quarta-feira, janeiro 24, 2007

Formação a agentes cívicos

Ainda sobre a formação a agentes da autoridade, e pegando no comment de que não seria só a esses (os taxistas, meu deus, os taxistas...), deixo aqui um episódio a que assisti.

Em 1998 fiz uma viagem de combóio até ao norte da Suécia, para realizar um curso de 2 semanas, aproveitando as vantagens do Interrail.

Escusado será dizer que as diferenças entre o combóio ibérico que ia do Porto a França e os combóios a partir desse ponto, no resto da viagem, eram abissais. Mais do que abismais, eram abissais mesmo.

Mas logo ao sair do Porto, fiquei com o meu companheiro de viagem numa cabine, na qual entrou também uma rapariga francesa. Ela falava inglês, o que deveria ser garante de se desenvencilhar em qualquer país da europa ocidental.

Mas heis que chega o revisor, o "pica":

Pica: "- Ora munto boa tarde, os bilhetes faxavori"
(eu e o meu colega apresentamos os títulos do Interrail, junto com os bilhetes que tínhamos já comprado)
Rapariga: "- Hello, I would like to buy a ticket here, I was told it is possible".
P: "HÃÃ?"
R: "I would like to buy a ticket, please"
P: "Não menina, o bilhete, sem bilhete não vai a lado nenhum"
R: "I don't understand, they told me at the station that I could buy a ticket"
P: "O BILHETE, tá a ber? O BILHEEETE"
(note-se que o pica, tal como muito boa gente, acha que se falar português aos berros, mas devagarinho como se fosse deficiente, é compreendida por qualquer estrangeiro)

R: "I'm sorry, but I don't understand"
P: "O BBIIIIIILLLHHHEEEEEEETTTTEEEEE!"
R: "The ticket? I want to buy it!"

(olha, se calhar a técnica funciona!)

P: "Ai, tou a ber que me bou chatear..."

Aí eu e o meu colega intervimos e explicamos ao homem o que a rapariga tentava dizer, em 30 segundos ele vendeu-lhe o raio do bilhete e seguimos viagem...

PS: Porque não intervimos antes? ... e parar de rir por dentro, acham que é fácil???

1 comentário:

Anónimo disse...

Há momentos assim.... em que esquecemos o mundo e paramos a olhar, o que nos parece parecer impossível...

Depois voltamos a "ele" perguntamos onde estamos, ou onde estivemos naqueles minutos que passaram, como se tivesse sido uma outra dimensão (a 5ª)...

Por vezes rimos, damos gargalhadas soltas ou sussurramos em tom de "quase explosão" (se me fazes falar mais alto), sem podermos partilhar as zaragatas com o mundo.

Mas são estes episódios que vão dando cor, por mais desenquadrados que sejam, ou que tenham sido em alguns momentos, exactamente aqueles em que não contávamos com eles e nos pareciam impossíveis de acontecer, e aconteceram.

Sempre servem para contar histórias, ou intercalar anedotas num dia de festa, e daquelas "isto aconteceu mesmo", em que há sempre alguém que não acredita, por parecer tão impossível, ou por não ter tido a sorte de saborear um momento tão atípico, ou pq simplesmente anda na vida tão distraído com ela, que se esquece de a ver passar.

Só fico a pensar como se teria desenrrascado o Sr.Pica se não tivesse tido tradutores!
lol
"TIQUEEEETTTTTE" e siga "Biage"