do que é que tentou representar!!! Admite inclusive que fez um borrão, e a partir daí fez o quadro!

E esperem que nós, incautos ignóbeis, tentemos, dentro da nossa brilhante ignorância, determinar se o Xôr Sousa estaria a pensar na Angina de Peito ou na Angelina Jolie quando desenhou ali aquela forma curva???

E por acaso o quadro nem estava feio, que faria se fosse daquelas esculturas tipo sanita partida e invertida no meio de um monte de tijolos. Alguém que me pergunte o que acho que significa...

terça-feira, dezembro 09, 2008

Images lá do outro lado do mundo...

Bom, aqui ficam algumas fotos de Macau, para não haver reclamações...








segunda-feira, dezembro 08, 2008

Massage? Massage?

Demorou para recuperar o jet-lag!

Normalmente, tento fazer um pequeno truque para ultrapassar o Jet-Lag, e costuma resultar: no dia anterior à viagem saio à noite, para dormir pouco e cansar-me, para que vá a dormir na viagem. Desta vez não resultou. Acabei por ficar acordado a maior parte do tempo na viagem de 10h entre Frankfurt e Shanghai.

Após quase 1 semana em Suzhou, a trabalhar, fui passar o fim de semana a Macau, essa antiga colónia portuguesa. E nota-se isso, já que ao chegar ao aeroporto se nota que todas as indicações estão em chinês (Cantonês) e português. Mas claro, ninguém fala uma palavra da língua de Camões. Entre Shanghai e Macau, viagei na Shanghai Airlines. Após entrar no avião, sentei-me à janela do Boeing 737, e assisti aos operadores de handling a ultimar os preparativos. Fecham a porta do compartimento das bagagens, afastam os carros de apoio, até que um entra para o carro que empurra o avião para a pista, enquanto os outros 2 acompanham ao lado, a pé. Depois de colocado o avião em posição, os 3 homens ficam em fila, ao lado do avião. Assim que este começa a andar, os 3 começam, em movimento sincronizado, a dizer adeus... Achei um piadão.

Em Macau... que se há de dizer? Casinos enormes, gigantescos, prédios velhos e cheios de gente, uns por cima dos outros. Não é propriamente uma cidade bonita, mas à noite ilumina-se com as luzes dos casinos e torna-se engraçada. Graças à grande simpatia de uma amiga, pude dar uma volta pela terra e definir os pontos a visitar nos dois dias seguintes, antes de um jantar chinês com duas portuguesas.

Normalmente, os relatos de visitas resumem-se a este tipo de comentários, mas... hei de passar a fazer as coisas de forma diferente. Acho que vou começar a comentar as viagens pela prostituição que se encontra. Não é que recorra a ela, mas é curioso ver a diferença na profissão mais velha do mundo entre todos os sítios diferentes. Desde o exagero das esquinas de Oslo, à publicidade "à vista" nos bairros vermelhos da Holanda e Alemanha, há sempre diferenças. Ora vamos lá a ver as p**** de Macau...

Na rua caminha-se muito bem, não há qualquer sentimento de insegurança. Mas elas andam por lá, principalmente à noite. Mas há que reconhecer que não chateiam. Mesmo quando vêm ter connosco a oferecer "massage, massage", basta dizer que não uma vez, e seguem caminho. Isso é bom, não é ostensivo como na Noruega. Ah, e nos casinos... nos casinos são mais fáceis de reconhecer do que na rua (até porque na rua andam até mais vestidas do que as miúdas "normais"!). Mas nos casinos, não pela roupa, mas pelo ar de caçadoras, sempre a olhar à procura de homens sozinhos a quem ir perguntar "massage? massage?". Mas também aqui, basta dizer que não uma vez.

O que se nota também são algumas estrangeiras. Numa noite, ao passar pelo hotel Lisboa (um dos mais velhos e conhecidos hotéis-casinos de Macau), estavam 3 loiras elegantes à entrada, nitidamente à espera de eventuais clientes que ali estivessem hospedados. Mas todas divertidas entre elas, o que faz levantar algumas questões quanto à situação das mulheres que recorrem a este tipo de vida. Nem todas serão casos de escravatura branca...

Como já disse, não recorri a nada disto, como é hábito, mas fui experimentar uma massagem. Note-se: Sem "happy-end"!!! Foi ainda em Suzhou, depois de jantar, guiado pelo colega mexicano, que já conhecia o sítio. Estavam em promoção... massagem de pés e corpo por uns 130 RMB's, o que equivale a uns 15 €.

Aquilo começa e... raios! Que dores!!! Tinha acabado de começar e já estava aos saltos com dores! A mulher apertava-me a planta do pé de uma maneira que me contorcia todo! Ela ainda perguntou "ok?", como quem diz "se és fraquinho, faço com mais gentileza", mas claro que não podia dar parte de fraco, de modos que disse, com a lágrima no canto do olho "ok, ok...". E foi um suplício.

Sim, de facto, no final estava com os pés relaxados, mas acho que era pelo choque e pela dor, mais do que propriamente por relaxamento. Até porque no dia seguinte ainda mancava um bocadinho... Mas conforta-me o facto de que o mexicano também saiu de lá a andar de lado...

terça-feira, novembro 25, 2008

O Presidente e o BPN

Apesar de estar na China, vejo os telejornais da Sic, colocados na net pouco tempo depois de se realizarem (isto porque a emissão em directo não funciona, diz que não dá para transmitir nesta região...).

E acabei de ver o jornal da tarde, tendo achado curiosa a declaração do nosso excelso e grande palrador Presidente da República, o sr. dr. Cavaco Silva, relativamente às implicações do Dias Loureiro no caso BPN.

Exceptuando as considerações óbvias quanto à idiotice dessa declaração, quando fazia todo o sentido que esse rapazola, que até era um dos seus ministros favoritos quando por andou pelo governo, suspendesse a presença no conselho de estado até estarem afastadas todas as suspeitas (se é que isso algum dia vai acontecer).

Mas não foi isso o que achei curioso... Foi o facto de o homem ter dito que se reuniu com o Dias Louteiro. LouTeiro??? Mesmo se o nosso grande chefe estivesse constipado e fanhoso, nunca diria "Louteiro"!

Isso deixa-me a pensar no que ele queria realmente dizer...

Será que lhe fugiu a boca prá verdade e queria dizer "Caloteiro"?

Ou será que disse isso para, caso se venha a verificar que o Dias LouReiro realmente estava metido até à ponta dos cabelos (mesmo os pintados) no caso BPN, poder vir a dizer "ah, não, mas eu referi o Dr. Dias Louteiro, que é um grande amigo de infância, e sempre me disse que não tem nada a ver com este caso"???

Sim... deve ter sido isso... ah ganda presidente, afinal até tens jeito para as palavras. Ah presidente erudito! Melhor que isso, só mesmo o Lula.

PS: É curioso que, nesse mesmo telejornal, lá para os 23 minutos e meio, o pivot (Bento Rodrigues), ao re-introduzir a reportagem sobre a explosão em Portimão, informa que a mesma causou 11 mortos. Na realidade eram apenas feridos, mas o homem deve ter algum parente na TVI e fugiu-lhe a boca para o espectáculo. Anda a fugir a boca a muita gente...

China in your hands...

Estou há 3 dias na China. O primeiro dia foi passado a recuperar do jet-lag, depois de:
- 2,5h de avião Porto-Frankfurt;
- 10h de avião Frankfurt-Shanghai;
- 2h de camioneta Shanghai-Suzhou.

Sim, camioneta. Aventurei-me, e em vez de vir de táxi, acabei por optar a camioneta de província. Não foi grande problema dar com o autocarro correcto, felizmente a mulher da estação berro o nome da cidade para onde vinha. E por acaso, o tipo que, ao entrar numa paragem intermédia, veio reclamar de que estava sentado no lugar errado, falava bem inglês e foi simpático...

Hoje, para me vingar, fui a uma casa de massagens. Atenção: massagens MESMO! Nada de... "happy end"... A mulher partiu-me todo, diria mesmo que nos pés tive umas dores algo penosas, mas estou relaxadinho, e acredito que vá ter uma noite descansadinha.

Mas regressando ao autocarro, na estação tinha o aviso aqui apresentado. O que achei algo estranho. Mesmo dando o desconto da tradução literal, não consigo perceber o que dizem ao embrulhar a barba ou não sei quê...



segunda-feira, novembro 17, 2008

The Clothes Nightmare

Já agora, não resisto a colocar aqui uma cena assustadora, que acabei de deixar em comentário a um dos blogs que vejo regularmente (o do Mercado...).

Trata-se de uma cena de um filme de terror em que o protagonista vai ao... oops, não, afinal é só a inauguração do estádio de Alvalade XXI, em Agosto de 2003.

Esperem até ao minuto 2:05, e pasmem-se com algo que decerto muitos de vós terão tentado apagar da memória.

Eu ainda acho que o desejo da rapariga era ser lutadora de Sumo....


Trip to Genéve

Na semana passada tive uma reunião em Lyon, Este de França. Para lá chegar, voei com a Tap para Genebra, e lá aluguei um carrito para fazer os 150Km até à 2ª maior cidade francesa.

Na companhia de rent-a-car, deram-me uma carrinha Ford C-Max. Quando entrei na dita-cuja, um dos primeiros pensamentos foi "porra, esqueci-me de trazer um CD para ouvir durante a viagem". Já não é a 1ª vez, e não há de ser a última. Numa das poucas alturas em que me lembrei de levar banda sonora num CD, o carro tinha um leitor de cassetes. Típico.

Este animal era de mudanças automáticas. Coisa que detesto, mas que começo a perceber que dá algum jeito, principalmente no trânsito de cidade, há menos esforço.

O bicho era novinho, tinha 22km's, fui o primeiro cliente a "domá-lo". Mas tal como boi de rodeo (sem ambientalistas), não foi fácil. Como ainda tinha bastante tempo, fui até ao centro de Genebra, passear um pouco, e ao cabo de uns 20 km de percurso em pára-arranca, começo a ver algum fumo a vir da parte de trás do carro.

"Deve ser por estar frio", penso eu.

Mas o fumo ia continuando. E sempre que parava num sinal vermelho, parece que ficava pior, com mais fumo.

E começa a cheirar-me a queimado.

Nessa altura, dá-me um daqueles impulsos que temos quando nos apercebemos num repente, num milésimo de segundo, de termos feito uma burrada brutal.

"Ganda porra, venho desde o aeroporto com o travão de mão puxado!!!".

Assim que o destravei, o fumo começou a diminuir, e passado pouco tempo deixou mesmo de se ver. A posição de condução que tinha não permitia ver o avisador do travão, por ter a visão bloqueada pelo volante. Espero que o próximo tipo a usar o carro não estacione em ruas muito inclinadas...

Já conhecia Genebra, mas lá fui dar o passeio dos tristes, com a obrigatória foto ao geiser do lago. É curioso como não se consegue ver alguém na rua que pareça genuinamente suíço. Este povo não tem identidade, não tem traços característicos, nem sequer tem uma língua própria!!! Será que alguém, alguma vez na história, terá dito "epa, aquele gajo parece mesmo suíço"???

Já ouvi falar em pessoal com grandes suíças, mas não era a respeito das miúdas. Bom, talvez se fizermos comparações ao nível da pontualidade, porque realmente, fabricantes de relógios é o que não falta por lá.

Mas parecem ser felizes. Agora...

O que não me deixa muito feliz é a "Lisboetagem" dos Lisboetas, pois então...

