segunda-feira, abril 03, 2006

Pequenas coisas...

Há coisas, pequenas coisas da vida, que todos fazemos da mesma forma. Vá-se lá saber porquê.

Por exemplo, toda a gente, quando está ao computador a fazer algo que só necessita de movimentos do rato, põe a outra mão a apoiar o queixo, cotovelo na mesa, contra todas as recomendações dos estudos ergonómicos. Será genético? Estará embutido nos nossos genes que há um reflexo condicionado quando pegamos num rato, de apoiar o queixo? Será que o Pavlov pensou nisso? Aaah, se ele tivesse um computador naquele tempo... Faria o que faz hoje em dia qualquer respeitado cientista: passar o tempo todo a ver porno na net!

E será genética a escolha de urinóis num WC público? É coisa que uma mulher não compreende, mas se um homem entra num WC com, digamos, uma boa meia-dúzia de urinóis, e um deles está ocupado, ele tenta deixar, no mínimo, um urinol de intervalo. Mas o melhor mesmo é ir para a outra ponta. Se estão 2 ou mais pessoas, a coisa pode ficar complicada, e muita gente opta por utilizar a sanita, com a portinha fechada que é para ninguém ver. Serão complexos de inferioridade? Medo de apanhar um salpico perdido? Para muito homem, apanhar um salpico tresmalhado é pior que fogo cruzado numa praça israelo-árabe.

Já o facto de toda a gente procurar deixar um lugar de intervalo no cinema para o desconhecido que já lá está sentado é bem conhecido de todos, e facilmente explicável após anos e anos de estudos na matéria: tem a ver com o medo inato que nos roubem as pipocas.

Já agora, isso lembra-me uma história, do tempo em que os animais falavam:

"Estava o cágado Ambrósio no seu aquariozinho, virado para a janela com um olhar perdido, quando o seu legítimo dono, o Efigénio lhe pergunta:
- Oh Ambrósio, que cara é essa? Com um dia tão bonito lá fora, estás aí tão apático?
O Ambrósio levanda a focinheira, com ar desanimado, e responde...
- Oohhh... estava aqui a pensar na vida...
- Em quê, meu rapaz? Diz lá o que te apoquenta?
"Nada, nada...", continuava o cágado Ambrósio, enquanto deixava novamente cair a focinheira.
- Diz lá, meu petiz, o que posso fazer para te animar?
- Oh... gostava de ir ao cinema...
- Ah, mas é só isso? Mas isso arranja-se!!!
Nisto, e num repente, o cágado anima-se como se lhe tivessem dito que a Tina Turtler aparecia na próxima edição da Playturtle... "A sério?"
- Sim, claro, só temos que arranjar forma de de meter no cinema. E o que queres ver? Está aí um filme bom de aventuras.
- Er... não era bem um filme de aventuras que eu queria ver...
- Então, meu quadrúpede minúsculo, o que queres ver?
- Humm... gostava de ir ver um filme pornográfico...
- Um filme porno?!?!?!?
- Sim, eu sempre quis ir ver um filme pornográfico, é o sonho da minha vida!
- Eu... bom, se assim é, vamos ao Sá da Bandeira. Até já tenho o truque ideal para entrares. Vais no meu bolso das calças, e quando começar o filme eu abro a braguilha e metes a cabecinha cá fora para ver.
- Oh, fazes isso? Por mim? Ooohh, Efigénio, és o melhor dono que um cágado pode ter...

E lá foram todos animados à matinée do Sá da Bandeira. Lá chegados, fizeram como combinado, cágado no bolso e toca a entrar.
Entram e sentam-se ao lado de um jovem casal, mais propriamente da rapariga.
O filme começa, e o Efigénio age como prometido, abrindo a braguilha, ao que o Ambrósio se estica e mete a cabecita verde-musgo cá fora.
Passados uns 15 minutos, a rapariga começa a querer conversar com o namorado:
- Oh Toni... Toni!
- Ãããhhh? Queres coisa, he?
- Não, não é isso, é que acho que o rapaz aqui ao lado tem a coisinha de fora...
- Oras, hehehe, e qual é o problema, se eu também tenho a minha de fora! Foi para isso que cá viemos, não foi???
- Pois, mas é que a dele está a comer-me as pipocas todas...

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