quarta-feira, março 07, 2007

Croissants e Recordações

Hoje à tarde, por alguma combinação de odores (provavelmente mistura de aroma de fossa séptica, com alcatrão molhado pela chuva, com perfume de gabinete abafado), veio-me à cabeça o aroma de um croissant fresquinho.

Mas não um croissant qualquer, um dos feitos na Raínha da Foz, uma confeitaria ali perto do Mercado da Foz.

Pessoalmente, até acho que os da Docemar (na Av. Brasil) são melhores, mais saborosos, mas já há algum tempo que prefiro os da Raínha. Mas nunca soube porquê.

Hoje à tarde apercebi-me do que talvez possa ser a razão dessa preferência.

De repente lembrei-me que os croissants da Raínha são bastante parecidos com os que se faziam há 20 anos na Chaleira, um salão de chá ali no Foco.

E era para lá, para o Foco, que eu ia todas as tardes, para casa da minha avó, quando acabavam as aulas da primária. E todos os dias ela me preparava um lanche, que incluía sempre chá, acompanhado ora com torradas, pão fresco, ou croissants.

Como eram bons esses croissants. Preparados com todo o carinho e amor que uma avó dá a um neto.

Já na altura eu apreciava esses lanches.

Mas hoje é que sinto falta deles...

Sinto imensa falta desses lanches, dessas tardes passadas em casa dela, a ver o Barrio Sesamo na TVE, a ouvir as histórias que ela contava, das recordações que ela tinha, que burro fui eu por não as ter aproveitado melhor.

A minha avó paterna faleceu há 3 anos. A avó materna ainda está aí prás curvas, e adoro-a. Mas tenho imensas saudades da outra.

Paciência, hei de lhe dizer isso em pessoa qualquer dia.

E a vida continua.



PS: Nota-se que sou filho único mimalho, não? ;)

2 comentários:

Anónimo disse...

de uma ternura estonteante....

Bj.

Kikas

Anónimo disse...

Lembro-me bem da Chaleira.... quando estudava no Clara e qd nao havia aulas, lá iamos nós para a Chaleira ou pra casa da minha amiga Ana Isabel, que morava lá por cima (que nunca mais soube dela...)

A minha avó paterna não conheci... tenho uma vaga recordação de xaile que ela me fez, era mt pequenina...

A minha avó materna, morreu á 7 anos e era uma figura... ela não soube quanto a adorava.... tenho a certeza absoluta que se houver realmente "céu" como ela nos contava e fazia crer que havia, ela está lá, toda contente, bem ao ladinho de Jesus.
A minha avó Maria não sabia ler nem escrever, mas sabia tudo para agradar os netos e antes deles, os filhos, pois até fome passou, por eles.
A nós, fazia-nos toneladas de batatas fritas, deixava-nos brincar nos campos todo o dia, deixava-me lavar a roupa na "poça" e tomar banho no tanque do quintal. à noite tinhamos de rezar o terço com ela, no meio de risotas e fungadelas, misturado com o cheiro a lareira e a cera...
Ah.... e quando ela acabava de encerar o chão e nós faziamos corridas de escorregadelas de passadeiras a ver quem chegava mais longe? Lembraste prima? Lembraste mano?

E ela não acreditava que o homem já tinha ido á lua.... minha querida avó Maria... para si, era tudo céu e muita temencia a Deus...

Desculpem o desabafo... não resisti...