Chamem-me de bairrista, mas sou daqueles que acha que o pessoal de Lisboa se acha no centro do mundo. E que quando os pivots de telejornal da capital vêm que está a chover lá fora, vêm dizer que "hoje chove em todo o país", mesmo que em Vila Franca já faça um sol abrasador. Note-se que não tenho nada contra o lisboeta comum, até conheço uma lisboeta que não me importava nada de conhecer melhor :) mas às vezes há coisas que... irrrrra!

Um exemplo? Ah com certeza: vejam só o que a revista da TAP chama ao apontamento de reportagem sobre o café Majestic, no PORTO, tendo-lhe chamado de "Majestoso Lanche" na língua lusa... Será o exemplo perfeito de tradução de Inglês para Lisboeta. Ou será de Lisboeta para Inglês???



Ah, e já agora, "Garouper" em inglês é um tipo de peixe, numa tradução mal amanhada que nem aparece em todos os dicionários. Cum catano...

terça-feira, novembro 11, 2008

É um postzinho, óh faxavori...

Já há algum tempo falei da problemática dos diminutivos. Nomeadamente de pedir um cházinho, ou uns bifinhos com cogumelos, e se isso seria demasiado gay.

Ontem, ao chegar à caixa, na cantina, depois de ter já o tabuleiro preenchido com o prato de comida e talheres, faço o habitual, que é pedir à operadora da caixa por "um geladinho, por favor"...

O coleguinha atrás de mim, na sua infinita sapiência, dispara um "e porque não um gelado?".

Oras... ok, tem uma certa razão. Mas por outro lado, aquilo é mesmo um geladinho, é um copinho tipo suissinho que nem está cheio até cima, com a desculpa de dar um toque artístico, na forma de uma ondulação na superfície (mas que na prática são menos uns 3 ou 4 centilitros de baunilha. Ou de chocolate. Ou ainda de morango).

Além disso, todos sabemos como as senhoras que nos colocam a comida no prato são aquelas a quem devemos tratar melhor. Chamem-lhe cunha, e atirem com a desculpa de que a comida de cantina não é a do Bull&Bear, mas prefiro ser bem servido e ficar com o prato mais cheio do que atirarem-me apenas uma bola de arroz e 2 pedacitos de pseudo-rojões mal amanhados.

A senhora até já sabe que peço sempre o gelado. Ainda hoje nem foi preciso dizer, quando lá cheguei foi logo à arca buscá-lo. Ou então era para não me ouvir pedir o "geladinho". Talvez ache que me fica mal ter uma expressão gayzola como essa. Ok, "gayzola" talvez seja demasiado forte. Uma expressão delicada, pronto.

Mas afinal, é assim tão mau pedir bifinhos com cogumelos, seguidos de um belo geladinho??? Invejosos, é o que é!

Ah, resta acrescentar que, logo a seguir, o dito-cujo colega, por quem tenho muita estima e consideração (tenho mesmo, um gajo que acaba o MBA só pode ser boa pessoa), e que naquele dia até tinha a barba feita (o que é raro), lembrou-se de pedir "uma colherzinha" para a sobremesa... Pois é, jovem, entre uma colherzinha e um geladinho, não sei não...

sábado, novembro 01, 2008

De cábázáda...

Outro dia, fui jantar ao Norteshopping. Estive com os colegas do MBA a adiantar um trabalho, e quando saí da escola fui comer qualquer coisa.

Quando lá vou comer, geralmente vou à casa de comida a peso, ao lado do Cascata, naquela zona superior, que fica directamente por cima do bowling.

Por isso mesmo, a zona de esplanada dá directamente para a zona de máquinas de diversão, à entrada do bowling. Nas quais há alguns equipamentos de air-hockey, aquele jogo tipo mistura de ténis com futebol, em que se tenta enviar um disco a entrar numa abertura.

Um dos problemas disto é que quando há gente a jogar, quem está a comer só ouve o *clank* do jogo, o que se torna algo irritante.

Heis que chega um casalito para jogar numa dessas máquinas. Ele tipicamente de estilo gingão, daqueles tais que quando compram um maço de tabaco ficam 10 minutos a batê-lo na mão ("é para assentar..."), e ela a mascar a sua chiclet de bocarra aberta, a mostrar a toda a gente como é boa a criar saliva para envolver a dita-cuja.

*clank*

E começam a jogar... *clank*

E o primeiro golo nem demora 10 segundos. E o 2º nem 5 segundos depois. *clank*

E o 3, e o 4º e por aí fora.

*clank*

A coisa acaba em pouco mais de 2 minutos. O rapaz ganhou 10 a zero e estava todo contente, saindo dali com a rapariga debaixo do braço esquerdo, como se de um saco de batatas se tratasse. Bom, ela parecia divertida, por isso devia estar a gostar.

Mas... penso eu... que raio de gajo! Se fosse eu, deixava a miúda meter um ou dois golitos, fica sempre bem! É uma questão de educação social, de "savoir faire". Que gajo é que ganha "de cábázáda" à miúda e fica todo orgulhoso???

Bom, suponho que é um retrato da nossa sociedade. É este tipo de homem que fica furibundo porque a mulher ganha um pouco mais que ele, ou que lhe chega um par de estalos se ao chegar a casa não está a TV já sintonizada na Sportv, a bejeca aberta e gelada na mesa e o toalhete húmido pronto para limpar a mãozinha depois da coçadela na tomatada. É o que temos... Um dia destes ainda saio de casa com a moca, para dar uma traulitada numa jeitosa qualquer e arrastá-la para a caverna...

*clank*!

quarta-feira, outubro 22, 2008

Negociando...

Hoje ouvi (e vi) no telejornal a indicação da conclusão de mais um curso de formação de profissionais da GNR. Não, não estou a falar do substituto do Rui Reininho, essa peça de museu metrossexual da nossa tão conservadora inbicta, mas da Guarda Nacional Republicana mesmo.

O que achei interessante nessa notícia é o reparo de que no final deste curso, teríamos mais 5 negociadores formados, que assim se juntariam aos 31 já existentes em Portugal...

36 Negociadores?????? Pra que raios precisamos de 36 negociadores???

Neste cantinho à beira-mar plantado, onde reina a paz (não é essa "paz", estou a falar do sentimento...), onde os crimes violentos ainda são notícia (sinal que ainda não são banais), onde o pessoal que se barrica, fá-lo em casas de banho públicas com a própria família a ameaçar a derrocada do edifício com uma bomba de mau-cheiro (onde anda o Subtil?) ou então em sua própria casa, para não chatear ninguém...

Mas o que fazem 36 negociadores??? Para que raios andamos nós a pagar os salários desta gente?

E com certeza estão todos, ou estarão quase todos centralizados em Lisboa, em vez de estar um em cada distrito. Mesmo assim sobrava mais de metade! Será que saem juntos à rua, para negociar o preço da colecção nova da Fátima Lopes?

Será que passam o dia a negociar entre si a próxima jogada da bisca?

Ou será que passam o dia ao telefone, a negociar preços de papel higiénico para a sede?

Ou será que são colocados a fazer serviço público, como telefonistas de televisão durante o horário dos programas do Goucha ou da Fátima Lopes? Principalmente naquela altura em que o Castelo Branco aparece a comentar o pêlo novo no peito do Mikael Carreira...

Podíamos utilizar esta gente em posições de relevo, para ajudar o país e o mundo a andar prá frente! Como negociar as condições de paz (não, ainda não é a tal "paz") entre a Rússia e a Tchetchénia, ou enviá-los para o Darfur, ou mesmo, porque não, tentar a sorte no processo de paz (não...) do médio oriente!

Melhor ainda: negociar as condições de rendição da Manuela Ferreira Leite, pela tortura que anda a fazer ao PSD com a gritante falta de oposição que tem feito. Ou quiçá negociar o enterro do Fidel Castro, porque só mesmo ele é que não sabe que já quinou vai para 3 anos!!!

Ou então as fusões interbancárias, algo que deverá ser (digo eu) inevitável daqui a uns tempos, principalmente se demorar a recuperarmos da crise. Mas para isso, convém que tirem um MBA, para perceber alguma coisa do assunto (sim, um MBA em gestão!!!)

Ok, outra hipótese é um deles vir ter comigo, e negociar com, uma miuda que eu cá sei, uma noite de paixão, e aí sim seria uma noite de muita paz...

domingo, outubro 19, 2008

rrrraasssg!

A casa, ou melhor, o apartamento em que vivo, e que comprei há uns 4 anos, como qualquer outra casa, tem os seus pontos positivos e negativos. Do lado positivo, está situada numa zona muito porreirinha, perto de tudo, incluindo o parque da cidade e a praia, não tem prédios à frente nem atrás (o que significa que posso andar à vontade...), tem uma zona ajardinada superior à média, e desde há ano e meio que tem uma auto-estrada a 500 metros.

Do lado negativo... bem, quando a comprei, já sabia que a qualidade de construção não seria a melhor. Já cá veio o "tapa-buracos" tapar alguns, que reclamei devidamente ainda durante o prazo de garantia do andar. Claro que já esperava que passado pouco tempo, estivesse a abrir rachadelas na tinta das paredes e tal, é natural em prédios mais caros, ainda mais nestes mais baratos.

A construção é espanhola, o que poderia fazer supor um maior nível de profissionalismo, mas não é o caso.

É certo e sabido que os WC's possuem respiradouros, o que normalmente leva a que se ouça muita coisa dos outros apartamentos, mais do que em qualquer outra divisão.

Outro dia estava na casa de banho, devidamente sentadinho a... libertar-me de... não diria pensamentos, mas substâncias impuras, e estava lá muito descansadinho. Já tive oportunidade de comentar que é um local onde se fazem grandes reflexões, e onde grandes pensadores tiveram ideias revolucionárias.

Mas...

Quando estava lá sentadinho, ouvi claramente o/a vizinho/a, não sei se do apartamento de cima ou de baixo, a... rasgar a folha do papel higiénico...

No meio do silêncio da noite... "rrraasssg"...

É esquisito... por um lado, além de uma noção algo escatologicamente nojenta, porque seguramente não estariam a rasgar folhas de papel higiénico do rolo para escrever nelas, vem a questão lógica: "se eu consigo ouvir os vizinhos a tirar uma folha de papel do rolo, que outras coisas eles próprios já não terão ouvido, vindo daqui???"

Começo logo a imaginar o vizinho de baixo a virar-se prá mulher a dizer "olha, hoje é melhor dormirmos na sala, porque o gajo do 3º está com flatulência...", ou a criança do 4º andar a perguntar à mãe "se o tipo do andar de baixo pode chapinhar na água enquanto canta o Waterloo no duche, porque é que não me deixas fazer o mesmo?". Isto para não falar nas inúmeras vezes que os vizinhos já devem ter tido que explicar a história das abelhinhas e dos passarinhos à criança, depois de ter ouvido certos e determinados ruídos... e porque é que algumas abelhinhas solteiras também fazem sons esquisitos...

Não haja dúvida, preciso de arranjar uma casa com isolamento acústico...

quarta-feira, outubro 15, 2008

Alien Abductions

Eu gostava dos Ficheiros Secretos. Diria que durante vários anos segui aquilo religiosamente. E tinha piada saber que alguns dos casos eram inspirados em histórias verídicas, ou pelo menos em rumores reais (como as roupas no mercado chinês de cópias - "é só cópias originais!").

Uma das histórias recorrentes, da qual também se ouvem relatos ocasionalmente, é a dos raptos por extra-terrestres. Pessoal que vai a guiar calmamente e, de repente, pára tudo e quando acordam já passou meia hora.

Também a série "Os 4400" utiliza essa crença como base da história. Uma porrada de gente (humm... precisamente 4400) que desapareceu e regressa toda ao mesmo tempo. Ao início também gostava dessa série, mas agora... só de pensar que teoricamente têm "material" para 4400 episódios já me assusta!

