quarta-feira, agosto 12, 2009

E de repente...

...tenho que crescer.

Os meus singelos 34 anitos e 190cm de altura enganam bem. Na realidade sou uma criança, um filho único muito mimado pelos pais. Um deles deixou de estar presente fisicamente, mas nunca deixará de estar ao meu lado. Sei disso, sinto-o cá dentro. E felizmente tenho uma família pequena, mas muito próxima e unida, e todos ajudam.

Mas este episódio leva a que, num repente, seja obrigado a crescer. Há que tratar das burocracias associadas a um falecimento, ainda para mais repentino. Há que procurar por papeladas que possam ajudar a transferir contas, seguros, cancelar cartões, o que fazer ao carro, etc. E numa família tão pequena, tenho que assumir alguns dos papéis que o meu fantástico pai fazia. Não será fácil, ainda me dói fundo quando penso nele. Mas sei que a cada dia a dor será um pouco menor.

Enfim, se alguém que já tenha passado por isto tiver algum conselho para tratar das papeladas, agradeço.

Mas na verdadeira mente MBA, não deixo de pensar que poderá haver aqui uma ideia de negócio mal explorada: uma empresa que se associe às agências funerárias, no sentido de uniformizar processos de actualização burocrática, fiscal e económica. E civil, há que mudar bilhete de identidade, número de contribuinte... Se há empresas que tratam de juntar dívidas e uniformizar processos, porque não fazê-lo aos que ficam dos que partem???

Resumindo, há que levantar a cabeça, e de preferência com um sorriso, seria isso que o meu pai queria. A vida não pára.

PS: Se eu fosse hindu, estaria lixado, o primeiro animal que interagiu comigo após o falecimento do meu pai (e que poderia ser a sua reincarnação) foi um mosquito, à noite, no quarto. Não durou muito, a sua existência. Ainda bem que sou ateu...

5 comentários:

Ritucha disse...

Isso da papelada é um novelo: basta puxar que vem tudo atrás, ou seja, começa por uma ponta, vai desenrolando e quando deres por ela, está tudo tratado! MAs é chatito, lá isso é!
Bjs

Beyba disse...

Sim a Ritucha tem razão, é um fio! Tem vantagens: não te perdes é só ires dando laçadas, mas também tem desvatagens... nunca mais acaba!
Quase todos te podemos dar dicas, pois como sabes quer a Ritucha, quer a Cat, quer o Nunovski já passaram por uma situação semelhante...
E quanto ao crescimento repentino: tu és inteligente o suficiente para manteres a família de pé ... quanto a ti podes sempre recorrer a nós - os teus amigos... e como diria o outro "estamos aqui para o bem e para o mal"!!!
Bjs

Anónimo disse...

Kiddo
Vi agora, meio por acaso, o teu blog. Nem sabia.
Claro que me saltou aos olhos o Ao meu pai. Claro que chorei e que ainda agora assimcontinuo depois de ler e voltar a ler.
Chorar é bom- ainda que seja pela tristeza que vou sentindo neste percurso de assimilação. A assimilação é coisa estranha e complicada: ou porque numas alturas não pareça tão duro ou porque noutras parece (e é) demasiado pesado. Ponho-me a pensar que é uma injustiça. Que agora era tão feliz. Depois lembro-me dos amigos do golfe a contarem-me aquelas coisas todas dele, que eu nem sabia. A forcinha que parecia lhes dava. Depois a estranheza de sentir que ainda está tão presente. A televisão nova chegou e ele já não estava.
Sabes, em determinadas alturas durante a missa de corpo presente (seja lá o que eles quiserem dizer com isso), achei que se ia dar um milagre (daqueles que de certeza me iam fazer acreditar), que ele ia ressuscitar. Comecei a pensar que havia casos desses. Então porque não ele? Porque não nós (tu e eu)? Talvez fosse o ar descansado e feliz que tinha. Talvez fosse puramente a minha vontade que me dessem um milagre para eu acreditar.
Seja qual for a razão, e porque me deu para te encontrar no blog e saber também mais de ti, e acredito mais de mim, e ainda porque me ajudou a atirar para aqui as primeiras palavras (que provavelmente irei usar e abusar para escrever mais), acho que quando dizes: amo-te pai onde quer que estejas, podes ter uma certeza: ele está aqui.
O nosso anjo da guarda não descansa em serviço.
Beijos - Carminho

Andrew disse...

Eu também estava com a esperança que ele se levantasse, principalmente quando o maldito padre (que me perdoem os crentes) dava a entender que o JC ia entrar por ali dentro e com um toque, dizer-lhe "levanta-te e anda". E também me pareceu vê-lo respirar N vezes no velório.

Não critico quem acredite, há que ter fé em alguma coisa, mas é por estas e por outras que eu não caio nestas tretas. Se Deus existe, então porque raios leva desta terra aqueles que fazem dela um lugar melhor???

Anónimo disse...

Pois essa do respirar tambem me pareceu.Foi apenas a nossa vontade. Sim quanto ao padre, poderiam(deveriam) ter escolhido outro.Para aquele dia e todos os outros dias.A cara não dava para inspirar em nada. Parecia que estava chateado com meio mundo. Eu com todas as minhas duvidas, tenho de longe uma cara bem mais serena e relaxada.
Beijo
Tia C (como diz a outra)