sexta-feira, julho 06, 2007

As asas do Manolito

Ontem fiz a viagem de regresso de Frankfurt.

Viagem normal, atraso habitual, desculpas do comandante, blá, blá, blá.

Embora tivesse vindo com dois colegas, devido ao nosso próprio atraso ao chegar ao aeroporto, tivémos que ficar separados. Vai daí, escolhi um lugar perto da frente.

Quando lá chego, reparo (pelos livros que ambos tinham no colo) que de cada lado, iria ter um espanhol. ¡Andale!

O do lado direito, não abriu o bico a viagem toda. Nem parecia espanhol. Deve ter fumado uma ganza antes, sei lá.

Já o da esquerda, esse sim, foi o verdadeiro espanhol. Estilo Manolito, da BD da Mafalda. Mas era mesmo parecido.

No arranque do avião para a descolagem, benzeu-se 3 vezes, com uma velocidade como nunca vi. Tanta destreza manual deve ser certamente, aplicada em alguma coisa de bem para a humanidade em geral.

Pouco depois, e após ter lido algumas páginas do seu livrito, caiu num sono não muito profundo.

E heis que chega a hospedeira com a comidinha fantástica (e por acaso não estava má). Quando me entrega a bandeja, o Manolito acorda em sobressalto, incluindo o som característico de quem acorda de repente, algo do género “uuuããããã?!?”. E imediatamente coloca o braço direito em riste, com o dedo indicador espetado no ar.

A hospedeira repara o facto (até porque era difícil não reparar), e entrega-lhe uma bandeja.

O homem recebe-a, coloca-a no suporte, e volta a empunhar o braço, como se o dedo indicador fosse a tocha olímpica.

A hospedeira diz-lhe “as bebidas vêm já, ok?”.

Ao que ele responde “no, no”. E mantém-se na posição, como quem pede um donuts.

E heis que a mulher percebe que o que ele queria era acender a luz, que estava por cima de mim. Tal como o Manolito da Mafalda, o homem era baixinho, e não chegava ao interruptor que estava em cima de mim...

A comida estava, como habitualmente, quentíssima. Queimava os dedos ao tentar abrir o pacotinho. Mas lá consegui abrir o dito-cujo, ao que o Manolito questiona...

“¿Como lo has conseguido abrir?”
Resposta inteligentíssima: “Con mucho cuidado…”

1 comentário:

Anónimo disse...

Deveras inteligentíssima, a resposta!
Eheheh...!