Mas eu também devo pertencer à classe de pessoal que foi raptado para experiências.

Isto porque é a única forma de explicar os meus atrasos de manhã!!!

Há dias em que olho para qualquer relógio lá em casa, vejo que ainda tenho 5 minutos "livres", e vou fazer algo, tipo comer um iogurte, ou lavar a cremalheira.

E quando chego ao carro, já passaram 10 minutos, ou seja, já vou atrasadíssimo! É impossível! De certeza que devo ser raptado a meio do caminho, para fazerem experiências comigo. Provavelmente invasivas, porque é normal sentir uns movimentos estranhos na barriga... (atenção: eu disse "na barriga"! Lá por se falar em experiências invasivas, o pessoal imagina logo o pior)

Hoje não foi diferente. Olhei para o relógio, vi que tinha tempo, fui apagar as luzes, dizer tchau à gata, e desci para o carro. Quando lá cheguei já estava irremediavelmente atrasado. E como já decidi que quando me atrasar, é para ficar no apeadeiro, ao invés de vir por aí gastar 12 ou 13€ em gasóleo e portagens, lá fiquei uma horita à espera do próximo combóio.

Diga-se que durante esse periodo também "perdi" 10 minutos. Mas aí acho que foi mesmo por passar pelas brasas...

domingo, outubro 12, 2008

Se conduzir, não.....

Ontem fui para os copos, à noite. Para libertar do stress dos exames do MBA, para aproveitar porque não devo ter muitas mais noites de sábado ainda relaxadas (pela mesma razão), para estar com amigos que, ultimamente, tenho visto pouco.

A noite foi divertida, e obviamente, bebi uns copos. E teve mesmo que ser, pois só assim alguém me apanharia a cantar num bar de karalhoke... Bebi uma série de gin's.

Ao pagar o cartão, a rapariga do bar perguntou se não queria beber mais nada, pois ainda tinha saldo no cartão para perfazer o consumo mínimo. "Então venha daí uma 7-up, é prá viagem", disse eu.

À vinda para casa, pelas 6 da matina, uma operação stop, nas bombas da Galp da Via Rápida, mais ou menos em frente ao Continente. Bonito...

Normalmente, não é habitual mandarem-me parar em operações stop, porque vêm o meu carro, típica carripana de pai de família, e preferem mandar parar o fiat uno turbo ie que vai à frente, ou o seat ibiza artilhado que vai atrás. Por acaso ia mais ou menos sozinho, o carro atrás vinha bastante longe, de modo que tive que parar.

Sabia que ainda tinha alguns efeitos do álcool, isso sente-se. Mas achava que estaria OK para passar no teste do balão.

O polícia que me atendeu parecia simpático, ainda que também parecesse que tinha uma vassoura enfiada pelo recto, pelo que confirmei logo que tinha bebido uns canecos, e que me tinha o livrete em casa.

Fui bufar... 0.63.

Ganda porra, penso eu.

Diz-me o homem que vou ter que o acompanhar até uma mesinha (isto tudo na berma da estrada), para preencher a contra-ordenação (vulgo: multinha) relativa à falta do livrete (lá se vão 30€), e depois disso teria que fazer a confirmação da análise, bufando outra vez. Como o homem me pediu para aguardar um pouco, pedi-lhe para ir à bomba comprar uma garrafa de água. Ele perguntou ao chefe, que disse "não, que aguarde aí".

À falta de água para diluir, nem possibilidade de suar um bocado, procurei respirar fundo, numa tentativa idiota de oxigenar o máximo o corpanzil, na expectativa ignóbil que isso me baixasse o valor. Mas ia falando com o "sr. agente", numa de simpatia e resignação. Ele diz que é possível que a 2ª análise desse abaixo de 0.50, seria normal após 10 ou 15 mins, o que me deixou com alguma esperança, mas fiquei na dúvida que a taxa de alcoolémia baixasse tanto em tão pouco tempo. Mas se isso acontecesse, poderia ir à minha vida. Caso contrário, teria que ir "lá acima" (que era uma carrinha na zona da bomba de gasolina onde se fazia a análise oficial e se apanhava a multa).

Finalmente acabou de preencher a papelada da multa, e lá me passou o aparelho outra vez. Bufo novamente, a pensar "porque raios nunca prestei atenção ao pessoal que ia dizendo truques para dar "bons" resultados???", e a máquina demora uma eternidade para dar o valor.......... 0.51!

Raios, ganda sorte a minha, hã??? O homem olha para mim, e, talvez pela conversa que tentei manter, talvez por não estar para ter chatices, diz que "Com este valor, não deve ser necessário ir lá acima". Mas resolve perguntar ao chefe...

"Chefe! 0.51, vai lá acima ou posso mandá-lo embora?"
"Vai lá acima!"

Ganda porra! Obrigadinho, ó chefe!

Mas começando a caminhar, o "digníssimo sr. agente" lá solta "olhe, com 0.51 era o que faltava estar a ir lá acima, aguarde aí 10 mins no carro, que depois aqui o colega há de lhe dizer para ir embora".

Ufffff! Agradeço ao "excelentíssimo e muy nobre sr. agente" e sento-me no carro.

Passados 20 minutos, e eu farto de esperar, pergunto a outro agente se já não é altura de me por a andar... E heis que este me faz sair do carro e ir bufar outra vez, para confirmar... irra! Claro que agora estava mais confiante, seria um milagre se tivesse aumentado a taxa entretanto... 0.34. Este manda um berro para o chefe, que não deve ter reparado que antes me mandara ir "lá acima", e responde "ok, siga embora!".

Depois de me ter dito que "isto que sirva de lição, se conduzir não beba", mas também que "ah, isto de parar miudas jeitosas é outra coisa, é outra forma de trabalhar", ao passar por uma boazona que tinha acabado de parar, lá me mandou embora.

Com isto eram 7 da matina, e com um crédito de 30€. Mas se não fosse o tempo a preencher a multa desses 30€, provavelmente não tinha descido tanto, e era bem pior...

terça-feira, outubro 07, 2008

Mulheres há muitas, seu...

Não é que eu tente flirtar com todas as clientes com um palminho de cara que lá aparecem, mas quando soube que íamos ter uma visita de pessoal da Volvo, um tal de John Peter e uma Micki Vesovic, pensei "bem... "Micki" parece ser nome de miúda interessante..."

É daqueles estereótipos, ou melhor, mitos urbanos, há determinados nomes que imediatamente associamos a um certo tipo de pessoa. Lembro-me que quando era mais pequeno, qualquer "Patrícia" era menininha "bem". E convenhamos, quando pensamos em "Kátia Vanessa" não estamos a pensar numa princesa. Embora haja muitas Kátias Vanessas de fazer inveja a muita princesinha de meia tijela...

Mas, neste caso, tinha pensado que viria por aí uma sueca jeitosita, que alegrasse um pouco os dois dias de auditoria que teríamos pela frente (que vão a meio). Na penúltima auditoria da Volvo, apareceu um grupo que incluía uma miúda gira, que finalmente correspondia à imagem típica da mulher sueca: alta, loira, olhos azuis, elegante. Já na última auditoria deste cliente, só veio um alemão com nome sueco...

É como digo, não iria flirtar com a mulher (há que manter algum brio profissional, pelo menos no horário de expediente), mas é sempre mais agradável.

Porras, e não é que afinal, a Micki é um gajo?...

Que raio de gajo é que se chama "Micki"...

Ok, havia o Miki Fehér, mas esse era do Benfica, tem desculpa...

domingo, outubro 05, 2008

Outdoor violento...

Integrado no âmbito do MBA que estou a (tentar) fazer, ontem tivémos um dia de actividades físicas, um Outdoor em Vila Verde (arredores de Braga). Chamam-lhe um Market Game, em que várias actividades simulam clientes que representam uma determinada quota de mercado, e as equipas que as completarem em menos tempo ficam com essa quota.

Ou será cota? Bom, não interessa.

O que interessa é que estas actividades têm o objectivo de nos fazer reflectir sobre a forma de resolver problemas, e em como a coordenação entre todos pode ajudar a atingir o melhor resultado. E transmitir isso para a vida profissional, e a nossa maneira de encarar os desafios profissionais.

Tretas!

Já fiz vários destes "outdoors", e nunca vi resultados práticos nas empresas! Quando muito, o chefe ficava a saber que quando organizasse actividades físicas para o pessoal, era melhor contar com o fulaninho e o sicraninho na sua equipa, porque fisicamente eram os mais aptos.

Agora, melhorar a comunicação? Já vi mais casos de atritos a nascerem durante estas actividades (e a reflectirem-se no emprego) do que o contrário, ou porque aquele não queria seguir a sugestão do grupo, ou porque a outra estava muito fraquinha para completar aquele exercício, ou algo do género. Nestas coisas, criam-se rótulos negativos com uma velocidade estonteante.

Não foi o caso de ontem, até porque não somos uma empresa. Foram criados grupos que, muito provavelmente, nunca se irão repetir nas actividades do MBA, porque somos muitos. 80, mas seremos menos no final da próxima semana, em que alguns serão cordialmente (?) dispensados. Eu incluo-me nos que acham que já assistiram à última aula.

Mas não deixei de expressar a minha opinião quanto a este género de exercícios. O pessoal da Teamwork Consultores já não me tem em grande conta de uma acção anterior em que também critiquei as formas de análise deles, e com esta, vão-me colocar na lista negra.

Mas a comprovar aquilo que me parece uma nítida falta de tacto da Teamwork, em 4 equipas, houve uma plaquinha para os 3 primeiros, e nem uma plaquinha de consolação para a 4ª classificada, que só perdeu essa classificação a 3 minutos do fim. Parece-me mal. Não estão a lidar com putos, nem com empregados de uma empresa. Estão a lidar com pessoas que mal se conhecem, e que se esforçaram ao máximo para atingir resultados.

E esforçaram-se mesmo ao máximo, senão vejam-se as mazelas com que fiquei... Parece uma daquelas reportagens tipo "saí da discoteca e os armários a que chamam seguranças caíram-me em cima...", mas não, são os resultados da porcaria do "jogo da rede"... E perdemos o raio do jogo!!!




sábado, setembro 20, 2008

Caminhos telefónicos

No trabalho, tenho um telefone (fixo) de secretária, e um telemóvel. E é vulgar receber chamadas para o telemóvel enquanto estou sentado na secretária.

E é normal, principalmente quando o assunto é mais delicado, levantar-me e andar de um lado para o outro enquanto falo, muitas vezes com gestos mal coreografados a acompanhar a discussão.

E já reparei que não sou o único...

É estranho...

Porque raios sentimos necessidade de andar às voltas para discutir um assunto qualquer?

Há pessoal, no MBa, que começa a falar num sítio e acaba pr'aí a 500m de distância, ou não fosse este um espaço relvado enorme. Há pessoal que chega à aula cansado.

E no trânsito? Pessoal a falar ao telemóvel e a esbracejar como se estivesse à caça de moscas numa coreografia oriental a 45 rotações. A prática proibida, de falar com o telemóvel seguro pela mão encostadinho à orelha, ainda é a única que deixa perceber que a pessoa está com uma chamada telefónica. Com os sistemas maõs-livres, o pessoal faz o verdadeiro espectáculo, principalmente quando fica exaltado.

Mas porque raios não conseguimos falar e ficar quietos ao mesmo tempo???

sábado, setembro 13, 2008

MBAventura...

Não foi propriamente pela vontade de estudar, nem a ânsia de conhecimento, mas inscrevi-me num MBA.

