domingo, agosto 23, 2009

Pouca paciência para a negligência

Não gosto de hospitais. Nunca gostei. Ambiente triste, velho, decadente.

Aliás, hoje em dia tenho a sensação que é mais fácil sairmos de um hospital pior do que quando entramos.

Esta opinião deve-se à crescente descrença na classe médica. Parece-me cada vez mais difícil encontrar bons médicos. A maioria que vejo preocupa-se em procurar a solução mais fácil, para que a consulta seja o mais rápido possível, e atender o próximo, para assim rentabilizar melhor o dia (ou seja, ganhar mais).

Estarei a ser exagerado?

A minha priminha mais nova anda com problemas já há vários meses. Dói-lhe a garganta, tem os gânglios inchados, ao qual o pediatra indicou que se trataria de papeira, algo que hoje em dia já vai sendo raro. Não fez caso aos apelos da mãe de que a miúda estava magra e com olheiras pouco habituais. Após os sintomas terem de facto melhorado após tratamento com antibióticos, regressaram passado algum tempo.

"Ah, é uma 2ª papeira".

Decidiu-se pedir opinião a outro pediatra, que pediu para se fazerem análises.

Hoje, a minha priminha linda de apenas 4 anos, foi internada no IPO, com suspeita forte de se tratar de uma leucemia.

A esperança reside no facto de ainda estar numa fase relativamente precoce, e as probabilidades de tratamento com sucesso serem boas. Mas não são de 100%, e só o nome "Leucemia" já é suficiente para fazer tremer as pernas. E na realidade só saberemos ao certo após mais alguns exames, a realizar durante a semana.

"Ah, mas nem sempre é fácil diagnosticar este tipo de coisas", dirão alguns.

E se acrescentar a informação de que apenas agora, ao realizar um TAC, se percebeu que a piratinha só tem 1 rim??? Ao fim de 4 anos, só agora reparam nesse "pequeno" pormenor que pode complicar a eficácia dos tratamentos?

Não é o 1º nem o 2º caso que vejo de médicos que procuram a solução mais fácil, é "chapa-5". Claro que qualquer reclamação seria inglória, é uma classe que se protege imenso (é como aquela outra classe que se protege mutuamente... os homens!).

Não é a melhor altura para isto acontecer, chego a pensar se alguém com inveja de ver uma família tão unida e amiga nos tenha lançado um mau-olhado. Não acredito em rezas, mas hoje pedi ao meu pai para, do lado dele, tentar fazer o que seja possível para ajudar a sua sobrinha. E sei que ele vai tentar fazer o que puder.

PS: A descrença é com os médicos, mas não só. Os polícias vão pelo mesmo caminho. Mas isso fica para outro texto...

8 comentários:

Unknown disse...

Tu e toda a familia da tua prima (que afinal também considero como minha) podem contar comigo para qualquer coisa.

Rezei e continuo a rezar (à minha maneira...) por ela e para que os teus tios tenham toda a força nesta situação.

Um beijo grande
PI

Beyba disse...

Sabes, às vezes penso que a velha máxima "um mal nunca vem só!" é mesmo verdade.
Sabes, quando a vida está a correr bem, e de repente me aparece uma coisa "diferente", penso... "ok! o que é que vem a seguir?!". E não é que vem mesmo!!!

A vida põe-nos à prova a todo momento, mas há momentos muito difíceis... alguns parecem mesmo impossíveis de ultrapassar... mas no fim, tudo se resolve!
Quanto à pequenina, vais ver a quantidade de anjos que a vão proteger e daqui a algum tempo ela vai dar um pontapé na leucemia.
As melhoras para a pequenina e um abraço muito grande para toda a família.
Para ti, um beijinho.

Anónimo disse...

Pois ca estamos cheios de força.Abananados com este mês de Agosto mas cheios de força.

A tia C. (Como simpaticamente me chama a minha sobrinhita).

Anónimo disse...

Fofinho, n sei se lembras quando me despedi aqui de ti dizendo k n voltaria mais; no dia anterior tinham-me dito k tinha leucemia, abanou tudo mas cá estou, por isso querido n é dizer k enquanto há vida há esperança, n, a doença combate-se e essa pequenita tal como eu e muitos mais vai sair dessa, é só acreditares c muita força e muito amor.
Beijinhos querido
Brancadeneve

Anónimo disse...

De vez em quando passo pelo teu blog e gosto do que leio. É normal concordar com os pontos de vista que aqui apresentas e mais uma vez não posso deixar de concordar contigo. É lamentável a negligência por parte dos médicos na realização do diagnóstico da tua priminha.
Sem dúvida de que se trata de uma classe que sabe proteger-se muito bem. Neste país desconheço casos de médicos que estejam a cumprir pena por negligência. Nos países anglo-saxónicos existem efectivamente penas (e duras)em caso de prova de negligência médica.
Resta-me dar-te uma palavra de ânimo para este período mais complicado que estás a atravessar neste momento.Também sou filha única e muito mimada pelos papás, apesar dos meus 32 anos. Tremo de pensar que um dia poderei perder algum deles. Sei que é a lei da vida, mas custa muito aceitar. E nunca estamos preparados para um momento desses. Mas sem dúvida que as pessoas que mais amamos estarão sempre connosco, ainda que não fisicamente.

Um beijinho e muita força,

Sofia

Andrew disse...

Que me desculpem os membros da família (mesmo a família "adoptada"), mas tenho que deixar aqui uma palavra de agradecimento aos dois últimos comentários.
Um muito especial à branquela. Claro que me lembro do teu último comentário! Ainda tentei procurar-te por tudo quanto era canto, mas nunca te encontrei. É pena que tenha sido por esse motivo, mas é muito bom ver que estás recuperada. Espero que continues por aí, obrigado pelo testemunho. Até gostava de conversar um pouco contigo, a tua experiência pode ser muito valiosa para os que passam por isso agora.

E à Sofia, pela coragem de teres deixado um testemunho a um desconhecido, muito obrigado. É duro, e se dizem que o tempo cura tudo, eu prefiro dizer que atenua, porque nunca vai curar. Mas a vida continua. Espero sinceramente que esses dias inevitáveis ainda estejam muito longe no teu caso!

Beijoca às duas!!!

Anónimo disse...

Estás mais que desculpado. Aliás ainda bem que por aqui passam pessoas tão interessantes. Eu tambem gosto de ler e sentir o que dizem.
Beijos Tia C e Lusa

M.Maria M. Coutinho disse...

Pouca paciência!!! Saúde para sua priminha.