quarta-feira, outubro 28, 2009

Clippings

Mais um dia, mais uma viagem. Hoje, devido ao lay-off anunciado para os próximos dois dias, será o último dia de trabalho da semana. Algo pelo que já ansiava há alguns dias, fazem-me falta uns dias de descanso.

Foi a 2ª vez esta semana que consegui apanhar o combóio, não é fácil estar às 7h04 na Travagem para apanhar o Suburbano para Braga. Ontem falhei por uns dois minutos...
Curiosamente, foi também a 2ª vez que não paguei esta viagem. Não me acusem de ser caloteiro ou fora-da-lei, trata-se apenas de não ser abordado pelo revisor, que não poucas vezes, passa por mim numa altura em que estou meio grogue pela sofreguidão da manhã, embalado no movimento chocalhante da carruagem. E quando reparo que ele passou, obviamente não me levanto aos berros “ouça lá, quero pagar”. Ok, verdade seja dita, sempre são 2€ que se poupam. É o dinheiro para o pequeno-almoço, e ainda sobra um pouco para a garrafinha de água.

Mas hoje tive que penar por esses 2€.

Nas redondezas da zona onde me sentei houve quem me fizesse pensar que, por um transporte tão barato, temos mesmo que nos sujeitar a tudo. Atrás de mim, alguém tinha um toque de mensagem de telemóvel retirado de alguma música dos Terra Samba ou Canta Bahia. O que me leva a crer que trocar mensagens às 7 e pouco da manhã pode não ser um desporto saudável para quem o pratica, se em cada missiva electrónica arriscarmos acordar os passageiros num raio de 20 metros.

Mas exactamente ao meu lado, mas felizmente na outra fila de bancos, encontrava-se o verdadeiro tuga. Bigodinho, anorak da década de 80, perninha direita cruzada sobre a esquerda, e corta-unhas em riste para tratar dos excessos de unhaca no local mais apropriado que é a carruagem de um combóio. Já não tinha esta sensação há muito tempo. Aliás, acho que já tinha escrito sobre isso aqui.

Clip... clip....

Não deixo de pensar “bom, isto no fundo é um sinal que é um ambiente cómodo, familiar, as pessoas sentem-se em casa”. Ou pelo menos, sentem-se na casa de banho.

Clip... clip... clip.... ......VAMO LÁ GALERA! TCHAAANN-TCHAAAANNN, PRE-PE-PE.....

E o que virá a seguir, nessa onda de comodidade? Será que na próxima estação entra o casal típico, ele barrigudo, de cuecas e chanatas, ela de avental e rolos na cabeça, e sentam-se ao mesmo tempo que ele lhe pede uma cerveja? Ou um qualquer moçoilo a fazer a barba? Pensando bem, com o chocalhar da carruagem, isso poderia ser algo perigoso...

Clip... clip...

Felizmente o infeliz estava sentado a cerca de 3m de mim. Ainda assim, há quem se gabe de conseguir almejar distâncias maiores nos campeonatos de corte de unhaca. Tudo depende da capacidade de catapultar a dita-cuja com o corta-unhas adequado. E é uma questão de técnica e, convenhamos, algum jeito. Pelo menos hoje, este parecia não estar a treinar para a próxima ronda do campeonato distrital.

(Saiu em Famalicão, mas deixou lá os restos de unhaca, que ajeitou cuidadosamente num montinho com os sapatos...)

5 comentários:

Anónimo disse...

ao menos o senhor é asseadinho!!

abraço,
Monteiro

PS: será que cortou também as dos pés com a tesoura de amanhar peixe?

Beyba disse...

Este é aquele tema que me IRRITA!
O barulho do corta-unhas está para mim, como as iguanas estavam para aquele tipo do "Agora ou Nunca", o "PONHA! PONHA!".
É impressionante a reacção que me provoca o facto só de pensar, quanto mais ouvir!!
Quando esse som me aborda, é um fugir a 7 pés que ninguém imagina!
CREDO!!!
(E sim, eu corto as minhas! Mas uso uma tesourinha que corta de igual forma mas não faz barulho!!!)

Anónimo disse...

Pois eu ja assiste a uma cena de corta unhaca bem mais peculiar. Um director comercial que era tambem o dono (um multi funções)duma empresa, a cortar as unhas enquanto falava comigo.Fazia isto com grande frequencia. Comigo e com outros. Até que um dia achei que o melhor era eu puxar do meu corta unhacas e competir com ele. Ali estava ele sentado na sua secretária e eu na cadeira em frente. Ele trinck e eu respondia com tranck. Olhou para mim sem talvez perceber que estava a olhar para ele. Não sei se voltou a faze-lo com outros. Comigo nunca mais. Às vezes as pessoas precisam que lhes imitemos os ridiculos para perceberem.
A tia C (again por aqui)

Filipa disse...

Se eu lá estivesse, acho que me tinha saltado a tampa, o barulho de um corta-unhas está para mim como o trincar lã ou aquele do giz no quadro, só de pensar ja me arrepia.
Mas eu já vi melhor, num restaurante, um dos clientes, O Sr. de bigode, roía e projectava a unhaca a grande velocidade, digno de modalidade olímpica, uma delas aterrou mesmo na nossa mesa!prontos, não era um restaurante, chamava-se Adega do carvalhinho e por 500$ na altura, havia sopa, prato, café e vinho martelado à descrição, o dinheiro era curto na universidade :)
Bjs

Anónimo disse...

E cocktail de unha pelos vistos.... Por 500 paus! Nada mau.
Tia C