Confesso, foi para valorizar o currículo, e ver o que me cai na rifa daqui a uns tempos, talvez consigar valorização suficiente para obter uma posição catita numa empresa situada mais próximo de casa, que isto de ir e vir para Braga todos os dias, já cansa, por muito que goste de trabalhar naquela empresa.

Vai ser um desafio, espera-me um ano de trabalho intenso, de algo que prevejo como muito difícil, que será a conciliação do trabalho normal com o estudo, mas todos os que por isto passaram dizem que vale a pena. A ver vamos. Além disso, vai-me custar os olhos da cara em propinas. E se ficar só pela cara, já me dou por sortudo...

Mas... difícil também é ouvir N vezes "ah vais fazer um MBA? Em quê?"...

Caraças... eu vou deixar de responder "em gestão", e um dia destes ainda passo a ser mais ríspido.

Gente: "MBA" quer dizer "Master in Business Administration", ou seja, "Mestrado em Gestão de Empresas". Ponto final! Não é especializado em coisa nenhuma, seja marketing ou gestão hospitalar. É um MBA e pronto!

A turma é imensa, demasiadamente grande. 81 inscritos, fora os que falharam alguma disciplina no ano anterior e estão a repetir este ano. As aulas de economia aproximam-se dos 100 alunos, o que torna a compreensão nas aulas mais complicada, há mais dispersão. E ainda hoje o "tio Bessa" confessou que dos 81, pensam ficar com 75 após o periodo inicial de uniformização de conhecimentos, que tem exames eliminatórios no final. Passa-me pela cabeça ficar pela 1ª fase, nunca fui grande aluno, mas a ver vamos. E os colegas, aquilo que já vou conhecendo, parecem ser porreiros.

Se penso ser gestor "a sério"? Nah, não tenho perfil para isso. Os colegas geralmente dizem-me que sou demasiado "bonzinho", e às vezes é preciso dar um murro na mesa. Mas em contrapartida, o meu chefinho holandês vai dizendo que estou melhor nesse aspecto. O que ele não percebe é que, a partir do momento em que vejo que ele não dá aumento a ninguém, trabalhe mais ou menos, começo a ficar menos preocupado em não dizer "bacoradas", logo fico mais respondão...

sexta-feira, agosto 29, 2008

Fly me to the moon

Há uns tempos atrás, ao entrar no avião que iria fazer o trajecto Goa (Índia)-Lisboa, o actor Rogério Samora terá exclamado "Credo! Só portugueses! Que nojo!".

Isto criou uma celeuma enorme e uma histeria em massa, seguida de perseguições, julgamentos em praça pública e apedrejamentos que durou, talvez, uns 2 ou 3 segundos.

Claro que eu nunca diria algo tão "forte", não renego a minha pátria, diria mesmo que há que ter algum orgulho neste pedacito de terra que tanta coisa já fez ao longo dos últimos 9 ou 10 séculos. Mas...

Caraças... Ainda hoje entrei num avião para fazer Frankfurt-Porto, e claro, era composto em 95% por Tugas. E quando se entra num avião assim, já cheio por chegarmos atrasados, acho que é inevitável sair aquele suspiro seguido de um "enfim... nada a fazer".

Porquê? Porque já sabemos que vão haver crianças a chorar ou a brincar aos berros, já sabemos que assim que se apagar a luz do Cinto de Segurança, 25% do pessoal se levanta para ir à casa de banho, apesar de terem estado há 20 minutos atrás no aeroporto, ao lado de WC's perfeitamente capazes de satisfazer as mais básicas necessidades, porque sabemos que o mesmo acontece quando vêem chegar o carrinho das comidas e bebidas. Sim, aquele que ocupa toda a largura do corredor. Deve ser como quando ouvimos água a correr e nos dá vontade de urinar, a visão do carrinho das comidas deve dar caganeira ao pessoal, ou vontade de esvaziar a bechiga para preparar o copito de tinto.

Claro que quando a pessoa regressa, tem que fazer contorcionismos por cima de algum desgraçado, para passar pelo carro e a hospedeira, para chegar ao lugar e verificar que a "estúpida da hospedeira não me deixou aqui a comida", e toca a soltar um sonoro "pssst, pssst" para solicitar "a food, give me da foodi...". Terá sido por não estar ninguém no lugar quando a hospedeira passou???

E claro, há sempre os personagens... ao meu lado vinham dois rapazolas de meia-idade, nitidamente emigrantes, e nitidamente a trabalhar em algum tipo de labuta pesado, como a construção civil. Espanta-me a tenacidade e fibra desta gente, que não sabe uma palavra de inglês ou alemão a não ser "bier" e "fuck you (ou me, dependendo da situação)", mas que se aguentam a trabalhar lá fora, como o caso destes dois (quando vem a hospedeira e pergunta o que querem beber, um responde "Cerveja", e ao ouvi-la perguntar "como, desculpe?", ele lá repete "cerveja..."). A questão é que o que vinha ao meu lado, apesar de ter menos 30cm de altura que eu, sentava-se de forma a não conseguir ter as pernas direitas, logo tinha que as abrir para caber no espaço do banco, e a pernoca esquerda lá vinha para o meu lado. Isto, óbviamente, acompanhado pela ocasional esfregadela nas partes pudengas.

*Suspiro*... Enfim....


PS: Ah! E chegar ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, e ver uma imagem do europarque e os dizeres apenas em inglês: "Above us only sky"? Que raios querem dizer com isso? É que traduzindo literalmente, significa "Acima de nós só céu". Querem dizer que por cima do Europarque, os aviões não podem voar? Ou que estão a planear montar lá uma rampa de lançamento? Bom, conheço uma data de gente que podia ser lançada, para bem longe....

terça-feira, agosto 26, 2008

Alforreca Assassina

Ontem, o telejornal da TVI excedeu-se. Ultrapassou largamente aquilo a que já nos habituou, no campo da ignomínia, especulação e sensacionalismo.

Após uma reportagem sobre dois putos que foram "picados" por uma alforreca, lá para os lados de Peniche, se não me engano, surgiu aquilo que foi anunciado como um verdadeiro ataque de alforreca.

Então via-se um tipo, numa cena digna do Aliens, com uma coisa na cara, a atacá-lo fortemente, quase a comê-lo vivo. O tipo contorce-se, numa tentativa desenfreada de tirar a coisa da cara, até que se deixa vencer e cai na areia. Nessa altura aparece uma mulher que tira o alegado bicho da cara, com uma toalha.

Nunca vi tamanha treta num telejornal!!!! Se queriam assustar as crianças, mais valia apresentar a Manuela Moura Guedes com papel de celofane à volta e dizer que era uma alforreca! É que mais ninguém punha os pés na praia, principalmente agora, depois da última plástica, que conseguiu deixar a mulher mais desfigurada do que a Duquesa de Alba.

1º- As alforrecas não atacam, muito menos com o corpo, que é constituído em pouco mais de 95% por água. Atacam pequenos peixes para comer, nunca um ser humano.
2º- O corpo da alforreca não tem músculos para se agarrar à cara do homem. As alforrecas, para comer, matam peixes com o choque/veneno proporcionado pelo toque com os tentáculos (que foi o que ocorreu aos miudos).
3º- Enquanto o tipo agoniava numa morte rápida, o tipo que filmava tudo (com um telemóvel, para dar a noção de realismo) assistia com o telemóvel perfeitamente apontado ao moribundo...

Acredito que a maioria das pessoas pensem "se isto passa no telejornal, é porque deve ser verdade!", e isso é que me causa a repulsa.

PS: Pronto, em vez da Manuela Moura Guedes, ponham a Constança Cunha e Sá a entrevistar uma alforreca, o susto é o mesmo...

terça-feira, agosto 12, 2008

Mosquitadas na noite

Regressei ontem ao trabalho.

Não é uma grande chatice porque até gosto do que faço, e trabalhar nesta altura de Agosto dá jeito para tratar de muita coisa que, noutras alturas mais agitadas, ficam sempre para “amanhã”.

Mas um dos problemas em acabar as férias e voltar ao trabalho é voltar a habituar o corpo a deitar e levantar cedo.

Eu acordo às 5:45, para me levantar às 6, de forma a que às 6:45 esteja a sair de casa com o banhinho tomado, arranjadinho, barba feita, e gata alimentada e com uma parte (infelizmente pequena) da sua necessidade de carinhos diários satisfeita.

Para isto ocorrer de forma sadia e bem-disposta, eu deveria deitar-me entre as 22 e as 23h. Ora, isto é impossível. Ou porque está a dar alguma coisa na televisão que vale a pena ver, ou porque fui tomar um café/copo, ou porque a gata acha que ainda não teve a dose diária satisfeita (muitas vezes com razão, coitadita), ou porque estou a fazer alguma coisa no computador, ou porque pura e simplesmente não estou habituado a deitar-me tão cedo, e acho que nunca estarei.

Geralmente deito-me entre as 0:00 e as 01:00.

Mas ontem... andava por lá um raio dum mosquito que me fez a vida negra.

É que o filho da mãe era esperto!

Normalmente os mosquitos são lentos, e quando acendo a luz ao ouvi-los, ficam atarantados e param na parede, perto da cama, onde é fácil acertar-lhes com o catálogo da semana da Worten, ou Vobis, ou Rádio Popular, pois é para isso que servem (não é???). Não gosto de usar os da Media Markt, porque são demasiado grandes, e o papel não é de grande qualidade para o assassinato selectivo mosquital.

Mas este... quando acendia a luz, pisgava-se para algum sítio onde não o via. Isto ocorreu várias vezes, até que decidi esperar por ele com a luz acesa.

Aí vi que o maldito vinha em vôo picado directamente dirigido à cara, o que até me assustou, pelo inesperado. Enxotei-o, e pude ver como fugia para baixo, voando rente ao chão, ao longo do quarto, qual caça-bombardeiro a voar baixinho para escapar aos radares inimigos. E realmente perdi-o quando passou por baixo do radiador do aquecimento.

Era esperto, o sanguinário alado.

Isto passou-se mais uma vez, altura em que decidi que estava tão cansado que ia desistir da luta, por hoje. Ele que bebesse um mililitro do meu precioso néctar vermelho, seria o seu prémio por uma estratégia diferente de todos os seus compinchas. Ganhou a batalha, certamente não ganhará a guerra.

O problema é que quando apaguei definitivamente a luz, já eram quase 3 da matina.......

PS: Entretanto, acordei de manhã e não tinha a malfadada borbulha. Talvez o pequeno vampiro me tenha concedido uma trégua, pela resistência oferecida. A ver vamos hoje à noite... Ou isso ou entrou em ressaca, sem a dose, e secou, tipo uva passa...

terça-feira, agosto 05, 2008

Código do lado da estrada

Eu não me importo de andar.

Sempre que vou até casa dos meus pais, que fica num local aprazível desta cidade fantástica que é o Porto, deixo o carro algo longe, não apenas por ser impossível arranjar lugar para estacionar lá perto, mas também porque não me importo nada de andar um bocado. Gosto, até ajuda a espairecer.

Mas porras, se há regras de trânsito para os carros, e os peões são parte integrante do trânsito quotidiano (excluindo o trânsito intestinal, porque para regular isso já temos o Actimel), porque raios não há de ser regulado o trânsito peonal???

É que irrita-me o pessoal que vai a ocupar toda a largura do passeio. Então quando são famílias inteiras, a andar a 2 à hora porque a lancheira que tinha o farnel que desfizeram naquele pedaço de relva à beira da estrada ainda pesa muito, aí é que me irrita. Lá consigo meter-me por um espaço livre, após o que algum dos patriarcas repara, e diz para os mais novos "Deixa lá o senhor passar", expressão repetida e acrescentada do tradicional "filhadap**a", se o miúdo não ouve ou não repara na 1ª advertência.

