quarta-feira, dezembro 17, 2008

Subjectividades Metafóricas

Quando era puto e andava nas aulinhas, era vulgar, nas aulas de língua portuguesa, termos que analisar as figuras de estilo utilizadas pelos autores, para realçar certos sentimentos, certas sensações.

Sempre considerei isso uma treta. Não imagino o Camões a pensar "Ora vejamos... 'Fogo que arde... oras aqui agora, ficaria bem, pois então, uma onomatopeia... ou uma hipérbole... ou um realçe da metonímia? Oh amor ardente, ajudai-me nesta demanda por um termo que me garanta gajas na cama..."!!!

Isto é também vulgar, na análise a obras de arte, principalmente abstracta, nomeadamente a tentativa de determinar o que o artista pretendeu transmitir com a sua obra.

Se na questão da língua, ainda dou um desconto, porque mesmo que o autor não tenha utilizado conscientemente esta ou aquela figura de estilo, pode ser interessante descubri-las no texto, já com a pseudo-arte não aguento.

Não aguento!!!

Um tipo que pinta um risco num quadro e lhe chama "obra-prima", está-se pouco cagando para o que significa o raio do risco!!!

Hoje, no canal de cabo "Porto Canal" (a minha mãe é um dos 3 espectadores do canal), num programa alegadamente sobre cultura, apresentado por um tipo que ficou em 2º numa das primeiras edições do Big Brother (o que só por si, já representa um contra-senso), falavam numa galeria de arte, sei lá onde. Nela, pediram a um tal António Sousa (ou seria Alberto?) que comentasse um quadro que estava ao seu lado, exposto.

Diz ele "bem, isto aqui podia ser... sei lá... um cavaleiro, algo assim... e aqui esta zona... talvez... não sei... um borrão que evoluiu até esta forma...". Oras, se pediram a opinião ao Xôr Sousa é porque o quadro era dele!!!

Cum catano, o tipo admite que nem faz ideia do que é que tentou representar!!! Admite inclusive que fez um borrão, e a partir daí fez o quadro!

E esperem que nós, incautos ignóbeis, tentemos, dentro da nossa brilhante ignorância, determinar se o Xôr Sousa estaria a pensar na Angina de Peito ou na Angelina Jolie quando desenhou ali aquela forma curva???

E por acaso o quadro nem estava feio, que faria se fosse daquelas esculturas tipo sanita partida e invertida no meio de um monte de tijolos. Alguém que me pergunte o que acho que significa...

4 comentários:

Anónimo disse...

concordo, Andrew.
eu também não aguento!!
sou da opinião, sim, que se um "artista" pintou ou esculpiu não sei o quê que não se parece com sei lá o quê, que o admita!
que diga "bem...hmmm...mandei pr'ali a tinta com uma trincha e sai-me isto! ficou engraçado, mas também não sei o que é!" ou "Tive obras lá nos anexos e o telhado do wc ruiu! E pronto, pus a sanita aqui na galeria!"
e pronto...teriamos assim a objectiva arte abstracta!

abraço,
Monteiro

Anónimo disse...

Vê-se mesmo que o menino não percebe nada de arte; a arte tem de ser vista com olhos de ver e não com entrôlhos que nos roubam a sensibilidade geralmente laterais, não sei se me percebeu mas também pouco lhe há-de importar :)))

Andrew disse...

Talvez não seja grande entendedor de arte, de facto. Limito-me a, com os meus entrolhos (que não leva acento), a apreciar a intangibilidade daquilo que me parece agradável à vista. Sim, podemos dizer que os entrolhos servem como talochas para me moldar o sentido de gosto. Mas olha que prefiro manter-me na santa ignorância do que ouvir um pintor dizer "fiz um risco e saiu porreiro" e passar algumas horas a discutir que na realidade o risco seria alguma objecção metafísica à limitação da cognosciência humana pelos avanços da informática, sei lá...

Anónimo disse...

Obrigado pela correcção dos antolhos, é sempre bom aprender ,assim como que quase tive de ir ao dicionário(leva acento?lol) para compreender o que o menino explanou em relação á arte. Bem haja, é de homens assim que a humanidade precisa, se não nos virmos mais, um Feliz Natal.