terça-feira, dezembro 13, 2011

Sou uma besta, mas se me disseres que sou bestial, eu acredito

Corrijam-me se estiver enganado: normalmente quem procura livros e sessões/workshops/cursos de auto-ajuda são pessoas que, por uma razão ou por outra, precisam que alguém lhes diga que são especiais e que, se quiserem, podem "lá" chegar (seja onde ou o que for esse "lá").
No fundo, livros como "O Segredo" ou muitos dos cursos de motivação, e até muitos dos cursos de gestão (está na moda a PNL...), no fundo transmitem a mensagem de que a melhor pessoa para nos ajudar a melhorar, somos nós próprios, e só temos é que optimizar e dar asas ao nosso potencial. Muitos destes cursos de gestão e auto-motivação não apresentam mais do que transposições imaginativas de regras básicas do bom-senso.

Talvez eu seja negativista, mas isto, a meu ver, não é mais do constatar o óbvio. Ainda não encontrei um livro ou um orador que não me dissesse o que já sei, ainda que de forma mais entusiástica ou divertida. Isto pode levar a pensar que sou contra estas coisas, e no fundo sou contra o básico, e de facto parece-me demasiado básico pagarmos para alguém nos convencer de que somos pessoas fantásticas. Atrevo-me mesmo a dizer que me parece um aproveitamento de um estado emocional um pouco mais fragilizado.

Há uns tempos fui a um workshop destes, de uma das empresas líderes em PNL e "personal building", dada por um jovem bem disposto, que já publicou livros e DVD's. Resumiu-se (repito: é apenas a minha visão deturpada da coisa) a uma descrição colorida daquele texto que começa com qualquer coisa do género "um dia juntaram-se o Talvez, o Nunca, o Quem Sabe, e mais não sei quem...", seguramente quem lê isto já recebeu esse mail. Passado algum tempo, fui a outro seminário, de outra empresa, dado por outro jovem também com livros e DVD's publicados sobre auto-motivação. O dito seminário acabou por ser um chorrilho de casos da assistência, perdendo-se mais tempo em particular com uma senhora que se queixava de que o filho não lhe ligava nenhuma e, segundo ela própria, com razão porque ela estava demasiado absorvida pelo trabalho.

Enfim.


Por outro lado... não me parece mal que, quem necessita de alguém que lhes diga que é um potencial vencedor, pague por ouvir isso. Afinal, as coisas parecem ter sempre mais significado quando é outra pessoa a dizê-las. Se resulta, então muitos parabéns e é seguir em diante. É necessário ouvir e ver o Marcelo Rebelo de Sousa, a um qualquer Domingo à noite, dizer que estamos em crise mas que com esforço podemos ultrapassar isto, algo que todos já sabemos? Não é obrigatório, mas parece que soa melhor vindo dele.

Será isto uma incongruência? Talvez. Deve ser a minha alma de Gémeos a dar de si.

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