Mas mesmo quando são apenas duas senhoras idosas, ocupam toda a largura. Ou mesmo quando é apenas uma! Uma idosa apenas já consegue ziguezaguear o suficiente para atrapalhar a vida de transeuntes mais despachados!

Irrita-me o pessoal que sai dos carros ou dos prédios, ou mesmo das passadeiras, e vê que vem uma pessoa com pernocas bem grandes a passar em passo claramente mais acelerado que o deles, e mesmo assim metem-se à frente, como quem diz "ah vens com pressa? Então pede com jeitinho, e eu penso se te deixo passar...". Será frustração por não poderem fazer isso de carro???

Ah, e nos shoppings, nomeadamente nas escadas rolantes... O pessoal lá fora que lê este conjunto de tretas pode confirmar que as pessoas têm um certo hábito de se colocarem no lado direito, quando andam numa escada ou tapete rolantes. Isto para deixar que quem venha com pressa passe pela esquerda. Aqui? Naaahhhh, se um desgraçado estiver com pressa, tem que fazer slalom pelo meio de pessoal dormente, pedir licença ao casal de namorados para pararem de fazer o exame oral invasivo entre si e abrirem uma brecha para passar, e pedir à senhora que leva os dois filhos e os três da amiga para deixar passar, depois de levar uma canelada de um dos putos...

Já para não falar no pessoal a atravessar as passadeiras... então quando passam 3 ou 4, estamos já a carregar no acelerador e lá aparece mais um grupo... passa esse, e heis que surge a idosa com o saco das compras, que com sorte talvez chegue antes da meia-noite a casa, que é do outro lado da estrada, tal é o passo que leva. Mas aí há regras! Ah pois é!!! Está descrito no código da estrada, que um peão não deve atravessar uma passadeira de forma demasiado lenta, que cause problemas ao trânsito. Se alguém se lembra disso? Não sei, mas cá pra mim também devia estar incluído no código da estrada o comportamento em passeios públicos, ou em escadas rolantes de shoppings... principalmente ao domingo...

sexta-feira, julho 25, 2008

Auguinha das Pedras


A Unicer, companhia que gere, entre muitas outras bebidas, a Água das Pedras, está a lançar uma nova campanha de marketing desta água gaseificada.

Até aí, tudo bem, mas nota-se que deve ter entrado para o dep. de Marketing da Unicer algum miúdo novo, cheio de ideias idiotas para conquistar o mundo.

Isto porque a campanha centra-se na sugestão de que o Zé Povinho deve pedir Água das Pedras para acompanhamento da refeição, em vez de vinho ou um sumo.

Se isto não é uma ideia idiota, não sei o que será!

Desde que sou pequeno, que a Água das Pedras pede-se quando a tripa anda às voltas e é preciso um descongestionante. Ou pior, quando a comida não caiu nada bem.

Chegar a um restaurante, sentar na melhor mesa, colocar o guardanapo no colinho, atacar o pãozinho torradinho e besuntá-lo com os molhos de couvert (porque hoje em dia começa a ser raro ver a bela da manteiga!), olhar para o empregado e dizer confiantemente "quero a posta à mirandesa" não pode ser seguido de "ah, e uma águinha das pedras"!!!

Se eu fosse o empregado de restaurante, a reacção inicial seria responder com um "ouça, eu sei que tivémos azar com o peixe com salmonelas de há 2 semanas, e aquela lagosta barrada com maionese fora de prazo da semana passada, mas daí a pedir já a águinha das pedras, antes mesmo de olhar para o prato, é covardia!!!"

Sinceramente... isto é o mesmo que pedir de entrada um cafézinho.

Além disso... aquilo é água... quem pede um copo de água para acompanhar uma carnucha vermelhusca? Ou uma francesinha? O ridículo da coisa: "É uma francesinha especial da casa, com batata, e uma aguinha, daquela com bolhinhas..."

Chiça! E eu gosto de Água das Pedras, o que faria se não gostasse!!!

quarta-feira, julho 23, 2008

O Fugitivo - real life story

Uma das vantagens de estar em férias é poder ficar acordado até tarde. Não necessariamente a fazer nada de interessante, mas só o facto de não ter que ir trabalhar no dia seguinte é um peso que sai de cima, quando estamos a ver aquele programa de tv que é interessante e queremos ver como acaba.

Ontem fiquei até à 1h30 a ver um programa sobre a vida (ou a parte final dela) do Dr. Samuel Shepard.

Esse nome não deve dizer nada ao people, mas toda a gente conhece a história d’”O Fugitivo”, seja a série de televisão dos anos 60, ou o filme com o Harrison Ford.

A série foi inspirada no caso real do Dr. Shepard, com a diferença de este não ter fugido para encontrar o verdadeiro assassino da sua mulher. E de esse assassino não ser maneta, mas apenas ter uma cabeleira amarfanhada.

O caso real passou-se nos anos 50. Depois de ter encontrado o tal cabeludo em casa e de ter lutado com ele, encontrou a esposa assassinada, tendo todos os indícios apontado para o marido, que sempre clamou inocência.

Pelos indícios serem tão fortes, a população (e principalmente a imprensa) esperavam um julgamento e uma condenação rápida. E fizeram força para isso. Ao fim de um ano (o que para os cânones do panorama judicial português não é rápido, é um piscar de olhos), o homem foi condenado à prisão perpétua, escapando por pouco ao veredicto de “homicídio em 1º grau”, o que o levaria à cadeira eléctrica.

O seu advogado tentou inúmeros recursos, que nunca foram aceites.

Ao fim de 10 anos de prisão, uma socialite milionária alemã, tipo Lili Caneças da altura (mas com dinheiro a sério), interessou-se pelo caso e foi à américa conhecer o dr. Shepard. Acabou por financiar uma nova investigação, que levantou dúvidas suficientes para que um juiz apreciasse um novo recurso, e decidisse pela anulação do 1º julgamento.

O homem estava lançado, em liberdade, e com uma loira platinada interessada nele, com quem acabou por casar, alguns dias depois de ter saído em liberdade.

Isso, em termos de visibilidade social, se podia ser uma história bonita, não o foi totalmente, porque a rapariga tinha uma irmã que se tinha casado uns anos antes, com um tal de Joseph Goebbels, um dos principais ministros de Hitler, que por acaso até tinha sido o padrinho de casamento...

O homem continuava a dizer-se inocente, e um novo julgamento conseguiu provar que teria havido uma 3ª pessoa em casa do casal, através de algumas gotas de sangue.

Mas..

Numa autobiografia publicada anos depois, o 1º capítulo começava com a pergunta “O Dr. Shepard fê-lo?”, ao que o bom médico, ao assinar um autógrafo para um amigo, escreveu “Sim” mesmo ao lado...

Durante a estadia na prisão, envolveu-se com drogas, hábito que manteve depois de sair, o que provocou o divórcio ao fim de 4 anos, tendo a mulher dito publicamente que se sentia com medo dos acessos de fúria do homem.

A decadência do bom médico chegou ao ponto de se ter iniciado no Wrestling, com o apropriado (?) nome de “Killer Shepard”.

Morreu aos 46 anos, engasgado no próprio vómito, no chão da cozinha.

O filho de tudo fez para provar a sua inocência na sociedade, tendo chegado a um presidiário que confessou a muita gente que tinha morto a mulher do médico, mas nunca o fez de forma oficial, tendo acabado por morrer na prisão, onde estava pela morte de uma mulher que vivia na mesma zona onde morava o Dr. Shepard. Ah, e chegou mesmo a trabalhar para ele como limpador de janelas...


Uma das minhas frases favoritas, é de uma peça de Shakespeare, e retrata bem um caso destes: “There are more things in heaven and earth (...), than those dreamt of in your imagination”. (Basicamente: a realidade é bem mais estranha do que a ficção...)

segunda-feira, julho 14, 2008

Tales from the Train

No combóio, é vulgar as pessoas falarem dos seus problemas pessoais em voz alta. Principalmente aqueles que são passageiros frequentes, acabam por sentir uma descontracção natural, e falam do que lhes vem à mioleira.

Isto implica vir na viagem a ouvir falar do Tóne que se largou ontem à noite enquanto a Rosa Peixeira lavava a loiça, ou ver a miúda de 70 kg e 1,60m gabar-se à amiga de como tem 4 ou 5 mancebos atrás dela, e que está indecisa entre o que a pode ajudar a passar de ano com os copianços ou o que lhe proporciona os finais de tarde mais excitantes, naquela zona de arvoredo atrás do pavilhão de educação física.

Todos os dias há um grupo de homens que trabalham ali na zona de São Frutuoso, há ali alguma indústria pesada (incluindo a Siderurgia).

Desse grupo, a maioria já vem sentado na 1ª carruagem, quando entro no combóio, mas há um que entra no mesmo apeadeiro que eu.

Um destes dias, quando esse se senta, dos colegas habituais só estava um, totalmente calvo, que ia com cara de poucos amigos. O meu companheiro de apeadeiro faz a pergunta da praxe: “Entom, tudo benhe?”.

Ao que o outro, em vez da resposta habitual, do tipo “sinhe, aguentei-me este fim de semana e só bebi 35 bejecas”, o homem sai-se com um “mais ou menos... a minha mulher pôs-me as malas à porta de casa...”

É triste... um homem trabalha para por o pão na mesa, e sai-lhe isto na rifa.

Ele continua dizendo que suspeita que ela lhe pôs os cornos com fulaninho de tal, e que estaria pronto para lhe limpar o sebo.

(Nota para os mais eruditos: “limpar o sebo” geralmente implica uma carga de porradinha velha, ou mesmo de acabar com a raça dele)

O colega lá lhe tenta acalmar, depois da interjeição típica “F***-Se!”, e sai-se com um discurso muito apaziguador: “não faça isso, que dá cabo da vida, vai preso e estraga todo o resto da vida”. E claro, tem que dar o seu contributo pessoal “olhe, eu estou separado há 4 anos, e não me tenho dado mal”.

Pouco depois saem, porque entre a paragem onde entro e a de São Frutuoso, não são mais de 5 minutos. Fico sem saber como terá desenvolvido a história.

Uma coisa é certa, no dia seguinte lá estava o homem novemente (o corno).Ou seja, não terá “chegado a roupa ao pêlo” do encornador. Ou se o fez, terá saído com o TIR* à porta, até porque está na moda...


* Termo de Identidade e Residência.

segunda-feira, junho 30, 2008

Voyage de retour

6ª Feira.

Saio da fábrica do cliente (ainda na Normandia) por volta das 12h30.

Vou almoçar com os dois mexicanos, colegas, que estiveram lá comigo nestes dois dias. Depois disso ainda os ajudo, dando boleia para tratarem de alguns assuntos.

Vou-me embora, mas antes quero passar por uma das praias do Desembarque do Dia D. Pelo mapa, a mais próxima será Juno Beach, onde caiu a 6ª Divisão Pára-Quedista Canadiana, que foi a única que conseguiu furar a muralha alemã. Uma desilusão, não tinha nada, nenhuma peça de memorabilia, nenhum monumento. Perto tinha um cemitério de guerra, pequeno, mas o suficiente para sentir alguma coisa (não, não eram cólicas... nem gases... estou a falar no sentido metafísico, valhamedeus!!!).

Venho embora, são 16h30. Tenho que estar no aeroporto de Orly, que fica a 250 km, às 19h35 para fazer o check-in (vôo às 20h35). "Pas de probléme", pensa o Je.

