domingo, junho 06, 2010

O Fax do Crato

Cenário: Escritório do local de trabalho, apenas eu e um colega lá estávamos.
Hora: Meio da tarde, seriam umas 15h.

Somos 3 pessoas a fazer exactamente a mesma coisa, cada um na sua secretária, que estão juntas. É normal, quando toca o telefone, um de nós atender. Questão de solidariedade profissional, ética, o que seja.

Pelas 15h toca o telefone do meu colega. Levanto-me para atender, era um número com um indicativo que eu não reconhecia (245). Atendo, ouço ruídos estranhos, volto a desligar.

Passado 1 minuto, toca de novo. Levanto-me para ir atender, é o mesmo número. Atendo, e ouço o mesmo ruído. Apercebo-me que é um número de fax, e volto a desligar.

Passado mais um pouco, toca novamente. Vou ver, é o mesmo número. Começo a ficar algo irritado, e nesta altura comento com o meu colega a situação. Deixo tocar, e tocar, na esperança que se cansem e reparem que não conseguem estabelecer a ligação. Passado algum tempo, que pareceu interminável, pára o toque.

1 minuto passado, volta novamente a tocar, e o mesmo número... Atendo, e na esperança que seja daqueles telefaxes em que se ouve um pouco quando alguém atende do outro lado, largo um sonoro berro, a indicar que "este não é um n.º de fax, é um telefone fixo!". A seguir a isto, a chamada cai. "Resultou!", penso eu.

Engano meu, logo a seguir toca novamente. Agora digo ao meu colega, em jeito de brincadeira, que atenda, que já sei que é para ele. Ele, coitadito, assim o faz, mas apercebe-se que é sinal de fax e desliga. Logo a seguir toca novamente. Ele volta a atender, mas desta vez deixa o auscultador fora do telefone. "Pelo menos pagam a chamada toda", diz ele. Após algum tempo, volta para confirmar se já desligaram, e volta a pousar o auscultador.

Mais dois minutos e novo toque. Já visivelmente irritado, lembro-me de pesquisar o número que surge no ecrã do telefone no Google. E aparece como sendo do Posto de Turismo do Crato.

Do Crato? Um município alentejano? A que propósito? No mínimo, deve ser engado. Bom, nada melhor do que ligar para lá e alertar para o erro que estão a cometer, penso eu, na minha boa fé.

Ligo para o Posto de Turismo. À pessoa que atende, tento explicar a situação...

"Ah, só um momento." E passa para um colega. Volto a explicar a situação "boa tarde, estou a ligar de uma empresa em Braga, e estamos, há cerca de 20 minutos, a receber o que penso ser uma tentativa de envio de um fax, do vosso número, e queria alertar porque deverá ser um erro no número, já que estão a enviar para um telefone de voz". Penso que mais claro, seria difícil. "Ah, vou passar à técnica superior, só um momento".

...

"Está lá?"

Volto a explicar à Técnica Superior toda a história.

"Estão a enviar para cá um fax???"
"Não... estamos é a receber uma tentativa de envio de fax do vosso número de fax!"
"Mas... nós não temos fax!"
"Mas surge na vossa página da Internet! "Posto de Turismo do Crato"!!!"
"Ah, bom, isso é porque esse número pertence à Câmara Municipal do Crato, na realidade não é nosso. Mas eu dou-lhe o número de lá"

A senhora lá me deu o número, e eu que nem ousasse pedir-lhe para ligar para a conterrânea ela própria, afinal ela é que era a Técnica Superior... (note-se nas iniciais maiúsculas para dar ênfase ao cargo)

Liguei para a C.M. Crato, e passa-se a mesma cena. Passam a chamada duas vezes até chegar a alguém, alegadamente, "responsável".

Digo à senhora a lengalenga que, por esta altura, já estava farto de repetir, ao que, após ter que clarificar de onde ligava (terra), o meu nome, e de que empresa ligava (algo importantíssimo para interferir na decisão de olhar para o gabinete do lado e ver se estavam a enviar um fax!), lá disse "muito bem, vou ver se de facto algum colega está a tentar enviar um fax. E para que número seria, então??"

Tento explicar que devia ser mesmo equívoco, mas para não entrar em discussões sobre o sexo dos anjos, lá lhe indiquei o número correcto do nosso fax (na gerência).

"Muito bem, irei alertar o colega. Muito obrigado pelo seu alerta, iremos tratar do assunto. É para isso que cá estamos". E desligou.

"É para isso que cá estamos???"

Esta última conversa foi em alta-voz, pelo que no final da chamada, foi difícil conter o ataque de riso entre mim próprio e o meu colega....

4 comentários:

Anónimo disse...

tás a gozar, tás?!
ok, tenho que concordar que todo o processo foi muito lento...!
o que safa a câmara do crato são as festas! ainda bem que lá não há faxes...

abraço alentejano,
Monteiro

Airam disse...

Nao te esqueças André que tenho casa no Crato (tenho meia costela Cratense por parte de pai)...
Sim lentinho...e acho que as festas de este ano jão não vão "safar" o Crato .... Confesso..de mal a pior :D

M.Maria M. Coutinho disse...

RS...Gostei .

Anónimo disse...

Parece-me que, quem está a ser lento é mesmo o André!!!não entendeu uma avaria no sistema telefónico e desata a dizer mal...Mas o pessoal do Norte é mesmo assim!!!