quarta-feira, maio 12, 2010

O Papa. Sem compromisso.

Numa altura em que o país está parado para abrir caminho para o Papa, pouco mais se passa neste país...

Com tanta discussão sobre redução do défice, gostaria de saber quanto custa a viagem do sumo pontífice. Só a missa no terreiro do paço terá custado cerca de 200 mil euros. Mas o que não se contabiliza são os custos para o país da paragem dos funcionários públicos, autorizados a faltar por tolerância de ponto. Por falar nisso, o que fazer com os funcionários públicos de outras religiões? Será que podem também faltar esta semana? Ou será que poderão tirar um dia de tolerância quando o Richard Gere vier a Portugal? Ou o Dalai Lama???

Eu não sou católico, como tem sido provado em posts ao longo dos anos. Nunca iria ver o Papa, nem que desse autógrafos. Que me perdoem os católicos, mas este Ratzinger tem qualquer coisa de sinistro, tem um ar estranho, cínico, mafioso. Mas não critico quem vá lá vê-lo e sinta nisso uma paz e conforto difíceis de alcançar de outra forma. Talvez até inveje essa capacidade, principalmente nesta altura da minha vida. Mas não é isso que me fará gostar do homem, muito menos acreditar nas doutrinas eclesiásticas.

Mas nesta fase da vida da sociedade portuguesa, tinha piada que a visita do Papa se revelasse um reflexo do estado desta mesma sociedade. Ou seja, o Papa chegar ao fim da missa no Santuário de Fátima no mesmo estado em que a maioria dos peregrinos que lá vão, ou seja: sem carteira. E ao passear no papamovel por Lisboa, ali entre o Terreiro do Paço e a nunciatura, ser vítima de Carjacking, para descobrirem 2 dias depois que o Papamóvel já estaria em Angola, onde cidadãos insuspeitos ofereciam o dobro ou triplo por uma versão em vermelho berrante. Será que neste caso se chamaria Papajacking?

De qualquer forma, para prevenir qualquer acidente com o Papamovel, principalmente se o condutor for português, seria bom se o homem tivesse um seguro como o que me ofereceram ontem. Ligaram para casa, como habitualmente à hora de jantar, para tentarem impingir um seguro. Uma companhia que nunca tinha ouvido falar... Alix, Alisso, qualquer coisa assim. O diálogo foi qualquer coisa como o seguinte:
- Estou a falar com o senhor André Pinheiro?
- Sim...
- Estou a apresentar o novo seguro da Alico, que estamos a introduzir no mercado, sem compromisso. É um seguro de saúde inovador e que lhe dá grandes vantagens em internamentos hospitalares.
- Mas eu já tenho seguro de saúde, estou coberto pela Médis.
- Er... mas sabia que com o nosso seguro, se tiver um acidente de automóvel e ficar hospitalizado, por exemplo, 1 mês, pode ganhar entre 1500 a 2000€, pagos pela Alico?
- Hmm? Está a dizer-me que se eu assinar o vosso seguro, posso ir a seguir espetar-me contra um muro que ainda me pagam por isso??
- Er... pois... não, não é bem assim, temos cláusulas contra as tentativas de suicídio. E há outras condicionantes.
- Espero bem que sim, senão o país arrisca-se a ver aumentada a sinistralidade rodoviária com o vosso seguro!
- Não, pois, não é bem assim, claro que há regras. Mas se quiser, envio-lhe mais informação, tem 2 meses de cobertura gratuitos, e só se não quiser assinar o contrato é que, no final desses dois meses, deve contactar-nos para não avançar mais.
- Huh? Então estão a oferecer-me uma coisa, e se eu NÃO quiser é que tenho que ligar? Não devia ser ao contrário?
- Não, no nosso caso, apenas deve ligar se não quiser usufruir do serviço, para os seus dados (perguntou-me a idade para fazer uma alegada simulação), ficaria apenas por 12€/mês. Posso enviar-lhe a documentação, sem compromisso.
- Mas então estão a oferecer-me um serviço, dizem que é sem compromisso, e se eu não fizer nada ao fim de dois meses fico com o serviço? Então a aceitação agora neste telefonema é um compromisso!!!
- Não, só ao final de dois meses é que pode, se quiser, recusar, e nessa altura cancela-se tudo, sem compromisso.
- E continua a dizer que é sem compromisso? Então se eu tenho que ligar a dizer que NÃO!, caso contrário é formalizado automaticamente, é porque é um compromisso!
- Não, nessa altura basta um telefonema para não se avançar mais, sem perguntas, sem compromisso.

- Olhe... não estou interessado, sem compromisso.

E desliguei. Pareceu-me marosca. Sem compromisso. Gosto de ser descomprometido...

1 comentário:

Anónimo disse...

€ 32.000.000 só para as tolerâncias dos funcionários do estado...!!!
foi o que ouvi na TSF;
+ €2.000 / hora de cada caça;
+ €4.000 / hora pelo avião q foi buscar o papamóvel;
+ € ??? de todos os chulos que receberam para ir assistir à missa (pagos por mim, por ti, por todos! mas sem compromisso!!!!);
+ etc, etc...

papajacking..!!! :) :)

abraço,
Monteiro