Acelero um pouquinho na autoestrada, ajudado pelo limite de 130, que sempre dá para ir aos 140 ou quiçá até 150...

Chego a uma estação de serviço a 40 km de paris às 18h00. "Nada mau", penso eu, estou dentro do horário.

Pois... para mal dos meus pecados, tinha que atravessar perto do centro de Paris. Engarrafamentos brutais. Fiquei parado mais de uma hora!!!

Às 19h35, hora a que devia estar a fazer o check-in, envio uma msg ao meu pai, a avisar que vou perder o avião. Não me chateio muito, porque já não vale a pena, já tinha passado dessa fase, há uns minutos atrás. Por isso, vou nas calmas, naquela de chegar lá e tentar arranjar alguma alternativa, se possível algum vôo ainda no mesmo dia, nem que fosse por Lisboa.

Vou meter gasóleo, era carro de aluguer. Meto 40€ e ligo o motor. Não chega, o depósito ainda está a 3/4. Raios. Páro numa bomba mais à frente, e meto mais 20€. Agora sim. Também, com o diesel a 1,52€, não admira que 60€ mal chegassem...

Finalmente chego ao aeroporto, deixo o carro na Avis, e chego ao balcão da TAP já perto das 20h30. Vou directo ao balcão da companhia (e não ao check-in), para tentar arranjar logo um vôo alternativo. Pois, típico, o balcão está vazio. É o normal na TAP.

Vejo que a TV com os vôos de partida indica que o meu está "On Time", ou seja, não estava atrasado, ou seja, estaria a levantar.

Reparo que num balcão de check-in da TAP, há algumas pessoas a conversar com a operadora.

Chego lá, e como ouço pessoal a perguntar pelos seus direitos em caso de atraso, e em vôos alternativos, pergunto aos colegas apeados pelo que se terá passado.

"Houve um vôo para Lisboa que teve que voltar para trás, e atrasou todos os restantes. Terá sido um pássado a entrar para o motor e a estragá-lo, dizem eles..."

"Aahhh, olha que chatice... Então e vocês estão a ser transferidos para outros vôos, é?"

"Pois, nós e toda a gente, você também vai para Lisboa?"

"Não, Porto"

"Ah, mas os vôos para o Porto não tiveram problemas... azar"

Parafraseando o nosso primeiro, pensei em dizer "Porreiro, pá". Mas contive a fúria.

Falo com a operadora, começo logo por dizer "o meu caso é diferente do deste pessoal, eu cheguei mesmo atrasado ao vôo que terá saído há 10 minutos..."

A mulher olha para mim, olha para o ecrã, volta a olhar para mim, e pergunta "tem bagagem?"

"Sim, tenho, mas é pequena". Ela olha e confirma, tem menos que as medidas máximas para viajar no avião. Ia despachá-la porque tinha líquidos dentro.

Então a mulher faz um telefonema, emite-me o bilhete num repente, e manda-me correr para a zona de embarque, porque o avião estava atrasado, mas já estaria a acabar o embarque!

Agradeço, mas claro que tive que deixar os líquidos com mais de 100mL:
- Um frasco de Gel;
- Um Perfume, que uma emigrante se ofereceu para me enviar por correio (vamos lá a ver se aparece);
- Duas garrafas de tequila que um dos mexicanos me tinha dado de presente! A isso ninguém se ofereceu para enviar, mas ficaram todos contentes em ficar com elas!!!

Vou a correr para o controlo de metais, consigo passar à frente dos passageiros todos sem problemas.

Mas... quando chego ao balcão de embarque, está toda a gente na fila. Ninguém tinha embarcado ainda! O avião estava quase 1h atrasado...

Enquanto estava na fila para o embarque, o sistema sonoro anuncia aos passageiros do vôo para Barcelona (pela Ibéria), que se dirigissem áquela mesma porta, o que fez com que as hospedeiras de terra ficassem com aquilo que posso verdadeiramente designar de "caras de parva". Mas vim parar ao Porto mesmo...



Sim, no final tive sorte, mas porras, tive que dar duas garrafas de tequilla a dois lisboetas...

sexta-feira, junho 27, 2008

Viagens de trabalho

Mais um dia aqui na Normandia.

A fábrica que vim visitar fica pertinho da costa, mesmo na zona onde ocorreram os desembarques das tropas aliadas na 2ª Guerra Mundial. As principais praias têm museus dedicados a esse triste facto. Imagino que quem vai a estas praias tomar uns banhinhos de sol, sai de lá também com um banho de história, e quem sabe ainda encontra uma bala no meio da areia, ou um polegar de algum americano maneta, esquecido na areia revolvida pelos anos.

Bom, imagino, porque não tive hipótese de lá ir. Estive sempre na fábrica, a sair tarde, apenas deu para ir jantar e tomar um copito à cidade de Caen, o que já não foi mau.

Muita gente, quando ouve alguém dizer “vou uns dias para este ou aquele país”, pensa logo em sorte, conhecer sítios novos, passear.

Não é bem assim, quando se vem para fora a trabalho, raramente se tem tempo para visitar o que quer que seja. Se for para trabalhos simples, como é o caso, não há grande stress, mas quando cheguei na 3ª-Feira, às 0h00 ao hotel, ainda fiquei até às 3 da madrugada a fazer relatórios que pensei que me fossem exigidos no dia seguinte. Levantei-me às 6 e pouco, ou seja, não foi propriamente um descanso.

Quando vou para fora para reuniões com clientes, é sempre isso que acontece: ficar a acabar relatórios até às tantas e levantar cedinho para ir para a reunião apanhar na cabeça.

No final, dependendo da hora a que se acabe, aí sim, talvez dê para passear um pouco, mas não se pode considerar isso como turismo, apenas um reconhecimento da zona mais próxima... até porque o vôo de regresso está geralmente marcado para o próprio dia, à noite, e é preciso sair duas horas antes, para estar no aeroporto uma hora antes do vôo, não esquecendo de encher o tanque do carro de aluguer e deixar o carro no parque próprio.

Ou seja, isto não é um mar de rosas... O que tento fazer, ocasionalmente, é ficar um ou dois dias a mais, para fazer turismo verdadeiro. E analisar a fauna local, claro...

quarta-feira, junho 25, 2008

Em Caen

Talvez pela crise dos 33 recém-feitos, já não escrevia há quase 1 mês.

Também fiquei abalado pela despedida sem glória de uma amiguita virtual, que se foi do éter da net sem dar cavaco (nem sequer dando marques mendes).

Mas hoje apetece-me deixar um registo para a posteridade.

Vim para a região da Normandia francesa, visitar uma fábrica de camiões. Tinha combinado com um mexicano estar na recepção do hotel às 7:45, para irmos juntos para a empresa. Ontem cheguei a Paris às 20h, saí de lá às 21 para chegar cá às 0h00, e ter ficado a trabalhar em relatórios quase até às 3 da manhã. Ou seja, dormi pouco e mal.

Para evitar atrasos, não tomei qualquer pequeno-almoço. Mas em compensação, fui flashado à saída da auto-estrada (pudera, 50 m depois da saída, a 130, aparece um sinal para reduzir para 90, e logo a seguir o radar... era inevitável, é a caça à multa em toda a força também no país dos Avec's...).

À hora marcada, lá estou eu. E uns minutos depois disso, lá continuo. E mais um bocado. E nada... Tento ligar o telemóvel, mas não consigo fazer ligação.

"Não há de ser nada", penso, e faço-me à estrada. Ligo o Tom-Tom e vejo que não tem a indicação da empresa.

Ando uns minutos largos pelos arredores da terra, até que finalmente descubro a fábrica.

Chegando lá, esforço-me por recordar o francês que aprendi no ensino secundário, já lá vão mais de 15 anos. É quase inútil. Não percebo um corno do que me dizem, principalmente quando as pessoas se entusiasmam e falam depressa. Mas lá consegui que me levassem ao escritório da qualidade. Se não tivesse passado a Francês, mesmo com uma nota miserável, a esta hora ainda estava a tentar sair do aeroporto... Mas é língua que detesto. Eu gosto de dar uma entoação mais próxima possível com o sotaque original, e a entoação francesa é demasiado snob. Temos que fazer beicinho, faz-me sempre lembrar o sketch dos Gato Fedorento, do javardola que falava francês de forma gay.

Mas para ajudar, além do mexicano também me encontrei com um português emigrado em França. Esse sim, tem sotaque de beicinho.

Bom, amanhã é outro dia...

quarta-feira, maio 28, 2008

Smoke-Free Air

O nosso PM foi apanhado a fumar no avião...

Eu não sei até que ponto devia ter sido multado. Podemos ver isto de várias formas.

Por um lado, são as próprias companhias que escolhem se é ou não permitido fumar no avião. Por isso dizem, no início de cada vôo: "este é considerado um vôo verde, pelo que não é permitido fumar". Ora, o vôo do Primeiro-Ministro, além de não ser uma carreira normal (fretado), deve ser um vôo rosa...

Por outro lado, considerando que é um avião de uma companhia portuguesa, deve estar obrigado a cumprir a legislação portuguesa. Ou seja, não deve ser permitido fumar dentro do espaço fechado.

Há quem diga "ah e tal, é por causa do ar condicionado..." Pois, como se todos os desastres aéreos dos últimos 60 anos fossem causados por um puto que resolveu acender uma passa na casa de banho...

O certo é que incomoda quem está na mesma zona. Seria como alguém acender um cigarro num autocarro. É como largar uma bufa nessas ocasiões. Sabemos que não se deve fazer porque incomoda os outros, por isso não o fazemos. Certo???

Mas acho muito bem que lhe tenha servido para deixar de fumar!

Mas hoje em dia, começa a ser complicado. Mas ainda hoje há situações complicadas para quem não é fumador. Numa entrevista de emprego, por exemplo. Perguntam-nos se somos fumadores, e com uma resposta negativa, vem um "ah, então lamento mas vamos ter que o excluir do processo de candidatura"
"...ah? Atão porquê?"
"Oras, se o nosso pessoal fumador faz sempre 3 ou 4 pausas de 5 minutos por dia para ir fumar, você vai fazer o quê? Vai com eles para ficar de braços cruzados? Não senhor, não queremos cá pessoas de braços cruzados..."

terça-feira, maio 27, 2008

Boi...cote!

Bom, já é tempo de deixar alguma consideração sobre o preço da gasosa...

Eu tenho um carro a gasóleo, e se durante muito tempo compensou, a verdade é que hoje... ainda compensa! Quanto mais não seja porque gasta menos.

Mas fala-se em boicotar nos dias 1,2 e 3 de Junho os postos da Galp.

Tudo bem. Até gostava de acreditar que poderia ter algum efeito, mas o mais provável seria fecharem postos, e não a baixa de preços.

Mas o facto é que os preços estão demasiado altos. Não só pelo imposto sobre os combustíveis, estupidamente alto no nosso país, mas também pela concertação entre as gasolineiras. Senão, não se explica o aumento enorme de preços das principais marcas, enquanto as marcas mais baratas se começam a distanciar.

Posso estar muito enganado, mas a ideia que tenho é que o Petróleo é refinado nas refinarias (passo o pleonasmo...) de Matosinhos e Sines (da Petrogal, ou seja, Galp), e depois vendido às gasolineiras, que podem ou não adicionar aditivos ou coisa parecida, para obter as gasolinas "premium".

Ou seja, eu ando a fazer o meu próprio boicote à Galp há cerca de um mês. Agora só coloco na Esso, preferencialmente na bomba do Arrábidashopping, que tem estado a menos 10 cêntimos. E a minha trotinete não se queixa. Tem as mesmas prestações, tem os mesmos consumos. Mas o povão parece que quer lá saber, eu vejo sempre as bombas da Galp cheias de gente!!! Está tudo doido, mas continuam a queixar-se!!!

