segunda-feira, agosto 10, 2009

Ao meu pai

Era suposto estar em Marbella... era suposto, mas não estou.

A meio da tarde, e porque apenas nessa altura peguei no carro para vir à cidade, do hotel rural onde estava, e onde nem havia rede de telemóvel, recebo a mensagem para ligar para casa. E isto para receber a notícia que nenhum filho alguma vez quer receber. O meu pai não acordou hoje...

Porque escrevo isto no próprio dia? Porque a viagem de 1000 km's que fiz em tempo record para a carripana que tenho deu tempo para pensar. Para desanuviar um pouco, digamos, o que ajudou a ganhar força quando finalmente encontrei a minha mãe. E ela vai precisar de muita. Mas também eu. E escrevo também para libertar alguma da tensão com que estou neste momento, e talvez por aí ganhar alguma forcinha. Na viagem de regresso, apetecia-me desfazer à pancada cada carro que me impedia de vir o mais rápido possível.

Perdi uma das pessoas que mais amo neste mundo. Felizmente ele sabia disso. Perdi um amigo que, com muito poucas palavras, descobria-me a careca toda. Nisso, acho que saio a ele. Mas também com muito poucas palavras me fazia saber que gosta de mim.

Não ficou nada por dizer, mas faltaram algumas coisas. Faltou-lhe brincar com os netos (se algum dia existirem)... faltou o abraço quando receber o diploma do MBA... faltou ir comigo ver o jogo do Penta ao Dragão... Faltou uma vida toda, era muito novo. Faltou tanta coisa...

Hoje fiquei orfão de pai. Mas acima no texto, escrevi "...que mais amo". Não usei o passado propositadamente. Porque ainda o amo, e sempre o amarei. E sei que ele irá continuar a viver aqui ao meu lado, só não fisicamente.

Amo-te, pai. Onde quer que estejas.

8 comentários:

Beyba disse...

Aguenta-te!

Anónimo disse...

um abraço forte amigo!

Frau Machado disse...

Meu querido,

Fica difícil dizer alguma coisa nesse momento tão triste. Gostaria apenas de poder estar aí para dar-te um abraço e dividir um pouco da dor que deves estar sentindo. O mais importante é sempre guardares na lembrança os bons momentos compartilhados e a certeza de que fostes um bom filho. E que o amor, esse sempre esteve presente e perpetuará.
Tenha força!!Sinta-se abraçado.
Rosane

Filipa disse...

Força!
Beijinho

Ritucha disse...

André,
Se é certo que a tua mãe vai precisar de muito apoio, também é certo que tu vais precisar de tanto como ela. A ligação que tinham ao teu pai era a mesma, embora diferente. Infelizmente também já passei por isso e posso testemunhar que não é nada fácil. No entanto, a vida continua e é na realização das pequenas coisas da vida que orgulhariam o teu pai que o estarás sempre a homenagear. Nunca deixarás de o amar nem nunca o esquecerás, e ele sabe disso. Passados 4 anos continuo a pensar nele (no meu pai) todos os dias e sonho muito, mas mesmo muito com ele. Tento assim pensar que é ele a visitar-me. Talvez seja... Tenho esperança de um dia me encontar com ele.
Até lá, faço o possível para não o deixar ficar mal, pois sei que ele está sempre a vigiar-me, onde quer que esteja.
Tenta fazer o mesmo. Pelo menos é uma forma de o manter para sempre vivo no coração e na mente.
Bjs

Ritucha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tio Zé disse...

André
Neste momento é dificil dizer o que quer que seja.
No entanto de Tio para sobrinho sempre te digo que além das vulgaridades de que podes sempre contar comigo para tudo, mas que julgo que ja sabias, o que te posso dizer como alguém que tem a idade do teu Pai é que ao longo da vida vais sentir que Ele anda por perto e que muitas vezes vais sentir uma força que te vai ajudar nas tuas realizações pessoais e profissionais.
Sabes, a relação que vocês os dois tinham era forte e as pessoas desaparecem fisicamente mas a união fica.
Um abraço do teu Tio zé.

Anónimo disse...

André,

Não há muito a dizer nestas alturas, espero que os momentos piores já tenham passado. Quando acontecem estas coisas dá-me sempre uma dor no peito, não só por saber que um amigo está a passar por isto, mas por um sentimento egocentrico de um dia me acontecer isso a mim. Simplesmente não imagino o que isso será.
Beijos grandes

Carla