25 de Abril Sempre! - Haja Alegria 2

Pelos vistos, o cancelamento foi devido a uma greve. A SAS é operada por pessoal de 3 países escandinavos, Dinamarca, Suécia e Noruega. E a greve foi realizada pelo pessoal dinamarquês. Isso afectou uma data de vôos realizados pela SAS, tive a imensa sorte de estar num deles.

Lá se foi o vôo de ligação para o Porto. Lá vou eu ter que passar a noite nesta terra.

Ao fim de 2 horas e meia de fila, lá me arranjaram um vôo no dia seguinte. E arranjaram um hotel e taxi para o hotel e no dia seguinte para o aeroporto. Mas para o hotel ainda tive que estar mais meia hora noutra fila...

Quando saí, eram quase 10 horas, e o computador continuava à procura de alguma forma de me levar para o Porto...

O taxista era curioso. O homem chama-se Muhammed Hasan, e fugiu do Iraque durante a 1ª Guerra do Golfo, em 1991. Andou a saltar pela Europa até ter assentado arraiais em Gotemburgo em 92. Diz ele que o sueco é fácil de aprender, principalmente para quem fala inglês. Curioso é que ele fala pouquíssimo inglês...

E hoje é taxista... claro que isto significa que, quando lhe disse qual era o hotel, o tipo teve que ligar não só para a Central de Taxis como para dois amigos, a perguntar como se ia para lá.

Bom, mas chegou. E o hotel não é o Sheraton, mas não está nada mau. A zona parece bonita, tenho pena de não poder visitar, já que amanhã tenho que me levantar às 5:45 para sair às 6:30 da madrugada...

A essa hora, lá estava o meu amigo Muhammed, estoicamente à espera. Por momentos pensei que tivesse dormido lá, à espera que eu pagasse a viagem do dia anterior. Mas não, já tinha começado um novo dia de trabalho. Pergunto-lhe se trabalha 24h por dia, diz que não, trabalha em média 12 ou 13 horas. Diz que se trabalhasse apenas 8h, não lhe chegava para ganhar algo de jeito, já que paga 57% de impostos. 57%!!! Ainda assim, não desgosta de viver na Suécia. Diz que é mais frio do que no Iraque, mas já se habituou. Tanto que no verão passado foi à terra natal, e entre a confusão criada pelos americanos e as máfias internas que surgiram depois da pseudo-libertação, diz que já era calor a mais e já não pensa em voltar definitivamente. Até porque se não forem os americanos a matarem iraquianos, são os próprios iraquianos que se matam uns aos outros (Muhammed dixit...).

Estou agora a aguardar que comece o embarque para o vôo para Estocolmo. Como houve alguns receios pela greve, ontem asseguraram-nos de que o vôo seria composto por tripulação exclusivamente sueca, e não por esses “malditos dinamarqueses”...

Haja alegria...