quinta-feira, maio 03, 2007

Ah granda Bonifácio!

Transcrição integral de um mail enviado ao Público pelo meu pai, esta semana:

"Exmo. Senhor,

Sou, de há muitos anos, leitor diário do Público mas hoje, pela primeira vez, sinto-me na necessidade de manifestar a minha admiração por uma parte da entrevista efectuada pelo Sr. João Bonifácio ao Camané publicada na ípsilon de 2007/04/27.
A dada altura (pág.6-coluna 2), e sobre a canção “Ne me quitte pas”, por acaso ou talvez não apresentada como “Ne me quites pas” (Deve ser françoguês - Oh pá, tu não me quites), o Sr. Bonifácio questiona o Camané com a seguinte questão:
· É das canções de amor mais desesperadas que já alguém escreveu: “Deixa-me ser (...) o ombro do teu cão”...
Será que li mal? Será erro tipográfico? Mas aí o Camané responde:
· Ele queria ser o ombro do cão dela...
Ah grande cão! Ou cães! Para que conste, a letra escrita por esse enorme poeta e cantor Jacques Brel, fala em “...ser a sombra da tua sombra, a sombra da tua mão, a sombra do teu cão” o que, segundo a tradução do Sr. Bonifácio, seria merecedora de um quadro do Picasso, “ ...o ombro do teu ombro, o ombro da tua mão, o ombro do teu cão”.
Coisa mais poética não pode haver! Que mulher poderia resistir a uma declaração destas! E os leitores do Público? Será que podem resistir a tanto pseudo intelectual?Tirem-nos debaixo do ombro e ponham-nos ... à sombra."

Mas alto! Heis que respondem!

"obrigado pela sua indignação. Envio-lhe aqui um mail do autor do texto que faz questão de lhe responder. Obrigado, Vasco Câmara


Os leitores não têm obrigação alguma de conhecer o processo de realização de uma entrevista, mas neste caso é possível que seja benéfico elucidá-los, mesmo que isso não desculpe tão crasso erro: ao desgravar a entrevista, a palavra "sombra" ficou como "ombro", e apesar de sucessivas revisões, o erro foi mantido. Instalou-se uma espécie de diálogo surrealista que não foi posto em causa - em nenhum momento tomei aquela expressão como estranha, antes como uma imagem curiosa. Isto apesar de conhecer a canção há anos.
Que isto não seja tomado como desculpa, apenas como elucidação, por mais ridícula que possa parecer

Aos leitores do PÚBLICO (e ao próprio Camané) as minhas desculpas."

2 comentários:

Anónimo disse...

O problema do senhor do público é que não é mulher, senão sabia ao maquilhar-se todos os dias que " ombres (á paupiéres)" é sombra dos olhos, que é coisa que o tal senhor não deve usar muito, os olhos evidentemente!
Quanto ao "ombro" não deixa de se aplicar ás canções do belga Brel, é um conforto de ombro, para chorar ou para adormecer com um sorriso, consoante seja dor ou timido sentimento.

Anónimo disse...

"Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chooooora...!" - ups!! Será que durante tantos anos toda a gente esteve enganada e afinal é "encosta a tua cabecinha na minha sombra e chooooora...!"?!?!?
Ò diacho...!

Mas o quadro "Épaulica" (épaule, ombro em franciú!) seria digno de "ombrear" com o "Guernica"..!

Convida o paizinho a escrever no teu blog!! eheh...

Até mais...
:-)