Por isso... venha daí esse boicote!!!

quarta-feira, maio 14, 2008

Peregrinos... ou Pellegrinos?

Ontem foi dia 13 de Maio, culminar da grande peregrinação a Fátima para celebrar as aparições da nossa senhora.

"Tudo bem", penso eu, não sou religioso, mas cada um tem direito às suas crenças. É pena a coisa não ser como a celebração da nossa senhora del Rocío, em Espanha, aquilo é que é bonito de ver, um milhão de pessoas à batatada para ver quem consegue chegar a tocar a imagem da santa, aquilo sim, é sacrifício!!!

Mas... outra coisa é quando me enviam mensagens para o telemóvel...

Recebi uma com o seguinte texto: "Em 1917 Os pastorinhos encontraram NOSSA SENHORA de FàTIMA e dai para a frente ELA foi a protectora de todos k NELA creem.ELA já fez muitos milagres,já curou muitos doentes.Não kebres esta corrente.Manda a 7 pessoas.Se tiveres fè hoje irà acontecer 1 milagre na tua vida ! Faz 1 pedido e ELA atender-te-à. Força."

Posto isto, uma série de considerações saltam à vista...

Respondi logo à mensagem com um singelo texto aludindo ao facto do próprio Vaticano ter recusado o processo de beatificação dos pastorinhos, e de ter muitas dúvidas que eles alguma vez tivessem tido telemóveis...

Não me responderam de volta. Estranho...

Mas tão pouco me parece que a virgem tivesse também um telemóvel para seguir quem envia a mensagem a 7 desgraçados.

Quanto a esse milagre... não podiam ser mais específicos? Que tipo de milagre? Financeiro, tipo génio da bola? De Saúde, tipo curarem a micose? Ou daqueles milagres do tipo "epá, ver o nascer do sol é como assistir a um milagre..."???

E o pedido? Tenho que enviar outro SMS para algum número celestial? Ou é telepaticamente, tipo Lara Li??

E também não me parece que a Nossa Senhora aprovasse o envio de mensagens com "Quebres" escrito com K!!!!!

Oops, reparei agora.. pelo "Força" no final, deve ter sido a Nelly Furtado a enviar... Essa não está mal...

(sim, tinha que acabar com uma boca tipicamente machista!!!)

PS: Que me desculpe quem em enviou a mensagem, mas é daquelas coisas para as quais hoje não tenho pachorra...

terça-feira, maio 13, 2008

Vem aí o Euro-2008

Ontem foram anunciados os convocados para o Campeonato Europeu de Futebol. Entre eles um rapazola que, a meu ver, não terá grande hipótese de jogar, numa posição para a qual há mais e melhores, mas enfim.

Aliás, a selecção parece-me claramente desiquilibrada. Não por haver jogadores bons ou maus nesta ou naquela posição, mas por haver vários jogadores que não jogaram a maior parte da época! Ou por lesões ou por serem suplentes. Ricardo? Petit? Postiga? Nuno Gomes???? Nunca gostei do Scolari, disse-o da primeira hora, mas agora acho que mostrou que não sabe escolher equipas. Por alguma coisa passamos à fase final à rasca... com um empate a 0 com a Finlândia, em casa...

A minha previsão para o campeonato europeu? Sou pela selecção, claro, mas não prevejo nada de bom. Uma vitória com a Suíça por 1 ou dois golos, para levantar o moral estupidamente alto e anunciarem-se como campeões, para depois empatarem com a Turquia (provavelmente 1-1) e perderem com a Rep. Checa. Como estas últimas vão ambas ganhar à Suíça, Estou a ver a Turquia e a Rep. Checa a passarem à 2ª fase.

Mas até lá, será imensa a publicidade na TV e jornais, as inundações de promoções associadas ao evento.

Aliás, já são tantos os concursos e passatempos em que se podem ganhar bilhetes e viagens para os jogos da selecção, que só com isso já enchemos os estádios! É que são pequenitos!

Ao menos teremos lá os imigrantes para nos apoiar. O problema é que sempre que os clubes e selecção jogam em terra de imigrantes, geralmente sai asneira. Tem sido assim com Porto, Sporting e Benfica, e com a Selecção não tem sido muito diferente. Talvez os jogadores se sintam inibidos na presença das primas imigrantes, sei lá.

É óbvio que espero que Portugal vá o mais longe possível, mas se não passarmos da 1ª fase, estou pra ver quantos não saem à rua para dizer "eu nunca gostei daquele gajo!!! Maldito Brasileiro!!!"... Mas por este andar, ainda metem o Chalana a substituí-lo... venha o diabo e escolha!!

segunda-feira, maio 12, 2008

Maio de 2008

Hoje bateu uma saudade...

Comemoram-se, este mês, os 40 anos do Maio de 68... Esse evento primordial para o desenvolvimento social e cultural da europa de hoje.

Ainda hoje me lembro de ter ateado o rastilho da revolução estudantil...

Sim, o que muita gente não sabe é que aquilo foi tudo culpa minha, ao ter deixado um pionés no assento do tipo que deu o primeiro berro de contestação. Na verdade, não foi de contestação, mas de susto e raiva, ao sentar e sentir a picadela na nádega direita. O problema foi de ele ter começado o grito de raiva com "Esse grande filhodap...", e o exército do De Gaulle ter pensado que era para ele. A partir daí, a coisa descambou até ter atingido proporções épicas.

No fundo, é o que se passa hoje em dia com as críticas ao primeiro-ministro em Portugal...

Agora, nem queiram saber qual o papel que eu tive na manifestação da queima de soutiens, uns anos antes... :)


PS: Falando um pouquinho (só um pouquinho) a sério, na televisão viu-se o José Hermano Saraiva, na altura em que a coisa alastrou a Portugal, a indicar na televisão (antes da novela das 8), que (em bom português) "ou os estudantes se portam bem e a ordem regressa à universidade, ou daqui a uns anos estou a fazer um programa de televisão a dizer 'E foi aqui... que inseri uma vara de madeira, no ânus de um dirigente estudantil burocrato-fascista". Curioso, agora ninguém lhe fez perguntas sobre aquela altura...

quinta-feira, maio 08, 2008

Umas de Vénus, outros de Marte

Vou comprar uma televisão. Há de ser um LCD.

Durante a fase de escolha, que em mim costuma ser longa, para no final ficar a pensar "eeepá, afinal isto não era bem o que pensava"..., obviamente comparo vários modelos diferentes, e fico especado nas lojas de electrodomésticos a comparar as várias televisões ligadas ao mesmo tempo, mesmo como o burrito a olhar para o palacete.

Ao conversar com amigos, e isto num grupo em que estavam raparigas, a certa altura fala-se na questão de ser uma tv de 50 ou 100Hz.

As raparigas deixam bem claro que não vêm diferença nenhuma. Os rapazes rebatem dizendo que a diferença é bem visível.

Já me tinha apercebido que os homens são diferentes das mulheres. Quer dizer... neste aspecto... (noutros já tinha descoberto há algum tempo... mas não muito!)

Já no tempo do secundário, e depois na faculdade, tinha percebido que os homens aparentam ter maior facilidade em imaginar construções ou planos tri-dimensionais do que as mulheres. Isto era muito visível nas aulas de Desenho Técnico.

Não sei se terá a ver com as televisões, mas é verdade que a grande maioria das mulheres não nota diferença entre uma tv de 50 ou de 100Hz. Para simplificar, a de 100 tem uma velocidade de actualização da imagem mais rápida, pelo que cansa menos a vista, porque fica com uma imagem e movimentos mais fluidos.

Por outro lado, um amigo que me diga que também não vê diferença, será gay??? Bom, se a seguir rematar com um "ah! E já agora, acho o futebol uma coisa muito bruta", aí sim, aí será o atestado.

Por um novo lado, também já me disseram que a minha forma de mergulhar o saquinho do chá na água quente é algo afeminada. E não percebo patavina de mecânica automóvel. Oh raios, serei gayzola?!?!?!?

Ah, não, claro que não, eu sei a diferença entre tv's de 50 e 100Hz... Por alguma coisa estou a pensar comprar uma de 120Hz! Haja machismo que aguente com isso!!!

terça-feira, abril 29, 2008

Desacordo Ortográfico...

Ontem fiquei acordado até às tantas, porque mesmo quando ia a desligar a tv do quarto, mudei para a SIC e estava a dar o CSI Miami. Oras, claro, tive que ficar a ver, óbvio.

O episódio, pelos vistos “em estreia na televisão portuguesa”, era passado no Brasil, com o detective do torcicolo permanente em busca de um sobrinho, que estaria a ser utilizado como correio de droga.

O interessante passou-se já no final do episódio, já depopis de se ter descoberto o paradeiro do mau da fita através da unha do cão do vizinho do primo do presidente da câmara da cidade onde morava o tio-avô do dito cujo... A mãe do rapaz, alegadamente de origens brasileiras (note-se que entre os vilões brasileiros, alguns falavam português e outros espanhol fluente), comenta com o tal coitado do pescoço torto que “em brasileiro há uma palavra para o sentimento de falta daquilo que gostamos, que é Saudadji”.

Oras... “brasileiro”?... Que eu saiba, os nossos irmãos lá das terras de Vera Cruz ainda falam português!!! Certamente que os “camones” não dizem que falam “americano”, e não inglês!

Ah, claro, que tolice a minha, a rapariga disse “Saudadji”, e por isso é que é brasileiro, porque se fosse português tinha que ser “Saudade” (o que, para um falante anglo-saxónico, é bem mais difícil por causa do som fechado no final). Por outro lado, nesse termo, entre brasileiro, angolano ou moçambicano, não sei bem qual será mais aplicável...

Mas isto devem ser reflexos do novo acordo ortográfico, ou não fosse um episódio novinho em folha. Afinal, agora passamos a escrever palavras tão portugas como “ação”, “ator” ou a minha preferida, “perentório” (em vez de peremptório – está no novo dicionário!). Da próxima vez que falar com um amigo que já não veja há algum tempo, já lhe vou dizer que tava com saudadjis dele... E quando vir o meu chefe hoje, vou-lhe dizer, alto e em bom som “Oi Cára! Tava com saudadjis d’ocê”...

domingo, abril 27, 2008

O Expresso do Oriente II

No sábado, último dia da viagem, finalmente tive a oportunidade de fazer algum turismo, em Shanghai.

Shanghai é uma daquelas cidades de que ouvimos falar com algum misticismo desde que somos pequenos, referenciada em inúmeros filmes.

Mas, vendo bem a coisa, a cidade tem pouco que ver. O que custa a acreditar, sendo uma cidade tão grande. Oficialmente tem cerca de 18 milhões de habitantes, mas diz-se que o número real deve ser bem superior.

Relativamente ao que já tinha visto em Suzhou, foi mais do mesmo: prédios enormes, grandes avenidas, mas claro, muito mais rebuliço citadino.

O centro, na margem do rio, é realmente fantástico, uma explosão de luz e cor, é um cenário bonito, ainda que demasiado "moderno", face ao que esperava ver. Não se vêem aquelas casitas e aqueles barcos típicos que se viam nos filmes. Isso já lá vai. Mesmo o cenário onde foi filmado o Missão Impossível 3, que teoricamente era em Shanghai, na realidade é uma aldeia a 40 km. Há excursões para ir ver essa zona, só por causa do filme...

Como ir à China e não comprar cópias é como ir a Roma e não ver o Papa, também fui ao mercado das cópias. Para quem conhece o Centro Comercial Brasília, no Porto, é como se fosse um andar desse centro. Lojas e lojas em corredores mal desenhados e em curva. Lojas grandes, lojas pequenas, todos com os artigos em exposição, todos os donos das lojas à porta a incentivarem-nos a entrar. Isto numa estação de metro, no 1º andar subterrâneo. Mas não gostei.

Não gostei, porque não gosto de regatear. Sou daqueles tipos que não têm jeito para compras. Se sei que naquela loja há qualquer coisa de que gosto, vou lá e compro. E não perco muito tempo a olhar para outras montras. Muitas mulheres dirão que isto é contra-natura, mas conforta-me o facto de saber que é um comportamento tipicamente masculino. Não é que tivesse dúvidas...

Mas ali não, parece Marrocos. Vemos uma peça, seja o que for, e pedem-nos um balúrdio, que indicam numa calculadora com visor grande. Dizemos que não, e passam-nos a calculadora para a mão. Introduzimos um valor ridiculamente baixo. O vendedor reclama que o estamos a roubar, e ao fim de 10 minutos de "ai não pode ser, ai você mata-me, ai os meus filhos", acaba por nos vender pelo preço ridiculo.

Não tenho pachorra. Não fosse o mexicano com quem estava ir munido de uma lista com os preços típicos, nem lá tinha ficado um minuto. Mas isso sempre evitou os tais 10 minutos de regateio.

Quanto à comida, embora, felizmente, não tenha ficado doente, o certo é que a tripa demorou a voltar a habituar-se a só ver a sanita de quando em vez, e não com a regularidade suíça com que vim de lá. Cheguei mesmo a acertar um relógio pela pontualidade da "obra"...

sexta-feira, abril 25, 2008

Bike Trip

Já volto aos comentários sobre a China, mas entretanto, um aparte...

Hoje participei num passeio de bicicleta, organizado pelo Dep. de Recursos Humanos da empresa, que contou com uma participação interessante (incluía também uma caminhada, para quem não estivesse para dar ao pedal).

O percurso não era fácil (subida a uns moinhos de vento - energia - na zona da Cabreira - Gerês), principalmente para quem, como eu, está terrivelmente fora de forma. Ainda assim, bem ou mal, consegui chegar ao fim.

Mas a certa altura do percurso, já na fase descendente, passamos por uma descida que deixou muito boa gente com o coração (e quiçá algo mais...) nas mãos. Bastante íngreme, com muita pedra solta, exigia uma atenção constante e força para segurar no guiador. Há quem diga que se deve tentar compensar os desvios do terreno, dar ao pedal aqui e ali para ganhar tracção, etc e tal. Eu? Limito-me a escolher o lado com menos calhaus e deixo-me ir. Mas provavelmente devo precisar de um conjunto novo de borrachas de travão, de tanto que as usei hoje...

A questão é que, depois da descida, o sentimento é de alguma euforia, pela adrenalina sentida por estar quase a cair uma série de vezes, mas conseguir chegar ao final.

Houve um estadista famoso, penso mesmo que foi o Churchill, que disse que não há nada mais emocionante do que dispararem contra nós e falharem.

Acredito. Afinal, grande parte das experiências radicais hoje em dia, baseiam-se na noção de perigo iminente, ainda que controlado. Se não for controlado, suponho que a sensação de adrenalina seja ainda maior.

É algo que não planeio descobrir nos próximos tempos. Não estou a pensar pedir a algum amigo para me tentar acertar um tiro. Ou uma castanhada, ou uma facada, mas avisando para não se preocupar muito com a pontaria...

Para já, tenho é que me preocupar com o escaldão que apanhei no passeio!!! E com as dores fantásticas no nalguedo!!! Já tenho uma protecção almofadada no selim, mas nem assim. Acho que vou tentar comprar uns calções almofadados, só que quando vejo alguém com aquilo, fico a pensar se é uma cena muito máscula ou muito gay...

quinta-feira, abril 17, 2008

O Expresso do Oriente I

São 3 da manhã em Portugal, na altura em que escrevo isto. Aqui são 10 da matina.

Vim passar uma semana em Suzhou, é uma “terreola” a oeste de Shanghai, o grupo tem aqui uma fábrica que vai produzir um produto idêntico ao que fazemos em Braga, por isso vim acompanhar uma auditoria do cliente.

Digo “terreola” porque só tem 4 milhões de habitantes. Comparado com Shanghai, que já vai em 18 milhões, é mesmo uma aldeia.

Mas isto não é a verdadeira China. Esta cidade é predominantemente industrial, sendo o parque industrial qualquer coisa de fantástico. Avenidas enormes, kilómetros e kilómetros de jardins arranjados ao pormenor, quase todas as árvores (e são aos milhares) iluminadas de várias formas e cores, lagos e cascatas, condomínios fechados luxuosos para os trabalhadores, em que cada prédio tem entre 20 a 30 andares (sempre em grupos de 5 ou mais prédios idênticos), são 70 km2 de parque industrial com estas zonas residenciais pelo meio. Comunismo? Nem vê-lo!

Ontem, como um dos auditores queria, porque queria, comprar um cachecol XPTO, finalmente fomos ao centro da terra (Suzhou). E aí sim, é o que pensam os ocidentais: são lojas chinesas porta-sim, porta-sim!!! Ruas cinzentas e escuras, coisas estranhas a ser vendidas na rua, supostamente comestíveis (há uma coisa que inicialmente me pareceu um tentáculo de polvo, mas depois percebi que era uma espécie de lagarto de cauda comprida...), há chinocas a tentar vender relógios na rua, com catálogos de revistas oficiais a dizer “cópias originais!!”, há pessoal em trajes típicos, há putos em trajes “fashion” ultra-modernos (tipo nave espacial). Comunismo? Nem vê-lo!

Felizmente ainda não me deu a diarreia monumental que esperava com muito pouca ansiedade. Mas confesso que nunca evacuei tanto na minha vida (para usar um termo politicamente correcto), todos os dias tenho uma consulta marcada na sanita! E vá lá que o hotel tem sanitas “ocidentais”, porque já vi em vários sítios sanitas que não passam de buracos no chão. O pessoal agacha-se, pernoca afastada, e cá vai bomba. Depois sai um jacto de água para lavar a floresta negra. Comunismo? Não sei o que tem a ver aqui, mas... nem vê-lo!

Enfim, costumes... vou voltar ao trabalho, que a auditoria ainda não acabou...

quinta-feira, abril 10, 2008

Treino aplicado

Para quem não sabe, os motoristas de âmbulâncias e carros de bombeiros (de intervenção rápida) são habitualmente treinados em condições reais, ou seja, no trânsito da cidade.

Se assim não fosse, seria difícil treinar os miúdos num simulador, ou num parque fechado, e depois lançá-los a altas velocidades pelo meio de engarrafamentos, como tentativa desesperada de salvar vidas.

Acho que é compreensível.

Claro que nós, que vamos calmamente no trânsito, a cantarolar o último êxito do Mikael Carreira (ou talvez não), e reparamos no retrovisor (porque a música em altos berros não deixa ouvir a sirene), que por entre um "Esta foi a vida..." e um "...que escolhiiiii" *, vemos a ambulância e não fazemos ideia se é uma situação real ou não. Obviamente, nunca pensamos nisso e abrimos caminho para que o veículo siga na sua tentativa. Alguns ficamos até com uma sensação estranhamente agradável de que fizemos a nossa parte na tentativa de salvamento de uma vida.

Mas hoje passei por uma que, se não estava em treino, então não sei que caso seria, porque uma ambulância vinha a subir a rua com o farolim ligado (o "tinoní azul"), mas sem sirene sonora.

E parava nos semáforos e passadeiras.

Se fosse alguém lá dentro, devia ir acompanhado pelo padre, que lhe iria a dar a extrema-unção em andamento. Ou talvez fosse alguém com hiper-tensão, e qualquer variação mais brusca desencadiaria um ataque brutal. Ou até, quiçá, alguém que sofresse de anti-civismo grave, e que se visse o condutor a quebrar alguma norma do civismo rodoviário, entraria em convulsões.

Bom, se estava em treino, tudo bem, mas escusava de exagerar...


*PS: Eu sei que aquela letra é do paizinho, o Tony, mas como não sei nenhuma música do filho pródigo cabeludo, foi o que se arranjou...

Mentiroso!!!

O meu passe mensal do combóio terminou a validade no passado dia 04.

Como esta semana não fui de combóio na 2ª e 3ª por ter ido para fora, e como não vou está cá durante toda a próxima semana (uma ida para o extremo oriente), resolvi não comprar já nova mensalidade do passe, e fazê-lo apenas após o regresso da China.

Oras... ontem saí do emprego às 17:45, e seguindo uma prática habitual, apanhei o combóio para Braga, de onde poderia apanhar o "rápido" para o Porto, que demora 40 minutos a fazer o meu trajecto, em vez dos 55 que demora o habitual pastelão.

Na estação, tentei comprar um bilhete na máquina, queria comprar um talão de 10 viagens. A máquina estava Fora de Serviço, estava lá um operador da CP a arranjá-la. Fui ao balcão de venda de bilhetes, disse que queria o passe de 10 viagens, e responderam que tinha mesmo que ser na máquina, e que em 2 minutos estaria a funcionar.

Aguardei mais que isso, eu diria uns 4 ou 5 minutos, e voltei para o combóio, que saía passados mais 4 ou 5 minutos.

Dentro do combóio, quando aparece o revisor, por hábito peço-lhe para me vender um bilhete Ferreiros-Travagem, que é o percurso habitual. O homem fica a olhar para mim, reparo que me enganei, e corrijo: "Ah, pois, é Braga-Travagem, vai dar ao mesmo".

Responde ele em tom de voz alto: "AH NÃO É, NÃO!!! SÃO SÓ 100 VEZES MAIS! SE NÃO COMPROU LÁ BILHETE, AGORA TEM QUE PAGAR MULTA!".

Isto porque quando saímos de estações (e não apeadeiros), é obrigatório comprar bilhete nas máquinas. Nos apeadeiros não há máquinas de venda automática, pelo que se pode comprar ao revisor.

Respondo eu, sem levantar a voz: "pois, só que a máquina de venda não estava a funcionar", ao que o homem sai-se com uma "AH, NÃO ME VENHA COM MENTIRAS, QUE ESSAS JÁ EU CONHEÇO TODAS!"

Diz ele que outras pessoas já lhe mostraram bilhetes comprados em Braga, pelo que eu só podia estar a mentir.

Sou uma pessoa bastante pacífica, mas naquele instante apeteceu levantar-me e ir... hmm... digamos... "pedir-lhe explicações" mais de perto...

Mas contive-me, e continuei a falar de forma normal, e expliquei a situação, e que se ele quisesse poderia ligar para a estação e confirmar.

Ele foi continuar a recolher bilhetes, e avisou que já voltava.

Passado algum tempo, já eu preparado para pagar a multa e a ver formas de processar a CP por difamação, regressa o "pica", e em tom de voz muito, mas mesmo muito baixo, diz "pronto, eu compreendo a sua situação, desta vez passa, mas veja lá, da próxima venha logo falar comigo ao início da viagem".

Paguei o bilhete normal, e deixei-o ir à sua vida. Isto porque apercebi-me de que o homem tinha olhos de quem não tinha dormido. Todos temos dias complicados, talvez fosse o caso dele, e é certo que aquela linha é muito frequentada por putos que nem sempre se comportam, e por uma família de ciganos romenos que dá problemas. Mas o certo é que não era razão para me ter tratado daquela forma.